O conflito na Ucrânia parece se encaminhar para uma nova fase sangrenta e de conquistas limitadas de território na região leste.
Cartazes com a letra "Z", um símbolo pró-guerra na Rússia, estão sendo retirados em cidades de todo país desde a última semana por autoridades locais. Paralelamente, o conflito na Ucrânia parece se encaminhar para uma nova fase sangrenta e de conquistas limitadas de território na região leste.
Na capital russa também há focos. No começo desta semana, Sergei Mironov, líder do partido de centro-esquerda Rússia Justa, relatou que fiscais em Moscou deram ordens para que a bandeira pró-guerra na sede da sigla fosse removida.
A remoção nos escritórios do partido ocorre após "vários apelos dos cidadãos", disse Mironov nesta quarta-feira (16) em um post no aplicativo de mensagens Telegram. "Nada mais lembra a guerra" em Moscou, disse a mensagem.
Uma foto na internet publicada na última quinta-feira (9) parecia mostrar trabalhadores removendo do escritório principal da estatal Russian Railways, localizado no centro de Moscou, um cartaz com a letra Z em que estava escrito "Para o presidente! Para o Exército! Para a vitória!".
Segundo a mídia local, também foram registradas remoções nas cidades de São Petersburgo, Novosibirsk e Kirov.
Na opinião de Abbas Gallyamov, analista político e ex-redator de discursos do presidente russo Vladimir Putin, tais ações podem acenar para algum tipo de reposicionamento. "A guerra claramente estagnou política e militarmente", disse à reportagem.
As letras "Z" e "V", inicialmente usadas como marcadores de reconhecimento pelo exército russo na Ucrânia, foram abraçadas por parte da população russa como uma forma manifestar apoio às tropas. Desde o início do conflito em fevereiro, elas começaram a surgir nos chamados flash mobs (aglomerações instantâneas) escolares, na fachada de prédios, camisetas e até na decoração de comida.
De acordo com a reportagem, não há evidências de uma rejeição em massa ao símbolo Z. A exemplo do que disse Gallyamov, a retirada, verificada em alguns espaços públicos nas principais cidades, pode significar que o Kremlin está tentando retratar a guerra "sob uma luz diferente", à medida que os combates já entram no quarto mês "sem um avanço russo".
Desde o início da guerra na Ucrânia, dia 24 de fevereiro, a Rússia investe pesado na propaganda estatal. Todos os níveis da sociedade foram inundados com mensagens e imagens em apoio ao que o Kremlin chama de "operação militar especial", um eufemismo para a guerra.
Aqueles que contestam abertamente a invasão do país vizinho são denunciados com base em uma lei de março que pune quem "desacreditar as forças armadas" ou disseminar "notícias falsas". O cenário não é diferente nas escolas, onde alunos e professores foram transformados em fiscais do Kremlin, com casos de demissões e ações judiciais contra quem ousa contestar as ideias do presidente Vladimir Putin.