PolĂ­tica Campos Gerais

MP formaliza denúncia criminal contra o ex-prefeito de Palmeira

Por A Rede

12/04/2023 às 22:05:21 - Atualizado hĂĄ
A Rede

O ex-prefeito de Palmeira, Edir Havrechaki, foi denunciado pelo Ministério PĂșblico do ParanĂĄ (MPPR) pelos crimes de prevaricação e falsidade ideológica. Conforme o documento, as irregularidades foram observadas em processos referentes à compra de postes junto à Companhia Paranaense de Energia (Copel). A investigação também envolve a empresa Feltrin Construções Elétricas.

A denĂșncia aponta que Havrechaki teria, em cinco oportunidades, inserido declarações falsas em documentos pĂșblicos. Os ofĂ­cios simulavam a aquisição dos materiais pela Prefeitura. No entanto, os postes eram pagos e efetivamente retirados por representantes da empresa privada. Para o crime de falsidade ideológica, o artigo nÂș 299 do código penal prevĂȘ, em caso de condenação, uma pena de reclusão de um a cinco anos, e multa, se o documento é pĂșblico.

O Ministério PĂșblico também aponta que o ex-prefeito praticou nove vezes o crime de prevaricação. Nestas oportunidades, além dos cinco documentos citados anteriormente, o ex-prefeito teria expedido quatro autorizações para retirada dos materiais em nome de dois funcionĂĄrios da Feltrin. O MPPR aponta que Havrechaki teria realizado esse processo a fim de propiciar o acesso da empresa ao material adquirido irregularmente, a fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, o que configura a prĂĄtica de prevaricação. Segundo o artigo nÂș 319 do Código Penal, em caso de condenação, a pena prevista para o crime é de detenção, de trĂȘs meses a um ano, e multa.

Relembre o caso

Segundo as informações apuradas pelo Portal aRede e Jornal da Manhã, as irregularidades teriam ocorrido entre os dias 15 de dezembro de 2016 e 15 de junho de 2020. Neste perĂ­odo, o municĂ­pio teria realizado a compra de 13,1 mil metros lineares de postes de concreto e madeira junto à Copel. No entanto, os materiais, bem como os documentos que comprovariam o pagamento, não foram localizados. A fiscalização foi conduzida inicialmente pelo então presidente da Câmara, Egon Krambeck, e apresentada pelo Legislativo ainda em 2021.

A partir da atuação da Câmara, a Copel forneceu todos os documentos referentes às compras registradas no perĂ­odo de 2016 a 2020. Eles afirmam que toda parte burocrĂĄtica da negociação foi feita pela Prefeitura Municipal de Palmeira, e o pagamento foi efetuado por empresas privadas. Além disso, o dossiĂȘ traz documentos assinados pelo então prefeito, Edir Havrechaki, autorizando veĂ­culos para fazer a retirada dos materiais.

Ao todo, houve 41 entregas de postes para a Prefeitura registradas em notas fiscais, onde constam todos os dados das operações, inclusive canhotos de entregas assinados por pessoas indicadas pelo ex-prefeito. A denĂșncia criminal feita ao Ministério PĂșblico traz um eventual benefĂ­cio à empresa em questão, uma vez que ela teria adquirido os postes em quantidades personalizadas e em valores potencialmente mais baixos.

Acordos firmados trazem multas e punições

A reportagem teve acesso aos Acordos de Não Persecução Civil (ANPC) firmados entre o Ministério PĂșblico e os envolvidos nas irregularidades. O primeiro, firmado com Edir Havrechaki, impôs a ele o pagamento de multa civil no valor de R$ 18 mil e indenização por danos morais coletivos, no valor de R$ 5 mil, além da suspensão de direitos polĂ­ticos por seis meses. O segundo, junto à empresa, prevĂȘ multa de R$ 7 mil e indenização de R$ 5 mil por danos morais.

Gestão municipal se pronunciou a respeito dos termos estabelecidos em Acordos de Não Persecução Civil | Foto: Arquivo/aRede

Prefeitura é contra os valores estabelecidos

A Prefeitura Municipal de Palmeira se manifestou de maneira contrĂĄria aos valores estabelecidos no Acordo de Não Persecução Civil (ANPC), elaborado entre os acusados no processo de compra irregular de postes e o Ministério PĂșblico. Um ofĂ­cio assinado pelo atual prefeito, Sérgio Belich (União), aponta que houve uma redução considerĂĄvel nos valores que previam pagamento de multa civil e de indenização por danos morais coletivos. Além disso, o documento questiona a redução do perĂ­odo de suspensão de direitos polĂ­ticos de Edir Havrechaki.

