PolĂ­tica Ameaça

Ética: de ameaça à agressão, denúncias contra deputados aumentam 200%

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vive uma explosão de denĂșncias contra os parlamentares.

Por Metrópoles

30/06/2024 às 04:18:48 - Atualizado hĂĄ

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vive uma explosão de denĂșncias contra os parlamentares. Na atual legislatura, que engloba todo o ano de 2023 e o primeiro semestre de 2024, jĂĄ são 34 representações com instauração de procedimento disciplinar para apurar descumprimento de decoro parlamentar. O nĂșmero Ă© maior do que em trĂȘs legislaturas completas, entre 2007 e 2019. Na Ășltima legislatura, houve aumento de 200% das denĂșncias em relação ao perĂ­odo entre 2011 e 2015.

As representações no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar são denĂșncias variadas: hĂĄ agressões fĂ­sicas dentro do Congresso, ameaças, ofensas e atĂ© acusação de ordem para assassinato, caso do deputado atualmente preso Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Os dados sobre os processos abertos no Conselho apontam um cenĂĄrio singular a partir de 2019.

A legislatura entre 2019 e 2023 alcançou 60 representações contra a Ă©tica de deputados, sendo que não houve denĂșncia em 2020, inĂ­cio da pandemia de Covid-19. O nĂșmero Ă© maior do que a soma das trĂȘs legislaturas anteriores: 2015 - 2019 (28 representações), 2011 - 2015 (20 representações), 2007 - 2011 (10 representações).

Entre 2023 e 2024, atĂ© o momento, contando somente processos instaurados, tambĂ©m hĂĄ mais apurações no Conselho do que cada uma dessas legislaturas. O nĂșmero vai subir após a abertura de investigação de casos jĂĄ adiantados por deputados nas Ășltimas semanas, como o pedido de Erika Kokay (PT) para punir o sargento Fahur (PSD-PR) por ter dado dedo para manifestantes contra o PL do Aborto.

Para Rubens Beçak, doutor em Direito Constitucional e professor da Universidade de São Paulo (USP), o aumento do uso das redes sociais na polĂ­tica Ă© um dos fatores que pode explicar a recorrĂȘncia de casos contra o decoro parlamentar.

"Muitas vezes o parlamentar fala para a câmera. Então, as agressões e os xingamentos estão sendo filmados ali. Não Ă© o repórter que estĂĄ filmando, Ă© o próprio parlamentar, um colega ou alguĂ©m da equipe que estĂĄ filmando. E ele coloca isso na rede, ou em detração ao outro ou atĂ© mostrando como ele Ă© valente. Não podemos desconsiderar este fator das mĂ­dias sociais nesse incremento desse comportamento não desejĂĄvel", avalia.

"Veado", "bandido", soco e mais

A maior parte das acusações contra a Ă©tica de deputados acaba sendo filmada e compartilhada nas redes sociais. Uma confusão na Comissão de Trabalho entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Dionilso Marcon (PT-RS) em 2023, por exemplo, viralizou.

O petista disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia levado uma facada "fake", fazendo referĂȘncia ao crime de AdĂ©lio Bispo. Eduardo partiu para cima de Marcon, o chamou de "veado" e "filho da put*", e precisou ser contido. A representação do PT contra o deputado do PL acabou arquivada naquele mesmo ano.

JĂĄ o partido de Bolsonaro representou contra Sâmia Bomfim (PSol-SP) em 2023, após a deputada ter chamado o general Girão (PL-RN) de "bandido", "terrorista" e "fascista". Outra representação, dessa vez do PSol contra Girão, tentava a punição do deputado conservador por ele ter dito que ia "levantar e dar um soco" em Glauber Braga (PSol-RJ). Ambas foram arquivadas.

TambĂ©m não prosperou, mas gerou abertura de processo uma fala de Fernanda Melchionna (PSol-RS) contra a famĂ­lia Bolsonaro, que ela chamou de "familĂ­cia", e uma acusação de Lindbergh Farias (PT-RJ) contra Carla Zambelli (PL-SP), em que ele chama a parlamentar de "terrorista".

Atualmente, entre os processos em tramitação, hĂĄ a representação contra Glauber Braga por expulsar com empurrões e chutes um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) de dentro da Câmara dos Deputados, em 16 de abril deste ano.

DenĂșncias

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar foi criado em 2001 e Ă© composto por 21 membros titulares e 21 suplentes, com mandato de dois anos. HĂĄ atuação do grupo quando a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados solicita a instauração de processo disciplinar.

Qualquer pessoa pode pedir uma apuração contra qualquer deputado federal, seja parlamentar ou cidadão. Os trabalhos do Conselho são regidos por um regulamento próprio, de acordo com o Código de Ética e no Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Fonte: Metrópoles
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