Em nossos próximos encontros semanais vamos trazer mesmo que de forma bastante resumida, um apanhado sobre o recente documento emitido pelo Vaticano o qual trata da dignidade humana, o mesmo foi lançado no último dia dois de abril e certamente com ele virão muitos debates, elogios e também críticas, isso como em qualquer outro setor ou até mesmo de qualquer outra instituição que façamos parte.
Em nossos próximos encontros semanais vamos trazer mesmo que de forma bastante resumida, um apanhado sobre o recente documento emitido pelo Vaticano o qual trata da dignidade humana, o mesmo foi lançado no último dia dois de abril e certamente com ele virão muitos debates, elogios e também críticas, isso como em qualquer outro setor ou até mesmo de qualquer outra instituição que façamos parte. É um texto que levou cinco anos para ficar pronto e ser então publicado e se detém no momento atual, turbulento, incerto e até mesmo conflitivo, o elenco das situações abordadas ali, certamente remete cada um de nós para outras tantas realidades particulares; o pano de fundo desse documento é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, de lá para cá, mesmo com tantos avanços sentimos que a dignidade humana é atacada.
Ainda na esteira do final do parágrafo anterior precisamos ser coerentes com o tempo e com a história, isto é, mesmo que a dignidade humana tenha sido defendida em todas as épocas, não significa que após 1948 ela tenha sido de fato implementada, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, é na verdade um ideal ainda a ser conquistado por todos nós, nunca esteve pronta e muito menos agora; tal Declaração já passou por todos os tipos de situação e agora, o documento vaticanista dá um passo a mais, ou seja, ele coloca também juntamente com a dignidade humana, a dignidade extra humana, sem a qual nenhum de nós consegue levar a bom termo a missão a que nos foi confiada, isso mais uma vez nos leva àquilo que o Papa Francisco tem reiterado diversas vezes, que tudo está ligado a absolutamente tudo e que uma falha nesse sistema, todo o restante sofrerá.
O mundo atual, não precisamos ser experts nele, está recheado de contradições, sejam elas locais, estaduais ou até mesmo planetárias, o que acontece num determinado ponto do globo, pode vir a nos atingir em questões de minutos, quase sempre sabemos como ela começa, mas nenhum de nós sabe como vai terminar, nem mesmo os mais eufóricos futuristas conseguem dar uma resposta; ser global hoje não é sinônimo de uma vida fácil, de se ter tudo o que se deseja, de usufruir os bens como bem pretendemos, a civilização moderna tem aprendido que hoje, tudo tem um preço e que absolutamente nada tem o seu devido valor; justamente aí é que podemos identificar o quanto uma pessoa ou coisa tem a sua dignidade, hoje mais do que em qualquer outro período, tudo se tornou mercadoria, sujeita a leis muitas vezes desumanas e cruéis, fazemos parte disso também.
Cada um de nós possui dignidade, isso deveria ser uma máxima constante em nossa existência, deveria ser a nossa segunda pele, não deveríamos passar nossa vida quase sempre a ter que provar para terceiros que temos dignidade, que merecemos respeito por aquilo que somos e temos, o simples fato de uma pessoa vir ao mundo já é algo digno, dignidade humana é também termos um trabalho, termos condições de vida que nos permitam realizar nossas mais simples aspirações, ter dignidade humana é não ser violentado sob múltiplas formas como ocorre hoje em muitos lugares, ter dignidade humana é ter bens e serviços disponíveis para qualquer um, independente da classe social, religião ou até mesmo, preferências políticas ou sexuais e o caos contemporâneo onde estamos mergulhados, não tem visto ou abordado com clareza a sempre atual dignidade humana.
Bioeticamente, o tema dignidade humana nunca perdeu a sua atualidade, assim como nunca perdeu a sua validade, é algo muito antigo, desde que o mundo é mundo e extremamente novo, haja vista a sociedade ter deixado esse tema de lado por muito tempo e agora estar carregando um fardo por demais pesado, muitos de modo afoito e sem convicções claras querem nos empurrar um tipo de dignidade que não condiz com o momento atual, muitos por viverem demasiadamente tempo demais em ilusões perniciosas querem agora dificultar o acesso de muitas pessoas a uma dignidade plena, criam todo tipo de empecilhos para que tais pessoas não cheguem ao lugar que merecem. O tempo mostrou muito claramente o que é descartar as pessoas, abandonar os mais fracos, destruir povos e nações, arrasar o meio ambiente, ou seja, cá estamos sim todos no mesmo barco.
Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: [email protected] e [email protected]