PolĂ­tica

Aziz: erros de Bolsonaro mataram muitas pessoas

Por Congresso em Foco

27/08/2021 às 10:01:35 - Atualizado hĂĄ

A voz grave, os gestos largos, os gracejos e as broncas que distribui entre colegas e depoentes fizeram do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), uma das figuras polĂ­ticas de maior evidĂȘncia no Congresso na atualidade. Enérgico, Aziz não economiza palavras para rebater senadores e convidados que, na avaliação dele, mentem. Mas é quando fala do presidente Jair Bolsonaro que esse paulista de 63 anos, radicado no Amazonas, filho de um palestino e de uma brasileira de origem italiana, mais se exalta.

Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, o senador diz que Bolsonaro deu vida à CPI e que os erros do presidente, como declarações, omissões, demora para comprar vacinas e deboche com as vĂ­timas, mataram muitas pessoas. Uma sucessão de erros que começaram, segundo ele, ainda na gestão do ex-ministro da SaĂșde Luiz Henrique Mandetta e se agravaram com o "gabinete paralelo de pitaqueiros" que aconselhavam o presidente. "Isso levou à morte de muita gente."

Veja a entrevista em vĂ­deo:

*Produção audiovisual Tiago Rodrigues

Para Omar Aziz, a CPI jĂĄ tem indĂ­cios de que Bolsonaro cometeu crimes de prevaricação e contra a saĂșde pĂșblica. Embora evite comentar se o nome do presidente constarĂĄ da relação de pedidos de indiciamento da comissão, o senador adianta que o colegiado pode entrar com notĂ­cia-crime contra Bolsonaro e outros investigados no Supremo Tribunal Federal (STF).

Diversos senadores tĂȘm receio de que as investigações contra o presidente fiquem na gaveta do procurador-geral da RepĂșblica, a exemplo do que ocorreu com outras denĂșncias. Mas Aziz diz que a pressão serĂĄ grande: "É impossĂ­vel engavetar um negócio desse, que o Brasil todo estĂĄ atrĂĄs".

"Quem fez a CPI crescer foi Bolsonaro, com a postura dele, as falas mais marcantes apresentadas na CPI são do presidente da RepĂșblica. Ele deu vida, deu encorpada na CPI, com negacionismo, propagação de medicação e depois tentou cancelar a CPI. Houve embate e a CPI cresceu nesse embate."

Omar Aziz em entrevista ao Congresso em Foco <div class='fotografo'> Tiago Rodrigues/Congresso em Foco </div>

Ainda na entrevista, Aziz cobra autocrĂ­tica de Bolsonaro e faz a sua própria: admite que errou ao não determinar a prisão do empresĂĄrio Carlos Wizard, que depôs à comissão protegido por um habeas corpus que o dispensava de responder a perguntas que pudessem incriminĂĄ-lo. "Ele tripudiou da gente, com aquele vĂ­deo: "Sabe quem morreu? é Quem ficou em casa". Um canalha."

Um erro que ocorreu, segundo o senador, por falta de informação sobre o alcance da decisão do Supremo Tribunal Federal, que, no fim das contas, não o desobrigava de responder a outras perguntas.

As crĂ­ticas do presidente da CPI da Covid também alcançam ministros como Braga Netto (hoje na Defesa) e Onyx Lorenzoni (Trabalho) e senadores que, segundo ele, ainda repetem o mesmo discurso do inĂ­cio da pandemia.

Os trabalhos da comissão devem terminar na segunda quinzena de setembro, de acordo com o senador. Para ele, a maior contribuição dada à CPI foi prestada pelo ex-secretĂĄrio de Comunicação da PresidĂȘncia Fabio Wajngarten, que revelou que o governo negligenciou as ofertas de vacina da Pfizer. Foi por esse motivo, argumenta, que não prendeu Wajngarten, rejeitando o pedido do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), durante o depoimento.

Para quem espera que a CPI monte todo o quebra-cabeça das denĂșncias contra o governo federal relacionadas à pandemia, o senador prega moderação. CaberĂĄ à PolĂ­cia Federal e ao Ministério PĂșblico concluir as investigações, adverte. "Vai ser um relatório bastante fundamentado. Lógico que vamos cobrar agilidade dos órgãos competentes para fazer a investigação que tem de ser feita", promete.

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