PolĂ­tica Intolerância religiosa

Rio teve quase 3 mil crimes ligados à intolerância religiosa em 2023

Por Agência Brasil

22/01/2024 às 16:18:09 - Atualizado hĂĄ

De acordo com o Instituto de Segurança PĂșblica, a tipificação criminal é determinada pela ridicularização pĂșblica, pelo impedimento ou pela perturbação de cerimônia religiosa. "A injĂșria por preconceito é o ato de discriminar um indivĂ­duo em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. JĂĄ o preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedĂȘncia nacional tem por objetivo a inferiorização de todo um grupo etnicorracial e atinge a dignidade humana", explicou o ISP em nota.

Perfil

Conforme o levantamento, mulheres e negras são a maioria das vĂ­timas. A maior concentração dos crimes foi na zona oeste da capital, na região da 35ÂȘ Delegacia de PolĂ­cia (DP), no bairro de Campo Grande. Embora este seja o dado do levantamento, o babalaô afirmou que a região da Baixada Fluminense também registra muitos casos, além dos municĂ­pios de MaricĂĄ, na região metropolitana, e Campos dos Goytacazes no norte do estado.

Segundo o ISP, a intenção, ao divulgar o levantamento neste domingo (21), Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, foi promover o diĂĄlogo, mostrar para a sociedade que intolerância religiosa é crime e que o estado do Rio de Janeiro tem mecanismos de denĂșncia para as vĂ­timas.

Para a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, essas informações são fundamentais para esclarecer a sociedade que intolerância religiosa e preconceito são crimes que devem ser denunciados.

A presidente do ISP, Marcela Ortiz - Tânia RĂȘgo/Arquivo/AgĂȘncia Brasil

"Sabemos que esses nĂșmeros são subnotificados, muitas vezes por falta de informação, mas o estado do Rio tem a Decradi [Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância], uma delegacia especializada para o registro desses crimes", disse a presidente do ISP.

É importante que todos lembrem que a Constituição Federal assegura o livre exercĂ­cio de todos os cultos religiosos", acrescenta ressaltou Marcela na nota divulgada pelo instituto.

Para a titular da Decradi, delegada Rita Salim, a intolerância religiosa é um crime que fere a liberdade e a dignidade humana. Segundo a delegada, combater a intolerância religiosa depende da conscientização da sociedade de que é preciso ter respeito à diversidade da crença, além das escolhas e das concepções religiosas.

"A PolĂ­cia Civil conta com uma unidade especializada na investigação desses crimes e estĂĄ preparada para receber a denĂșncia e confeccionar os registros de ocorrĂȘncia", informou Rita.

Especializada

A Decradi funciona na Rua do Lavradio, nÂș 155, no centro da cidade, mas os crimes de intolerância religiosa, ultraje a culto, injĂșria racial e racismo podem ser denunciados em qualquer delegacia de PolĂ­cia Civil. Os registros também podem ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de PolĂ­cia Civil.

No entendimento do babalaô Ivanir dos Santos, a PolĂ­cia Civil poderia repetir a experiĂȘncia da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), que começou com apenas uma unidade e atualmente funciona também em outras partes do estado. Ele propõe a instalação de mais unidades da Decradi. De acordo com Santos, isso resolveria também o problema da dificuldade dos policiais de outras delegacias tipificarem o crime.

"Nas próprias delegacias tem um profissional que não estĂĄ acostumado a tipificar o crime, tratam como briga de vizinho, mandam voltar para casa dizendo que vai acalmar", completou o babalaô, lembrando que alguns casos são registrados também como homofobia, que estĂĄ tipificada na mesma legislação.

"E pode ter também homofobia ligada à intolerância religiosa. A delegacia não consegue tipificar e fazer uma qualificação sobre isso. Esse é um aspecto importante", afirmou.

Ivanir dos Santos defendeu a necessidade de formulação de polĂ­ticas pĂșblicas para o combate à intolerância religiosa. Ele disse que é preciso ter dados para haver polĂ­ticas. "Não basta os órgãos pĂșblicos fazerem como os movimentos sociais, que fazem denĂșncias. Os dados tĂȘm que servir para a construção de polĂ­ticas pĂșblicas. Isso a gente estĂĄ falando desde 2008 no Rio de Janeiro, desde a primeira Caminhada pela Liberdade Religiosa, e os casos vão se avolumando."

Santos reivindica ainda maisr envolvimento do Ministério PĂșblico e da Defensoria PĂșblica.

Educação

O babalaô criticou a mĂĄ interpretação da aplicação da Lei 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira entre as disciplinas incluĂ­das na grade curricular dos ensinos fundamental e médio.

"É encarado no ambiente escolar que, quando se implementa essa lei, que é federal e seria uma polĂ­tica de estado, que é como se vocĂȘ estivesse ensinando macumba. Consequentemente, o pensamento fundamentalista religioso inserido nos ambientes de escola e mundo do trabalho é um dos impeditivos do avançor em uma polĂ­tica mais de respeito à diversidade religiosa. Na verdade, a lei estĂĄ falando de história e de cultura", enfatizou.

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