PolĂ­tica sem categoria

Show promovido por deputado exige cadastro prévio do público

Por Jornal do Sudoeste

27/06/2022 às 05:55:44 - Atualizado hĂĄ

Em uma ação que pode ser questionada na Justiça Eleitoral como campanha eleitoral antecipada, o deputado estadual Alexandre Knoploch (PSC), do Rio, contratou o pastor e cantor gospel André Valadão – apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) – para um culto evangélico em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O show de Valadão tem custo estimado em R$ 100 mil e deve ocorrer a 45 dias do inĂ­cio da campanha eleitoral.

O parlamentar é o responsĂĄvel pela contratação de Valadão e pela organização do "Grande Culto de Louvor e Adoração", evento gratuito previsto para o dia 1.Âș de julho. Para participar, é preciso preencher um formulĂĄrio online e fornecer informações como nome completo, celular, igreja que frequenta e bairro onde mora, dados que poderão ser utilizados pelo deputado durante a campanha.

Knoploch é conhecido como um dos mais fiéis apoiadores de Bolsonaro no Estado. Em busca da reeleição, o deputado investe na região de maior concentração de evangélicos do Rio – segundo o Censo, nos 13 municĂ­pios da Baixada, são mais de um 1,3 milhão de fiéis.

O culto/show começou a ser anunciado no inĂ­cio de maio, com a distribuição de panfletos e divulgação nas redes sociais. Até o inĂ­cio deste mĂȘs, os folhetos e as publicações continham o nome de Knoploch como um dos organizadores do evento. Para driblar a legislação eleitoral, que veda campanha antes do perĂ­odo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as referĂȘncias ao deputado foram retiradas do material de divulgação.

Para divulgar o show, assessores do gabinete de Knoploch na Assembleia Legislativa do Rio também passaram a fazer jornada dupla. Parte foi deslocada de suas funções para auxiliar na divulgação.

ABUSO. O advogado Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral, disse não ver ilegalidades, a princĂ­pio, na colheita de dados. Segundo ele, caso fique comprovado que as informações foram obtidas com fins eleitorais, pode haver questionamentos pelo Ministério PĂșblico Eleitoral (MPE). "Se essas pessoas passarem a receber pedido de voto, isso poderĂĄ ser enquadrado como campanha antecipada."

Ainda segundo Rollo, o deputado pode contratar um show com dinheiro próprio, desde que não haja qualquer tipo de vinculação polĂ­tica ou eleitoral. Se o evento fizer referĂȘncia a funções de Knoploch como deputado, o culto pode servir como embasamento para um questionamento do registro da candidatura em agosto. "Caso ocorra pedido de voto ou associação polĂ­tica, pode haver uma investigação por abuso de poder econômico e o deputado correr o risco de ter o registro cassado no perĂ­odo de oficialização das candidaturas. Os servidores também não podem ser usados para trabalhos que não sejam afeitos às suas funções."

Para o evento, o deputado contratou seis ônibus para transportar fiéis. Para o advogado Fernando Neisser, também especialista em Direito Eleitoral, o show pode configurar abuso de poder econômico, uma vez que desequilibra a condição de disputa com outros pré-candidatos. "Uma ação de abuso só pode ser protocolada após a candidatura, mas ela pode olhar para o retrovisor e avaliar fatos passados."

Knoploch afirmou, em nota, que o culto é uma atividade que ele promove o ano inteiro. "Não possui cunho financeiro. Cada pessoa tem a liberdade para divulgar o que deseja em suas redes, não tendo nenhuma recomendação minha sobre a publicação de conteĂșdo", disse ele. Valadão não respondeu até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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