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Mulheres enfrentam disparidade de gênero na música do Brasil e recebem somente 9% dos direitos autorais

Por G1

08/03/2022 às 13:04:25 - Atualizado há
G1
Dados de pesquisa da União Brasileira de Compositores refletem desigualdade histórica no campo da composição, mas apontam crescimento feminino na produção fonográfica. ? ANÁLISE – Uma nota desafinada ecoa nas comemorações do Dia Internacional da Mulher neste ano de 2022 no campo musical. Pesquisa realizada pela União Brasileira de Compositores (UBC) aponta gritante disparidade de gênero no que diz respeito aos dividendos da música produzida no Brasil.

De acordo com relatório da quinta edição do estudo Por elas que fazem a música, divulgado nesta terça-feira, 8 de março, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais ao longo de 2021. Considerando os rendimentos vindos do exterior, dos 100 maiores arrecadadores brasileiros de direitos autorais na área musical, somente 13 são mulheres.

De positivo, o levantamento apontou o aumento do número de obras registradas com a participação de mulheres. Em relação ao ano anterior, a participação feminina na quantidade de fonogramas cadastrados cresceu em quatro categorias, sendo 22% como produtoras fonográficas, 13% a mais no número de autoras e/ou versionistas, 10% como intérpretes e 9% como instrumentistas.

Positivos ou negativos, esses dados devem ser interpretados sob perspectiva histórica. De natureza machista como a sociedade patriarcal, o mundo da música, sobretudo o da composição, foi dominado por homens desde antes de o samba ser samba. No Brasil, houve compositoras desbravadoras de territórios autorais como a pioneira Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), Ivone Lara (1922 – 2018) e, a partir dos anos 1950, Dolores Duran (1930 – 1959) e Maysa (1936 – 1977).

A partir da década de 1960, Joyce Moreno e Rita Lee engrossaram o time das cantoras que também eram compositoras (no caso de Joyce, o ofício de compor e de tocar violão é o que move o canto da artista). Contudo, foi somente a partir dos anos 1970, precisamente a partir de 1979, que as mulheres fizeram a revolução definitiva na música brasileira e começaram a se impor como compositoras.

Historicamente, essa revolução feminina na área autoral contabiliza somente 43 anos em 2022. É um período ainda curto, o que explica a diferença lamentável na arrecadação de direitos autorais entre homens e mulheres que vivem (ou tentam viver) de música. Quando elas começaram a se estabelecer como compositoras, eles já tinham obras consolidadas na produção fonográfica do Brasil.

A desigualdade de gênero apontada pela pesquisa da UBC é fruto de disparidade histórica que regeu a música brasileira na área da composição até 1979. Ainda assim, mesmo que possa ser explicada pela história, essa desigualdade é inaceitável e simboliza o nocivo domínio patriarcal que rege a sociedade brasileira desde os tempos do império. Já passa da hora de virar esse disco!
Fonte: G1
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