Política

Campos Neto pede boa vontade de investidores com o governo e defende priorizar gastos para 'casar' solidez fiscal com social

Por G1

14/02/2023 às 11:34:14 - Atualizado há
G1
Presidente do Banco Central avaliou que investidor é apressado, afoito, tem de ter um pouco mais de boa vontade com o governo. Segundo ele, Haddad apresentou um plano fiscal com disciplina e está elaborando uma nova regra para as contas públicas. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta terça-feira (14) que é preciso ter "um pouco mais de boa vontade" com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em evento promovido pelo BTG Pactual, ele citou o pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além da intenção de divulgar uma nova regra para as contas públicas nos próximos meses - em substituição ao teto de gastos (que limita as despesas à inflação do ano anterior).

"O investidor é muito apressado, é muito afoito. A gente precisa ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Acho que tem tido uma boa vontade enorme do ministro Haddad, de falar: olha, temos aqui um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina, tem um arcabouço que está sendo trabalhado. Já foram elaborados alguns objetivos. A gente precisa ter uma pouco de boa vontade", declarou. Campos Neto.

Nesta segunda-feira (13), Campos Neto já tinha afirmado que a instituição "não gosta de juros altos", negou atuação política à frente do BC e afirmou ser contra alterar meta da inflação.

Segundo o blog da jornalista Ana Flor, da GloboNews, sinais enviados de parte a parte indicam um movimento de reaproximação e uma "bandeira branca" estendida entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já a jornalista Míriam Leitão avaliou que Campos Neto "usou tom conciliador" na entrevista concedida na segunda-feira, quando negou atuação política à frente do Banco Central.

Piora na percepção do mercado

Campos Neto observou que houve uma piora de expectativa no mercado em relação ao final do ano passado, quando as instituições financeiras previam início do corte de juros em junho deste ano.

Ele avaliou que um prêmio de risco foi incorporado à curva de juros no mercado futuro por conta das últimas tensões, ou seja, o mercado financeiro passou a prever que os juros fiquem altos por mais tempo.

Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos.

Após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do BC, citando uma possível mudança na meta de inflação, o mercado financeiro passou a prever que início da queda do juro básico será somente no final do mês de outubro de 2023.

Responsabilidade fiscal com gastos sociais

Nesta terça-feira, o presidente do BC também afirmou que é possível aumentar os gastos sociais e ter, ao mesmo tempo, responsabilidade com as contas públicas. "Tem de ter uma priorização de gastos, uma avaliação dos programas existentes", disse Campos Neto.

Nesta segunda-feira (12), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, fez avaliação semelhante. Ela declarou que o déficit atualmente previsto para as contas públicas em 2023, de R$ 231 bilhões, é "insustentável" e que, diante disso, o país precisa reavaliar políticas públicas e evitar gastos desnecessários.

Desde a transição, com o aumento de gastos por meio da PEC para recompor o orçamento, o governo eleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cobrado pelo mercado financeiro sobre medidas para evitar o aumento da dívida pública.

A dívida bruta do setor público brasileiro, que chegou a 87,6% do PIB em 2020 durante a pandemia, recuou para 73,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro do ano passado. O endividamento brasileiro ainda está mais alto que a média dos países emergentes (72% do PIB).

A equipe econômica indicou que buscará estabilizar o endividamento nos próximos anos. E que buscará reformar a economia para conseguir o grau de investimento, um "selo de bom pagador" — o que teria efeito benéfico sobre a taxa de juros do mercado.
Fonte: G1
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