Geral conflito

Combates, caos e desespero no sul de Gaza por guerra entre Israel e Hamas

Tropas israelenses e milicianos do Hamas travaram combates intensos neste sábado (27) no sul da Faixa de Gaza, continuando a empurrar milhares de deslocados que vivem em “condições desesperadoras” em direção à fronteira do território palestino com o Egito.

Por Da Redação

27/01/2024 às 19:12:25 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

Tropas israelenses e milicianos do Hamas travaram combates intensos neste sábado (27) no sul da Faixa de Gaza, continuando a empurrar milhares de deslocados que vivem em “condições desesperadoras” em direção à fronteira do território palestino com o Egito.

No território cercado, a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) está na mira das autoridades israelenses, que acusaram alguns funcionários da organização de envolvimento no ataque violento do Hamas de 7 de outubro que desencadeou a guerra.

Israel pretende garantir que a UNRWA não tenha nenhum papel em Gaza após o conflito, afirmou neste sábado o chefe da diplomacia do país, Yisrael Katz. O movimento islamista palestino Hamas denunciou “ameaças” israelenses contra a agência.

Oito países suspenderam desde sexta-feira seu financiamento à UNRWA: Estados Unidos, Austrália, Canadá, Finlândia, Reino Unido, Itália, Países Baixos e Alemanha.

O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, considerou “chocante ver a suspensão de fundos para a agência em resposta às acusações contra um pequeno grupo de seu pessoal”, tendo em vista que já foram tomadas medidas e que dessa ajuda “depende a sobrevivência de dois milhões de pessoas” em Gaza.

A Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, instou esses países a recuar e fornecer “o máximo apoio a esta organização internacional”, que implementa programas essenciais para a vida e sobrevivência de milhões de palestinos no Oriente Médio.

Os combates estão concentrados atualmente em Khan Yunis, a maior cidade do sul de Gaza e onde os dois principais hospitais abrigam milhares de deslocados.

Um deslocado de 28 anos morreu na entrada da sala de emergência do hospital Al Amal por disparos israelenses, informou o Crescente Vermelho Palestino.

Mais ao sul, centenas de milhares de civis estão aglomerados em Rafah, perto da fronteira com o Egito, onde vivem em “condições desesperadoras”, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

– ‘Nenhum lugar seguro’ –

A ONU calcula que quase 1,7 milhão dos mais de 2,3 milhões de habitantes de Gaza precisaram abandonar suas casas desde o início da guerra.

Rafah, cidade próxima à fronteira com o Egito para onde muitos foram em busca de refúgio, também não escapa das bombas. “Não há nenhum lugar seguro na Faixa de Gaza. Tudo o que se diz é falso”, declarou Mohamed Al Chaer entre as ruínas do seu bairro.

Durante a noite, as chuvas intensas inundaram os campos de deslocados, de acordo com imagens da AFP.

“O que está acontecendo não faz sentido. Que abram os pontos de passagem para que possamos ir embora! Não há mais nada em Gaza: não há escolas, nem educação, nem produtos essenciais”, disse Hind Ahmed, de 29 anos.

Mas um transeunte o confronta: “Não sairemos de Gaza! São os judeus que chegaram até aqui e são eles que devem partir!”, defende.

À beira das estradas, dezenas de comerciantes vendem mercadorias recuperadas dos comboios de ajuda humanitária pelo dobro do preço, principalmente enlatados, colchões e cobertores.

A guerra começou em 7 de outubro com o ataque de combatentes islamistas, que mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais israelenses.

As ações de represália, com bombardeios incessantes e ações terrestres em Gaza, deixaram até o momento 26.257 mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde da Faixa.

“Disparos de tanques apontam desde a manhã para os setores do oeste da cidade, para o campo de refugiados de Khan Yunis e os arredores do hospital Nasser”, onde provocaram “um corte de energia elétrica”, anunciou o movimento islamista Hamas, no poder em Gaza desde 2007.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou que a capacidade cirúrgica do hospital Nasser, o maior da cidade, é “quase inexistente” e que os poucos profissionais da saúde que permanecem no centro médico trabalham com pouco material.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 350 pacientes e quase 5.000 deslocados pelos combates estão no hospital.

Israel acusa o Hamas de ter construído túneis sob os hospitais de Gaza e de utilizar estes edifícios como centros de comando.

– Reunião em Paris –

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia determinou na sexta-feira que Israel deve prevenir possíveis atos de “genocídio” em Gaza e facilitar a entrada de assistência humanitária. No entanto, esse tribunal, a mais alta instância judicial da ONU, não possui meios para fazer cumprir suas decisões.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou neste sábado sua determinação de continuar a ofensiva até “eliminar o Hamas”.

“Se não eliminarmos os terroristas do Hamas [..], o próximo massacre será apenas uma questão de tempo”, declarou em um discurso transmitido pela televisão.

Catar, Egito e Estados Unidos tentam atuar como mediadores para obter uma nova trégua, que incluiria a libertação de reféns e prisioneiros palestinos, como aconteceu no final de novembro.

Quase 100 reféns foram libertados naquela ocasião em troca de presos palestinos. Segundo as autoridades israelenses, 132 reféns continuam em cativeiro na Faixa de Gaza, dos quais 28 estariam mortos.

Uma fonte dos serviços de segurança afirmou à AFP que o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) americana se reunirá com autoridades de Israel, Egito e Catar “nos próximos dias em Paris” para tentar obter um acordo de trégua com o Hamas.

str-bur/pbt/mas-hgs/jvb/fp/rpr/ic

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Fonte: Isto É
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