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Na contramão do Brasil, varejo de livros da Bahia segue caindo e setor busca alternativas

Por Da Redação

09/12/2021 às 22:38:45 - Atualizado há

Pesquisa realizada pela Nielsen BookScan divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil apontou que o acumulado de vendas no setor em 2021 já é maior que o número registrado em 2020, tanto em volume quanto faturamento: o aumento foi de 33% em volume e 31,1% no faturamento quando comparado ao mesmo período do ano passado. 

Até o momento, o varejo registra um total de 43,9 milhões de livros comercializados, com faturamento de R$1,83 bilhões. Em todo o ano de 2020, foram vendidos 41,9 milhões de exemplares, cuja receita correspondeu a R$1,74 bilhões. Os números nacionais animam, mas a Bahia vai na contramão dessa realidade.

A Snel não divulga números regionalizados, mas donos de livrarias procurados pelo CORREIO apontaram que a tendência no ano foi de queda, girando em torno de 20%. Mais do que isso, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo IBGE, apontou que o varejo de Livros, jornais, revistas e papelaria teve queda acumulada de 23,7% até o último mês de Outubro dentro do Estado.

No início deste ano, Salvador perdeu quatro de suas maiores livrarias: a Saraiva encerrou suas operações e fechou as lojas, mesmo destino seguido pela Livraria Cultura. O segmento de livros registrou seu pior desempenho em quatro anos, em 2020, quedas que chegaram a 44%.

Sócia-diretora da Editora Solisluna, da Bahia, Valéria Pergentino afirmou que o e-commerce foi uma grande luz que surgiu após o baque na pandemia. A editora já tinha um ambiente virtual organizado e também investiu em marketplaces para continuar vendas.

"Aqui na Bahia, sentimos que houve uma queda maior do que fora do Estado. Nossa estratégia foi justamente ampliar a distribuição. Temos livros distribuídos nacionalmente e isso deu fôlego para lançarmos muitos títulos neste ano", disse.

Valéria Pergentino é diretora da Solisluna

A Solisluna também investiu em parcerias, promoção de lives e, dessa maneira, também conseguia levar os livros a outros públicos. A ausência de festas literárias pesou muito na rotina da livraria e essa realidade começou a mudar a partir de agosto de 2021.

"Aqui na Bahia, sentimos agora, no fim de 2021, um aquecimento em função das livrarias que abriram. O Sebo das Galáxias tem todos os nossos títulos, há outras livrarias chegando e tem um sinal positivo de que tem um aquecimento. Isso tem mostrado uma possibilidade de novos espaços, os eventos voltam a acontecer e aqui na Bahia sempre tivemos festas literárias importantes, isso era importante para circulação", disse Valéria.

A Sebo das Galáxias foi inaugurada no último dia 3 de dezembro, ocupando o espaço deixado pela Livraria LDM no Cine Metha Glauber Rocha. Poeta e agitador cultural, James Martins é o nome à frente da Sebo, que aposta em atividades além da comercialização de livros para emplacar.

James pretende promover eventos culturais diversos, como saraus e recitais de poesia (a exemplo do seu Pós-Lida), encontros musicais e lançamentos de livros. "Estou empolgado e assustado ao mesmo tempo. O desafio é combinar meus desejos estéticos com a viabilidade comercial. Mas espero colaborar para agitar o espaço e promover discussões sobre a cidade, vida, poesia e tudo o mais", afirmou.

A saída da LDM do cinema foi para tentar novos voos. Diretor do espaço, que agora conta com uma loja física no Shopping Bela Vista, Primo Maldonado afirma que a queda nas vendas chegou a 60% em 2021, quando se compara ao período anterior à pandemia. Ele explica que a queda na comercialização de livros didáticos e escolares foi o que puxou esse número para baixo. O contraponto é a comercialização de ficções e romances, por exemplo, que tiveram uma subida.

Outro estudo divulgado pela Nielsen, Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o SNEL, aponta para o aumento de 115% em três anos no faturamento das vendas de e-books e audiolivros. Apesar de representar somente 4% da fatia no mercado editorial brasileiro, o crescimento acelerado chama atenção: o acervo de obras digitais cresceu 37%.

Por sua vez, a 5ª edição da Retratos da Leitura no Brasil mostrou que não só o mercado está se redefinindo, mas o próprio leitor. O estudo, realizado a cada quatro anos, ouviu 8.076 pessoas, em 208 municípios, entre eles, capitais como Salvador. O recorte mostrou que 34% compraram livros em papel ou formato digital. 17% já leram alguma obra digital e 22%, ouviram áudiobooks.

Especialista em varejo, Ana Paula Tozzi pontua que isso indica uma espécie de recomeço para o mercado editorial, saindo de um modelo em que havia livrarias gigantescas, com vários espaços para o formato de lojas de bairro com nichos para públicos específicos. O modelo de negócio deverá se encontrar na fusão do físico com o digital, ou seja, o ‘Figital’.

Estudante de 23 anos, Roberto Sousa acredita que o meio-termo é o ideal por ver que livrarias também podem ser espaços de socialização e pontua que foi nas antigas Saraiva e Cultura que conheceu parte de seus melhores amigos. Ele, que também é fã de e-books pela praticidade, disse que aumentou a sua rotina de leitura desde o início da pandemia porque encontrava, nas ficções, um escape da realidade. 

Presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira afirmou que  as pessoas encontraram nos livros o entretenimento necessário para lidar com o isolamento social e o cenário adverso. "Foi um redescobrimento do prazer de ler. Houve crescimento das vendas de livros impressos e também de conteúdo digital, cujo consumo registrou aumento de 81% em relação ao ano anterior. É preciso pontuar, ainda, os esforços comerciais como o estímulo a ações promocionais, a oferta de bons lançamentos e o estreitamento do relacionamento com os leitores nas redes sociais".

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