Geral entretenimento

Indefinição sobre Carnaval resgata festas como nos antigos clubes

Por Da Redação

18/12/2021 às 06:40:30 - Atualizado há

Baile no Clube Bahiano de Tênis nos anos 1980

A indefinição sobre a realização do Carnaval em 2022 - que acredito que não irá acontecer pela desistência dos grandes astros com seus blocos - consolidou a posição dos donos de camarotes privados que decidiram realizar o Carnaval “indoor” com nomes de peso da axé music, sertanejo, funk, pagode, eletrônico. Isso dentro do protocolo estabelecido pelo governo de liberar eventos para até cinco mil pessoas.

Nesses tempos pandêmicos em que vivemos, quando a notícia foi publicada nos jornais, blogs e sites de quea as festas nos camarotes vão acontecer, quer tenha ou não Carnaval de rua, as opiniões se dividiram. No final, todos têm razão. Se não houver uma solução dos governantes em fazer alguma celebração para a população que não tem dinheiro para pagar os camarotes, vai ficar esquisito. Comenta-se a realização de uma festa organizada nos bairros populares com atrações de peso. O que seria justo. Afinal, todos têm direito de brincar na nossa festa mais popular. Mas enquanto nada se define, vamos aos fatos.

Fiz esse preâmbulo porque, na verdade, os camarotes do Carnaval em Salvador após a explosão da axé music nos anos 1980 nada mais são do que os antigos bailes de clubes. Basta conversar com pessoas mais velhas que curtiram muito a folia baiana e eles vão lembrar com saudades dos famosos bailes que aconteciam em clubes como o Bahiano de Tênis - aquele que Gil cantou na música Tradição que preto não entrava -, ou na Associação Atlética da Bahia, Clube Português, Espanhol entre outros. Tinha também o Baile das Atrizes no Teatro Vila Velha e depois o Baile da Oxum, uma dissidência comandada pelo ator Benvindo Siqueira que acontecia no Hotel Meridian.

Camarote Salvador (Foto: Divulgação)

Se voltarmos muito tempo atrás tem os famosos bailes que aconteciam em clubes centenários como Cruz Vermelha, no Campo Grande e Fantoches da Euterpe, no Dois de julho, fundado em 1884 e ainda em funcionamento. Os bailes eram embalados por uma banda, e os foliões se esbaldavam com muitos confetes, serpentina, lança-perfume e as tradicionais marchinhas.

Eu me lembro, ainda garoto, quando o Carnaval acontecia em três dias: domingo segunda e terça-feira. Eu ouvia minhas irmãs comentarem que domingo e terça, a festa era 'na cidade', e a segunda-feira era na Liberdade, onde morava com a família. Aliás, até hoje, muita gente, quando precisa fazer alguma coisa no centro, costuma dizer que 'vai à cidade'.

Até o inicio dos anos 1980, o fuzuê era na Praça Castro Alves quando aconteciam os encontros de trios e o famoso desfile gay nas escadarias do prédio que hoje abriga a Federação Baiana de Futebol, onde o argentino Fernando Noy fechava. Naquele tempo se chamava a galera de “boneca”. Até que veio a axé music, os novos ídolos e os novos hábitos com a introdução dos camarotes. Primeiro os só para convidados, como o de Daniela Mercury, e depois o Expresso 2222 de Gilberto Gil, comandado pela empresária Flora Gil, o único dos grandes que continua só para convidados, mas que não vai acontecer em 2022.

Ao contrario do Carnavalito e do Vilas Salvador, na Arena Fonte Nova; o Salvador no Centro de Convenções, o Planeta Band, no desativado Bahia Othon, na Ondina e o Skol no Espanhol. Para falar sobre a história desses camarotes e a presença no Carnaval dos dias atuais, o Baú do marrom foi conversar com o empresário Tinho Albuquerque, sócio da Central do Carnaval, que é responsável pela venda de abadás da maioria dos blocos e de passaportes para os camarotes.

Tinho Albuquerque (Foto: Uran Rodrigues - Divulgação)


“O Carnaval de Salvador é uma festa muito interessante pois a cada ano vai mudando. Quem viveu a folia nos anos 1970 e 1980 lembra da grandeza do Baile Preto e Branco no Clube Bahiano de Tênis, das festas maravilhosas no Clube Português e tantas batalhas de confetes na Associação Atlética e em todos os clubes sociais da cidade que viviam intensamente esse clima e eram os protagonistas do Carnaval. A partir dos anos 80 houve uma grande mudança com o surgimento dos blocos que assumiram totalmente o protagonismo da festa. Mais recentemente com o fortalecimento do Circuito Barra / Ondina houve uma mudança muito grande com o surgimento dos camarotes com uma superestrutura, espaço para shows, praça de alimentação e outros equipamentos de entretenimento, ou seja, verdadeiros 'clubes' .

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