Mitzi Vedan de Ramos, de Piraí, é campeã pan-americana de xadrez

A região dos Campos Gerais tem uma das melhoras jogadoras de xadrez do continente. Mitzi Vedan de Ramos, estudante de Ponta Grossa, mas que representa a cidade de Piraí do Sul, conquistou a 31ª edição do Festivan Pan-americano da Juventude. Neste ano, por conta da pandemia de covid-19, o evento ocorreu no formato híbrido e a adolescente levou o título na categoria F14.

Prestes a completar 14 anos, Mitzi faturou o Pan com emoção. Na última rodada, a americana Aradh Kaur liderava a categoria com meio ponto de vantagem sobre a representante do Clube de Xadrez Piraí.

Mitzi estava na mesa 2 enfrentando a catarinense Clara Dias. Na 3 estava a mexicana Elizabeth Schahrazad, que também estava na briga pelo título internacional. Já a norte-americana aguardava a adversária que teve atraso de 40 minutos. Todo esse cenário tornou o clima mais tenso em uma modalidade que exige concentração e raciocínio.

A "batalha" de Mitzi contra Clara durou quase 4 horas. Ela conseguiu segurar o empate na partida, somou meio ponto e ficou igualada com a norte-americana na classificação geral. No entanto, a paranaense levou vantagem no primeiro critério de desempate: o confronto direto. Comemoração de Mitzi, da família e da comissão técnica que a acompanha desde muito cedo.

É o caso do professor Maurides Júnior, de Piraí do Sul. "Acompanho faz algum tempo a família toda. Então desde que Mitzi é pequenina tenho contato com a família e com a jovem campeã. Passou a ser mais frequente depois que ela entrou para a equipe de alto rendimento de Piraí. Já são uns 4 ou 5 anos", conta. Além dele, fazem parte da rotina os técnicos Gustavo Horokoski e Kathiê Goulart Librelato.

A família de Mitzi é de Piraí do Sul e possui chácara no município dos Campos Gerais. Porém, residem atualmente em Ponta Grossa. A menina é estudante do Colégio Integração, que também comemorou o feito. "Parabéns, Mitzi! E vem mais por aí", publicou a direção da instituição de ensino na expectativa por novas conquistas.

A vitória internacional rendeu a ela homenagem na Assembleia Legislativa do Paraná, da qual recebeu reconhecimento em sessão.

Receita do sucesso

O que torna uma jovem de 13 anos uma das melhores do continente? Maurides não tem dúvidas de que a dedicação de Mitzi a coloca em primeiro lugar.

"Penso que, em qualquer atividade que a gente queira se destacar ou seguir em frente, uma das principais características é a disciplina, o compromisso? a Mitzi é muito disciplinada, muito autocrítica e a determinação dela é inspiradora. Se fosse resumir em uma única palavra, a principal característica é a disciplina", assegura o professor.

Assim como em modalidades mais populares, o xadrez também é exigente na questão estratégica. A preparação de Mitzi para o Pan envolveu observar o próprio jogo e o estudo de adversárias, o que é viável pelos meios digitais.

"A preparação varia de acordo com o evento que vai participar. Geralmente buscamos conhecer os possíveis adversários e então analisamos os estilos de jogo, pontos fortes, fracos. É com base nisso que preparamos as aberturas, apresentando as vulnerabilidades e ideias das aberturas", explica Maurides.

"A Mitzi é extremamente dedicada, o que faz com que a nossa tarefa seja facilitada. Sem dúvida, é um privilégio poder participar da evolução dela", completa o treinador.

Palavra de campeã

Com apoio da família, de patrocinadores e do Clube de Xadrez de Piraí, Mitzi Vedan Ramos já havia participado do Pan no Equador e do Sul-Americano na Argentina. Nas temporadas anteriores, os resultados não foram tão expressivos quanto este, o que mostra a persistência da jogadora pela evolução.

"No xadrez quero sempre seguir melhorando e aprendendo coisas novas. O xadrez tem essa vantagem, pois não tem como saber tudo. Cada dia a gente descobre mais coisas. É infinito. Não tem uma limitação de conhecimento. Quero alcançar o máximo do meu potencial e quero que faça parte também da minha vida profissional", diz Mitzi, que sonha seguir no esporte e conduzir carreira como escritora.

As primeiras peças ela moveu ainda na escola. "Conhecia o xadrez, mas não sabia muito bem o que era. Eu quis jogar. Foi ali que comecei a pegar gosto. Depois que aprendi não parei mais. O xadrez se tornou parte muito importante da minha vida. Hoje eu não consigo me imaginar sem o xadrez", afirma a adolescente, que é apaixonada por matemática e faz balé.

No xadrez, Mitzi tem pela frente ao menos cinco desafios: os Jogos Escolares Brasileiros, no Rio de Janeiro; a II Taça Piraí de Xadrez Feminino online; o Circuito Piraiense de Xadrez; os Jogos da Juventude do Paraná; e o Floripa Open – evento internacional. A comissão técnica também aguarda definições do calendário da Confederação Brasileira de Xadrez e da Federação Internacional de Xadrez.