No final de agosto, depois de muito esforço, brigadistas conseguiram controlar um incêndio no Parque Nacional de Ilha Grande, no município de Guaíra. Na última terça-feira, 7, um novo foco teve início. Desta vez na cidade de Altônia.
O biólogo Erick Caldas Xavier, proprietário de um sítio na região, diz que é possível ver as chamas de longe. Os moradores também estão registrando a fuga desesperada de animais e a morte de pássaros, provavelmente intoxicados pela fumaça.
“Nessa última terça-feira, que foi feriado, e é sempre assim, esses incêndios criminosos ocorrem em finais de semanas e feriadões, a gente já percebeu que aqui do sítio a gente podia ver um grande clarão na região aqui de Altônia se estendendo até a região de Guaíra”, diz Xavier.
“As pessoas que são aqui da região têm visto cervo do Pantanal atravessando o Rio Paraná, e o mais chocante, o mais apavorante que a gente viu de imagens são algumas aves caindo na água, seja fugindo do fogo intoxicadas pela fumaça, o vento muda de direção e elas, eventualmente, podem se intoxicar, e elas acabam caindo na água e dali elas vão morrer afogadas”, afirma o biólogo. “É uma situação recorrente, infelizmente, cada vez mais frequente, triste e grave”, complementa.
A biodiversidade ameaçada pelos constantes incêndios pode encontrar refúgio em experiências que unem o conceito de preservação da natureza à economia.
No sítio de Erick, ele e a família estão desenvolvendo o que se chama de conversão agroecológica. Uma área de um hectare de pastagem degradada deu lugar ao plantio de café e floresta. Algumas espécies de árvores ainda são pequenas, mas as maiores já atraem pássaros, como o periquito rei.
“Desde 2019, nós tomamos uma decisão aqui de transformar áreas de pastagem em agrofloresta. Então, nós estamos aqui na propriedade por uma conversão agroecológica, fazendo uma transição agroecológica da propriedade, para produzir café sombreado, café com floresta, um café que vai se desenvolver e vai crescer protegido pelas árvores nativas e, também, frutíferas de outras espécies comerciais”, conta o biólogo.
“Era uma área totalmente vazia e que agora já tem, depois de mais de um ano de implantação, os cafés plantados, as árvores nativas já crescendo, se desenvolvendo e já servindo de refúgio para algumas espécies. A gente já conseguiu ver, por aqui, pela primeira vez, por exemplo, o periquito rei”, completa.
Tem previsão de chuva para Altônia nesta sexta-feira, 10. A CBN Maringá entrou em contato com o Coripa, consórcio intermunicipal que presta apoio na conservação do Parque Nacional de Ilha Grande e aguarda um retorno.
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