Geral Oriente Médio

Taleban invade casas de ativistas dos direitos das mulheres e faz prisões

Por Da Redação

21/01/2022 às 17:19:00 - Atualizado há

Talibãs armados invadiram residências, agrediram e prenderam ativistas de direitos das mulheres em Cabul nesta quarta-feira (19). A ação foi uma represália a manifestações de gênero que vêm ocorrendo no país. As informações são do jornal britânico The Guardian.

Entre as manifestantes detidas por insurgentes que alegavam ser da inteligência da organização islâmica estavam Tamana Zaryabi Paryani e Parawana Ibrahimkhel. Ambas participaram de manifestações na capital afegã nos últimos meses.

Vídeos de Paryani e suas irmãs sendo levadas pelos jihadistas foram publicadas nas redes sociais. As imagens mostram a mulher gritando por socorro, dizendo que os homens estavam batendo em sua porta. “Socorro, por favor, o Taleban veio para a nossa casa. Só minhas irmãs estão em casa”.

Regime extremista tem sido particularmente linha-dura com as mulheres (Foto: TOLO News/Captura de tela)

A polícia do Taleban, por meio do seu porta-voz no Twitter, Mobin Khan, minimizou o episódio e disse que o vídeo se trata de um “drama fabricado”. Já uma autoridade da inteligência talibã, Khalid Hamraz, não confirmou nem negou a prisão.

Hamraz também comentou o ato em conta no Twitter. Mencionando o protesto de domingo (16), quando os manifestantes simbolicamente atearam fogo em hijab branco – o véu que faz parte do conjunto de vestimentas recomendado pela doutrina islâmica -, ele disse que “insultar os valores religiosos e nacionais do povo afegão não será mais tolerado”.

O caso registrado na quarta não é isolado. Outras invasões foram registradas em casas de manifestantes em Cabul. Em uma delas, uma manifestante declarou à reportagem que foi agredida. Segundo ela, os talibãs foram até a sua casa e a “espancaram severamente”. A mulher agora está desaparecida.

As manifestações no Afeganistão vêm na esteira das medidas anunciadas pelos extremistas em dezembro, que proíbem as mulheres de viajarem longas distâncias sem que estejam acompanhadas por um homem da família. A determinação, que veio junto de um pacote linha-dura de novas regras do regime extremista, é o mais recente episódio da opressão imposta pelo Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício às afegãs.

A repressão de gênero é uma das principais marcas desse início de governo talibã e se espalha por diversas setores da sociedade. As mulheres que tinham cargos no governo afegão antes da ascensão talibã seguem impedidas de trabalhar, e a cúpula do governo que prometia ser inclusiva é formada somente por homens. A perda do salário por parte de muitas mulheres que sustentavam suas casas tem contribuído para o empobrecimento da população afegã.

Por que isso importa?

Entre as imposições dos talibãs às mulheres que voltaram a vigorar no Afeganistão estão a proibição de saírem de casa desacompanhadas, o veto à educação em escolas e ao trabalho e inúmeros casos de mulheres solteiras ou viúvas forçadas a se casar com combatentes.

Quem não cumpre as regras sofre com as consequências. As punições incluem espancamentos públicos, um antigo meio de repressão dos fundamentalistas.

Para lembrar as afegãs de suas obrigações, os militantes ergueram cartazes em algumas áreas para informar os moradores sobre as regras. Em certas regiões, as lojas estão proibidas de vender mercadorias a mulheres desacompanhadas.

A repressão se estende à educação. O Taleban não só proibiu as mulheres de estudarem como fechou escolas no país. Em certas áreas dominadas pelos extremistas, a educação foi permitida para meninas somente até a quarta série.

Numa decisão que atinge também os homens, o Taleban determinou que apresentações de música ao vivo estão proibidas no país.

Fonte: A Referência
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