PolĂ­tica Liberdade de expressão

Arquivos divulgados por políticos dos EUA revelam crimes de extremistas brasileiros

Por ICL Notícias

18/04/2024 às 08:03:31 - Atualizado hĂĄ

Um relatório de 541 pĂĄginas, publicado pelo ComitĂȘ de Assuntos JudiciĂĄrios da Câmara dos Estados Unidos sobre supostos "ataques à liberdade de expressão" no Brasil, revela crimes praticados pela milĂ­cia digital bolsonarista e extremistas como o blogueiro Allan dos Santos — foragido hĂĄ quase trĂȘs anos da Justiça brasileira e que se mudou para os Estados Unidos para não ser preso.

São documentos que a rede social de Elon Musk enviou ao Congresso norte-americano depois do jogo combinado com o congressista Jim Jordan, um dos principais apoiadores de Donald Trump — herói dos bolsonaristas.

A Justiça brasileira havia pedido o bloqueio de contas no Twitter (atualmente X) em redes sociais da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB), uma entidade que alimentou os polĂ­ticos de extrema-direita Gustavo Gayer, Bia Kicis e André Fernandes com a mais famosa fake news espalhada no calor do 8 de janeiro.

Eles divulgaram a farsa da senhora que teria morrido nas dependĂȘncias da PolĂ­cia Federal (PF) depois das prisões daquele dia. Nas redes, uma foto de um casting de agĂȘncia de publicidade foi usada para dar veracidade à história e "comprovar" a "tortura" que os apreendidos recebiam da PF.

Para dar credibilidade à história, eles usaram a silga da entidade chamada Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB) como se fosse a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Tudo isso estĂĄ no relatório publicado esta noite por esse comitĂȘ da Câmara dos EUA

Diz o relatório enviado ao Congresso dos Estados Unidos que o telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi vazado na internet, quando passou a receber "diversas ligações de cunho ofensivo e amaças", no contexto dos ataques à democracia e da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023.

Allan dos Santos foi pego telefonando diversas vezes para o telefone de Alexandre de Moraes com "palavras de agressivas e de ordem", "colocando em risco a segurança pessoal do ministro e de sua famĂ­lia". O vĂ­deo, que havia sido divulgado pelo próprio bolsonarista em suas redes, não estĂĄ mais no ar.

Segundo Estela Aranha, advogada brasilera e ativista de direitos digitais que trabalha para a Organização das Nações Unidas como membro do Alto Comissionado da ONU sobre InteligĂȘncia Artificial, a divulgação do relatório por polĂ­ticos americanos, com decisões da Justiça brasileira de teor sigiloso, trata-se de um "suposto escândalo".

"Nosso Congresso é soberano para editar nosso próprio regramento eleitoral. O Brasil quer escolhe as condutas que quer tipificar de crime eleitoral soberanamente. Gringo querendo colonizar nosso paĂ­s achando que temos que seguir a legislação dele e não ter a nossa. InacreditĂĄvel. Mais vergonhoso vir de um parlamentar na qualidade de presidente de uma Comissão no Congresso. Afronta a nossa soberania", escreveu Aranha em seu perfil no X.

"O Canal de denĂșncias do Ministério da Justiça recebeu mais de 100 mil denĂșncias (sobre o 8 de janeiro de 2023) que foram organizadas e encaminhadas para as autoridades competentes. O ministério abriu um canal de denĂșncias em que foram denunciados dezenas de grupos no Telegram com objetivo de promover ações (como a invasão dos palĂĄcios) visando golpe de estado. As denĂșncias foram encaminhadas para as autoridades competentes", disse Aranha.

As informações desse "suposto escândalo" trazidas pelo relatório não divulgam fatos novos para a Justiça, apenas revelam informações que jĂĄ estão sendo usadas contra os investigados e alimentam as redes sociais bolsonaristas com a ideia falaciosa de que Moraes e o STF praticaram censura.


Por Leandro Demori


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