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Vai de táxi? Crise dos aplicativos reaquece mercado e taxistas comemoram

Por Da Redação

07/11/2021 às 07:25:36 - Atualizado há

Corrida cancelada, preços que oscilam, horas de espera, nem a balinha icekiss tem mais graça. Esta crise existencial dos transportes de aplicativo reacendeu um questionamento nos clientes: já está na hora de retomar o modo Angélica e voltar a andar de táxi? Para algumas pessoas, sim. Os próprios taxistas já sentiram o aumento da procura, que chega a 30%, segundo os próprios profissionais. Clientes também já demonstraram descontentamento com a Uber e retornaram aos carrinhos brancos com faixa tricolor. O império contra-ataca. 

Valdir Souza, taxista há 30 anos, tem percebido que o público está revoltado com os transportes de aplicativo. “Outro dia apareceu uma cliente fiel que há anos não via. No caminho ela se queixou que um motorista Uber pediu que ela saísse do carro, pois não iria entrar no Pau Miúdo. Eu disse pra ela: ‘bem feito’. Ela voltou a pegar táxi, pois não consegue Uber na hora que quer e o preço varia muito. Aquele boom dos aplicativos passou e as desvantagens estão aparecendo agora. Desde o surgimento do Uber, eu estava operando com 25% da minha capacidade antes deles. Nos últimos meses, estou em 45%. E vejo que a tendência é melhorar”, disse Valdir, que precisou interromper a entrevista para levar um passageiro. "Tá vendo? Está melhorando”, completa. 

Dona Maria de Fátima, que mora no Chame-Chame, precisou aprender a manusear o aplicativo Uber para entrar neste universo. Gostava, mas precisou retomar os costumes antigos de ir ao mercado de táxi. “Antes era rápido e barato. Agora, demora de chegar e cancelam o tempo todo, pois moro próximo. Voltei a pegar táxi e vi que não está tão caro assim”, alega Fátima, de 65 anos. Alguns fatores estão influenciando esta migração ao passado: cancelamento contínuo, demora e valor que oscila a depender do horário. Procuramos representantes de motoristas de aplicativo para comentarem, mas não obtivemos retorno. 

Fizemos uma simulação entre o Uber e táxi convencional. Pela manhã, uma corrida do Shopping Barra até o Dique do Tororó, pelo Uber, chegou a custar R$ 93. Depois de cinco minutos, R$ 30. Somente após 40 minutos, diminuiu para R$ 13. No táxi, com a bandeira 1, que custa R$ 2,42 o quilômetro rodado,  deu um total de R$ 13,50. 
Este retorno dos clientes aos táxis não acontece apenas em Salvador. Basta dar uma olhada nas redes sociais para constatar que nem sempre os transportes por aplicativo são as melhores escolhas em outros estados. “Precisava chegar em Congonhas agora cedo, Uber e 99 estavam beirando os R$ 150. Fingi que estava em 1999 e fui pegar um táxi no ponto, deu nem R$ 35”, conta o jornalista Eduardo Viveiros, de São Paulo. Em Salvador, como já foi dito, o táxi tem dois tipos de cobrança: bandeiras 1 e 2. De segunda a sexta, das 6h às 21h, é bandeira 1, exceto no mês de dezembro e feriados. Cada quilômetro rodado custa R$ 2,42. Na bandeira 2, R$ 3,38, fora o valor inicial da corrida. 


Descontos 
Apesar do valor fixo, existem promoções que podem chegar a 30% de desconto, a depender da  empresa ou associação. Chame Táxi, Ligue Táxi e Elitte Táxi possuem aplicativos semelhantes aos aplicativos de transporte e dão descontos. Em Brotas, a Central de Táxi Vila Laura implantou diversas promoções para recuperar os clientes. Fizeram um cartão fidelidade, em que o cliente ganha R$ 15 reais de desconto na décima corrida, desconto de 20% nas viagens acima dos R$ 15 reais, além de aceitar cartão de crédito e implantarem uma central em que seus clientes podem ligar e pedir um táxi em qualquer lugar da capital. 

“As pessoas estão perdendo a confiança nos transportes de aplicativo. Valores dinâmicos, cancelamento de corridas, insegurança… O Táxi voltou a ser referência. Até para conseguir um alvará, atualmente, está mais acessível. Atualmente para a transferência de alvará o valor está até 90% abaixo dos valores antes dos aplicativos de transporte. Estamos otimistas”, garante Denis Paim, presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT).
 
Se para o cliente o táxi volta a ser uma boa opção em alguns casos, ser um taxista não é uma tarefa fácil. Segundo a Secretaria de Mobilidade de Salvador (SEMOB), atualmente a capital conta com 7.296 alvarás de táxis. E nem adianta querer um novo, pois não há previsão de quando será disponibilizado novas licenças e não tem fila de espera. Para se tornar um taxista, é preciso procurar algum profissional que esteja disposto a transferir seu alvará, que já custou cerca de R$ 100 mil, mas hoje é possível encontrá-lo por até R$ 9 mil em classificados e sites de venda. 

Apesar da transferência de alvarás ser considerada inconstitucional pelo Superior Tribunal Federal (STF), existe uma lei municipal em Salvador que permite a mudança de dono. Para isto, segundo a Semob, é preciso  ser maior de 21 anos, comprovar residência em Salvador, estar habilitado há, no mínimo, 2 anos para conduzir veículo, estar inscrito no cadastro da Secretaria Municipal da Fazenda na qualidade de autônomo, além da vistoria e taxas de transferência. Um taxista devidamente credenciado tem direito a desconto de 30% na aquisição dos veículos, isenção de IPVA, pontos de parada em polos geradores de demanda, eventos e festas. Para ser motorista de aplicativo, basta apresentar CNH que exerce atividade remunerada, além do cadastro do carro.

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