"Considerando ambos os investigados, a proposta inicial previa um total de multa civil e indenização a tĂ­tulo de danos morais coletivos de R$ 200 mil, sendo que os acordos firmados, somados, atingem a monta de R$ 35 mil, uma redução total de 82,5%", diz um trecho do documento. "Relativamente à suspensão de direitos polĂ­ticos, considerando a proposta de 24 meses (2 anos), a redução para 6 meses representa uma diminuição de 75% da proposta inicial. Neste particular observo que a medida não representa absolutamente nenhuma punição, posto que, neste perĂ­odo, o infrator sequer serĂĄ tolhido de participar de votação, não serĂĄ impedido de concorrer a qualquer cargo pĂșblico eletivo", contesta.

No ofĂ­cio, a gestão também alega que o representante legal do MunicĂ­pio de Palmeira, que acompanhou o ato de elaboração do ANPC, muito embora ocupe o cargo de Procurador-Geral, não detém alçada para celebração de acordos superiores a 20 salĂĄrios mĂ­nimos. "Certamente uma das razões pelas quais se eximiu de anuir com o acordo", disse.

Combate à corrupção

Por fim, o poder Executivo de Palmeira entende que "o acordo firmado acaba por minimizar as graves condutas que restaram indubitavelmente comprovadas, não serve para punir, tampouco para desencorajar condutas ilĂ­citas de agentes pĂșblicos e, em Ășltima anĂĄlise, desacreditar a efetividade da justiça". O municĂ­pio solicitou a não homologação dos acordos firmados entre os acusados e o Ministério PĂșblico Estadual.

Procurador-geral se manifesta

O procurador-geral de Palmiera, Carlos Mezzadri, se manifestou a respeito do posicionamento adotado na elaboração do ANPC. Ele destacou que, muito embora entenda que não detenha competĂȘncia especĂ­fica sobre os termos do ANPC, o municĂ­pio, como interessado direto, dispõe da prerrogativa de anuir ou não com os termos, posto que a lei expressamente prevĂȘ a possibilidade de oitiva do Ente Federativo, anterior ou posteriormente à celebração do acordo.

Ex-prefeito Edir Havrechaki esteve à frente do Executivo de Palmeira por dois mandatos, entre 2013 e 2016; e 2017 e 2020 | Foto: Reprodução / Redes Sociais

Havrechaki se pronuncia sobre as acusações

Ao Jornal da Manhã e Portal aRede, o ex-prefeito Edir se manifestou sobre as acusações. "O acordo jĂĄ foi feito e proposto no Ministério PĂșblico. Toda essa execução não causou prejuĂ­zo ao municĂ­pio. O municĂ­pio não teve desembolso nenhum. A empresa adquiria, pagava e retirava os postes. A Copel também não teve prejuĂ­zo, pois ela vendia pelo valor estipulado. A prefeitura ainda tinha o benefĂ­cio de ficar com alguns postes da empresa. Inclusive, algumas das estruturas foram utilizadas pela prefeitura", disse.

Na sequĂȘncia, Edir se defende. "É uma denĂșncia essencialmente polĂ­tica. Infelizmente, sou ex-prefeito e tenho de responder. Não vejo como algo errado. Como jĂĄ disse, a prefeitura não teve dolo e foi a Ășnica beneficiada com esse processo. Acredito que a prefeitura não deveria nem receber os valores das multas. Se alguém deveria receber alguma indenização, seria a Copel. A Prefeitura é a Ășnica que lucrou com essa operação. Enquanto gestor, apenas busquei privilegiar o municĂ­pio. Se a atual gestão tem algum questionamento, deve recorrer ao Ministério PĂșblico. Fiz o acordo para "passar uma régua" nesta situação. Se for para uma ação civil pĂșblica, tenho certeza que não serei condenado", concluiu. A reportagem não conseguiu contato com a empresa envolvida e mantém aberto o espaço para esclarecimentos.

Fonte: A Rede
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