Geral caso evandro

"O que me manteve firme foi saber que não devia", diz pai de santo torturado pela morte de Evandro

Por Jornalista Luciana Pombo

22/06/2021 às 15:49:43 - Atualizado há

Na imprensa, Marcineiro ficou conhecido como um dos "bruxos" de Guaratuba, tendo respondido pelo crime ao lado de Beatriz e Celina Abagge, filha e esposa do prefeito Aldo Abagge no ano de ocorrência do crime, 1992. Agora, material divulgado pelo jornalista Ivan Mizanzuk mostra que a narrativa da acusação foi construída por tortura. Tanto no podcast Projeto Humanos: Caso Evandro, quanto na série da Globoplay, é possível observar Marcineiro ofegante, com narrativas que não fazem parte do que viria a constar na denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Para o processo judicial, apenas a confissão final foi utilizada.

Durante a entrevista concedida ao repórter Antônio Nascimento, o pai de santo explica que o que fez ele se manter “firme e forte” até aqui foi saber que a verdade uma hora apareceria. “É complicado você não poder honrar seu nome, dar sustento para seus filhos, ver a barriga deles roncando, porque o sistema e a mídia marrom nunca quis saber a verdade do que estava acontecendo”, diz.

Em 1998, Marcineiro, as Abagge, Vicente de Paula Ferreira, Davi dos Santos Soares, Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos das acusações pelo júri popular. Em 2011, porém, Marcineiro acabou condenado a mais de 20 anos de prisão.

À Banda B, o pai de santo descreve que nunca se sentiu um monstro, com apontado pela imprensa, mas sim “impotente”. “É complicado, eu tenho tanta coisa engasgada por causa dessa injustiça que a gente passou. Até hoje sofro com isso, mas agora temos esses anjos de guarda: Luiz Carlos de Oliveira e agora o Ivan, que mostrou a verdade”, agradece.

Anos na prisão

Sobre os anos na prisão, Marcineiro explica que sempre manteve boa convivência com outros detentos, mas que sofria por parte de outras pessoas. “Nunca um preso encostou um dedo em mim e falou qualquer coisa contrária. Lá dentro existe uma espécie de tribunal deles, mas nenhum acreditou que estávamos mentindo. Os presos escondiam comida para dar para a gente, mesmo abandonados pela sociedade”, lembra.

Dúvidas

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, que atuou principalmente na investigação do outro menino desaparecido de Guaratuba, Leandro Bossi, ainda questiona se o corpo encontrado era de fato de Evandro. “Eu suspeitava que aquele cadáver poderia ser até de Leandro, mas do Evandro era quase impossível, tendo em vista que existia uma foto desse menino com uma bermuda na época do desaparecimento e no caixão ele com a mesma bermuda, que na verdade era um shorts. Um tempo depois, uma ossada apareceu com a cueca do Leandro. Será que esse corpo não saiu do mesmo lugar que o primeiro”, questiona o delegado.

Ivan Mizanzuk, no podcast Projeto Humanos, diz acreditar que o corpo é de Evandro. A conclusão leva em conta principalmente o exame de DNA.

Música

Para homenagear o pai, após as revelações, os filhos de Marcineiro divulgaram uma canção. A música pode ser ouvida no player abaixo:

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