PolĂ­tica conselho curador

GT de Comunicação Social pede a retomada do Conselho Curador da EBC

Por Gabinete de Transição

23/12/2022 às 14:20:13 - Atualizado hĂĄ
Gabinete de Transição

O relatório entregue pelos integrantes do Grupo Técnico de Comunicação Social do Gabinete de Transição pede a retomada da participação social na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). De acordo com o diagnóstico produzido pelo GT, a empresa foi alvo de um contĂ­nuo processo de desfiguração, que começou ainda no governo de Michel Temer, com a extinção do Conselho Curador por meio de uma medida provisória. O grupo também propõe a reestruturação da Secretaria de Comunicação Social, que sofreu esvaziamento administrativo, funcional e de gestão.

O Conselho Curador da EBC era formado por 22 representantes da sociedade civil, escolhidos segundo critérios de diversidade cultural, regional (contemplava todas as cinco regiões dos paĂ­s) e pluralidade de experiĂȘncias profissionais. A missão dos integrantes era garantir que a programação atendesse aos princĂ­pios educacionais, culturais, artĂ­sticos e informativos, conforme determina a Lei 11.652 de abril de 2008, que criou a empresa.

De acordo com a lei, a atuação da EBC deveria ser pautada por princĂ­pios que exigem, entre outros: a promoção do acesso à informação por meio da pluralidade de fontes de produção e distribuição do conteĂșdo; a produção e a programação com finalidades educativas, artĂ­sticas, culturais, cientĂ­ficas e informativas; a promoção da cultura nacional, o estĂ­mulo à produção regional e à produção independente; o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da famĂ­lia; e não discriminação religiosa, polĂ­tico partidĂĄria, filosófica, étnica, de gĂȘnero ou de opção sexual. Com a extinção do Conselho Curador, o monitoramento do cumprimento desses princĂ­pios foi abandonado.

"A EBC foi uma das instituições mais impactads pelo ciclo de retrocessos iniciado com o golpe de 2016 e aprofundado sob Bolsonaro. Em 2016, em atitude claramente revanchista, Temer promoveu intervenção na EBC, nomeou ilegalmente um presidente e editou MP que desfigurou gravemente a lei de criação e a natureza da EBC – suprimiu seu Conselho Curador e o mandato do diretor-presidente", diz o relatório do GT.

O ataque abriu caminho para que o governo Bolsonaro militarizasse a empresa e utilizasse os canais "para sua guerra cultural e projeto de reeleição". "A TV Brasil teve sua programação desfigurada, com a descontinuação de muitos programas. A TV governamental NBR, por sua vez, perdeu a identidade própria, tornando-se um subcanal da TV PĂșblica, com a programação interrompida para as transmissões oficiais, que incluĂ­am atos militares e até religiosos", aponta o relatório.

Além de sugerir a retomada do Conselho Curador, por meio de medida provisória, o GT propõe o fortalecimento e a expansão de uma televisão pĂșblica nacional, a reconstrução do canal TV Brasil Internacional (destinado à diĂĄspora brasileira e à difusão da imagem do paĂ­s), a ampliação do alcance das rĂĄdios dos grupos Nacional e MEC, o fortalecimento da AgĂȘncia Brasil e da RadioagĂȘncia Nacional como agĂȘncias pĂșblicas de notĂ­cias, e o investimento em convergĂȘncia de mĂ­dias e na exploração dos recursos de comunicação digital.

Comunicação integrada e digital

O diagnóstico do GT de Comunicação Social apontou que o esvaziamento administrativo, funcional e de gestão da Secretaria de Comunicação Social foi um dos maiores retrocessos na comunicação de governo. JĂĄ com Temer, a Secom perdeu status de ministério. No governo Bolsonaro, foi transferida para o Ministério das Comunicações e militares foram nomeados para postos de direção. "Foi suprimido o protagonismo da Secretaria na coordenação do Sistema Sicom. Esse sistema reunia as ĂĄreas de comunicação dos órgãos da administração direta e indireta, fixando diretrizes e articulando ações integradas do Poder Executivo", traz o relatório.

De acordo com o GT, a desarticulação atingiu também a ĂĄrea de publicidade. As campanhas institucionais e de utilidade pĂșblica dos ministérios passaram a ser feitas sem a supervisão do órgão. "A babel instalada no setor gerou denĂșncias e interpelações do Tribunal de Contas da União – que determinou recentemente à Secom que não aplicasse mais recursos publicitĂĄrios em canais e sites que veiculam fake news. Foram grandes os prejuĂ­zos à sociedade, causados pela desinformação e pela falta de campanhas de utilidade pĂșblica, como vacinação infantil e combate ao HIV".

O diagnóstico aponta ainda que, para 2023, o orçamento da Secom sofreu um corte de 48%, o que pode comprometer a necessidade de realização de campanhas de utilidade pĂșblica sobre "vacinação infantil (a partir das ações do Ministério da SaĂșde), além de informações sobre o novo Bolsa FamĂ­lia e o desarmamento do paĂ­s".

O GT propõe, no relatório que serĂĄ entregue ao futuro ministro, a instituição de uma nova plataforma de comunicação governamental, com fortalecimento na ĂĄrea digital e ações transversais com todos os órgãos do governo. Além disso, a reestruturação de secretarias, para a construção de um "nĂșcleo ĂĄgil de monitoramento e inteligĂȘncia, além de um departamento de articulação para coordenar as ações e a integração do digital".

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