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Inclusão: capacitação em Libras para profissionais da UPA de Paranaguá promove atendimento integral e humanizado

Mariana Guimarães, gerente de enfermagem da FASP, e Felipe Leite, técnico de enfermagem, são alunos do curso de Libras.

Por Da Redação

30/04/2024 às 16:42:37 - Atualizado há
Mariana Guimarães, gerente de enfermagem da FASP, e Felipe Leite, técnico de enfermagem, são alunos do curso de Libras. O professor Ednilson é quem ensina a Língua Brasileira de Sinais, com o auxílio da intérprete Gisele Cuch. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Há cerca de um mês, profissionais de saúde que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paranaguá iniciaram o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para melhor interagir com pessoas que possuem algum tipo de deficiência auditiva. Esta é a primeira turma da unidade a receber essa capacitação, e é composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem, em uma parceria entre a Fundação de Atenção à Saúde (FASP) e a Secretaria Municipal de Inclusão.

Não são apenas os funcionários da Saúde que estão sendo capacitados; profissionais das áreas administrativas, de Segurança e Educação (a maioria) da Prefeitura também já passaram pelo curso, totalizando 139 graduados até o momento. A formação tem duração de quatro a oito meses e, atualmente, está capacitando 320 alunos, incluindo membros da comunidade, em turmas de conhecimento básico, geral e avançado.

"Após o curso de Libras para os servidores da Prefeitura, houve melhorias na comunicação com a comunidade surda, aumento da conscientização sobre suas necessidades e uma maior acessibilidade nos serviços municipais, promovendo assim uma cidade mais inclusiva e acolhedora para todos os seus residentes", afirma a secretária municipal de Inclusão, Camila Leite.

A secretária de Inclusão, Camila Leite, afirma que após o curso de Libras para os servidores da Prefeitura, houve melhorias na comunicação com a comunidade surda, garantindo acessibilidade e inclusão. Foto: Prefeitura de Paranaguá
A secretária de Inclusão, Camila Leite, afirma que após o curso de Libras para os servidores da Prefeitura, houve melhorias na comunicação com a comunidade surda, garantindo acessibilidade e inclusão. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Inclusão e humanização dos pacientes


Na UPA, são 12 profissionais que decidiram iniciar a formação em Libras. Eles são contratados pela FASP, e alguns também têm vínculos empregatícios com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Mariana Guimarães, gerente de enfermagem, é uma das estudantes. Ela conta que a turma já teve quatro aulas e tem percebido a importância da capacitação a cada novo sinal aprendido.

"Para nós, profissionais da saúde, saber Libras é muito importante. Esse conhecimento amplia o nosso atendimento, garantindo a inclusão e humanização de todos os pacientes. Quando recebemos pacientes com suas limitações e não conseguimos entender completamente o que estão comunicando, também é muito difícil para nós", diz ao JB Litoral.

Ela destaca que, com as aulas, os profissionais estão ampliando seus horizontes, garantindo um suporte adequado ao paciente do início ao fim do atendimento. "Muitas vezes, na triagem, o paciente fala superficialmente e, depois, durante o tratamento, fornece mais informações. Com a Libras, desde a assistência direta até as questões administrativas, podemos oferecer um suporte melhor e uma comunicação completa", avalia.


Atendimento integral


O técnico de enfermagem Felipe Leite também integra a turma. Mesmo estando nas fases iniciais do curso, sua capacidade de comunicação em Libras já é notável devido ao seu interesse, levando-o a aprofundar seus conhecimentos além do conteúdo programático.

"Acredito que o que a FASP, a Secretaria de Inclusão e a Prefeitura fizeram, por meio desse curso, é reforçar o direito das pessoas com deficiência auditiva de terem acesso à acessibilidade, e o nosso direito também, de poder atendê-las de forma integral. Porque dentro do princípio do SUS está a integralidade do atendimento, que é reconhecer todas as necessidades do paciente. E se ele tem uma necessidade de comunicação, creio que agora, com o conhecimento de Libras, também ajudamos a melhorar nosso atendimento", afirma.

O médico Gustavo Almeida, diretor técnico da FASP, fala sobre as melhorias no atendimento médico promovidas pelo conhecimento de Libras. "A possibilidade de termos pelo menos um profissional por plantão que saiba Libras na UPA garante que qualquer médico possa realizar um atendimento 100%. E isso certamente se expandirá para outras unidades de saúde", afirma.

A pessoa com deficiência auditiva que precisa ser atendida na UPA terá todas as suas necessidades supridas. Um profissional qualificado para se comunicar com ela a acompanhará durante todo o atendimento. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
A pessoa com deficiência auditiva que precisa ser atendida na UPA terá todas as suas necessidades supridas. Um profissional qualificado para se comunicar com ela a acompanhará durante todo o atendimento. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Segundo o médico, a pessoa com deficiência auditiva que precisa ser atendida na UPA terá todas as suas necessidades supridas. "Basta ela chegar, se identificar, e nosso profissional qualificado para se comunicar com ela a acompanhará, realizando toda a comunicação e garantindo um atendimento eficiente e eficaz", diz.


Nova realidade na inclusão


O professor do curso é Ednilson Assenção Luiz; ele é surdo, servidor municipal e professor universitário, além de estar cursando doutorado. Para auxiliar seu trabalho, a intérprete de Libras é Gisele Cuch.

"Em minha opinião, deveria haver um intérprete de Libras em cada equipamento municipal, tanto na UPA quanto nas Unidades Básicas de Saúde e em outros espaços. Isso, para mim, seria o ideal. Mas o que estamos vivenciando hoje, com as capacitações para os servidores municipais e a comunidade, é o início de um grande avanço em acessibilidade e inclusão", diz.

Ele relembra que antigamente não havia intérpretes de Libras no município, ou seja, não havia comunicação. "Muitas vezes, na área da Saúde, ocorriam até mesmo diagnósticos errados por falta de comunicação. Agora estamos caminhando para outra realidade", afirma.

O professor Ednilson, que dá aulas de Libras, é o perfeito exemplo da superação: surdo, ele é servidor municipal, professor universitário e está cursando doutorado. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
O professor Ednilson, que dá aulas de Libras, é o perfeito exemplo da superação: surdo, ele é servidor municipal, professor universitário e está cursando doutorado. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Todas as pessoas com deficiência auditiva que precisam utilizar os serviços públicos podem ser atendidas por intérpretes da Central de Libras da Prefeitura. Segundo a secretária de Inclusão, Camila Leite, além dos atendimentos na saúde, elas têm solicitado apoio durante entrevistas de emprego, atendimentos no INSS, bancos, reuniões escolares, entre outros.

"Ao investir na capacitação dos servidores municipais por meio de cursos como Libras, a secretaria está cumprindo seu papel na sociedade de promover a inclusão e garantir que os serviços públicos sejam acessíveis a todos os cidadãos, independentemente de suas habilidades auditivas. Isso não apenas fortalece a prestação de serviços municipais, mas também promove uma cultura de respeito, diversidade e inclusão na comunidade", conclui Camila Leite.

Fonte: JB Litoral
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