PolĂ­tica Economia

75% dos brasileiros responsabilizam governo Bolsonaro por alta da inflação

Por Notícias Ao Minuto

28/03/2022 às 11:08:57 - Atualizado hĂĄ
Notícias Ao Minuto

O descontentamento foi identificado pelo Datafolha. Tanto numa pesquisa realizada em setembro do ano passado quanto no levantamento mais recente, em março, 75% apontam que o governo Bolsonaro tem responsabilidade pela inflação.

A pesquisa Datafolha foi realizada na terça (22) e na quarta-feira (23) com 2.556 eleitores em 181 cidades de todo o paĂ­s. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

A comparação das duas pesquisas mostra que caiu o nĂșmero de brasileiros que atribuem muita responsabilidade ao governo. Essa parcela foi de 41% para 36%. Em contrapartida, aumentou, de 34% para 39%, a fatia que atribui um pouco de responsabilidade. Houve uma ligeira queda, de 23% para 21%, no contingente que não via nenhuma responsabilidade.

Entre eleitores que declaram avaliar votar em candidatos da chamada terceira via estão os mais crĂ­ticos ao governo Bolsonaro. Segundo o levantamento, 87% dos que declaram intenção de votar em Ciro Gomes (PDT) consideram que o governo tem responsabilidade pela alta da inflação, sendo que 50% dizem que a gestão bolsonarista tem muita responsabilidade.

Entre os que declaram intenção de votar em Sergio Moro (Podemos), 82% tĂȘm a avaliação de que o governo tem responsabilidade, sendo que 42% consideram ele tem muita responsabilidade. No caso de eleitores de André Janones (Avante), 80% dizem que o governo tem responsabilidade, e a metade avalia como um pouco.

Mesmo quem estĂĄ na base de apoio de Bolsonaro acredita que o governo tem responsabilidade pela inflação, nem que seja um pouco. Essa percepção é compartilhada até por eleitores declarados. O levantamento mostra que 75% deles acreditam que o governo tem responsabilidade pelo descontrole dos preços.

Essa avaliação também é feita por 72% dos evangélicos, 75% dos moradores do Centro-Oeste, região que concentra o agronegócio, e 79% dos moradores da região Sul, que votaram em peso para eleger Bolsonaro.

A inflação começou a subir durante a pandemia, mas disparou mesmo no ano passado. Em 2019, por exemplo, o IPCA, que mede a inflação oficial, fechou ano com alta de 4,31%. Em 2020, passou para 4,52%. Mas fechou 2021 acumulando alta de 10,06%.

Uma confluĂȘncia de fatores crĂ­ticos eleva os preços. Secas no Sul, chuvas torrenciais no Sudeste, ruptura da cadeia global de fornecimento de peças industriais, aumento do frete marĂ­timo e disputa por contĂȘineres. Recentemente, o cenĂĄrio piorou com a invasão da Ucrânia pela RĂșssia e uma escalada de sanções de paĂ­ses ocidentais contra o governo de Vladimir Putin.

Dois itens essenciais estão entre os mais afetados por esse mĂșltiplo desarranjo e encarem mĂȘs após mĂȘs. De um lado, os alimentos, como o trigo do pãozinho, hortaliças, frutas. De outro, a energia, incluindo gasolina, diesel e gĂĄs de cozinha. Como ambos são bĂĄsicos na economia, eles não apenas puxam o custo de vida para cima como também ajudam a disseminar a inflação por outros setores.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, não perde a oportunidade para falar em pĂșblico que a alta de preços é um fenômeno global e que o Brasil uma vĂ­tima de circunstâncias que estão acima do poder de intervenção do Estado. No entanto, outros segmentos do governo, incluindo o próprio Bolsonaro, tentam demonstrar diligĂȘncia para aliviar os baques inflacionĂĄrios.

Segundo economistas, as intervenções açodadas podem ter o efeito inverso, tornar os mercados disfuncionais e elevar os preços, mas o governo tem insistido, corroborando a visão popular de que ele tem responsabilidade em calibrar a inflação.

Em 2020, no repique do preço do arroz, chegou a dizer que os ministérios da Economia e da Agricultura tomariam providĂȘncias para baixar o preço e ainda pediu aos supermercados para que reduzissem as margens de lucro com grão.

Neste inĂ­cio de ano, a pressão altista segue firme. Na sexta-feira (25), foi divulgado o IPCA-15 de março, prévia da inflação mensal. O indicador teve alta de 0,95%, maior taxa para o perĂ­odo desde 2015 (1,24%) e acima das projeções.

Com esse dado, o IPCA-15 acumulou inflação de 10,79% em 12 meses até março. A inflação acumulada em 12 meses estĂĄ acima de 10% desde setembro de 2021.

Desde março de 2021, o Banco Central vem elevando a Selic, taxa bĂĄsica de juros, para tentar arrefecer a escalada dos preços. Na reunião mais recente, em fevereiro, ela foi de 9,25% para 10,75%, voltando ao terreno dos dois dĂ­gitos, o que não ocorria havia cinco anos.

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