Spotify reduz custos na luta para transformar popularidade em retorno

O Spotify atravessa duas semanas tumultuadas. Ao despertarem na segunda-feira da semana passada, milhares de colaboradores da empresa de tecnologia foram surpreendidos por demissões em massa, acompanhadas de uma mensagem incisiva do CEO, Daniel Ek. Ek afirmou que havia excesso de pessoal no Spotify "trabalhando por trabalhar", sem causar um impacto real.

No dia seguinte, o diretor financeiro, Paul Vogel, vendeu US$ 9 milhões em ações, aparentemente para capitalizar a reação positiva do mercado às demissões em larga escala. Dois dias depois, Ek anunciou outra surpresa: Vogel estava entre os que deixariam a empresa.

Ek declarou que o Spotify ingressou "em uma nova fase" e necessita de um diretor financeiro com uma combinação diferente de experiências. A saída de Vogel está programada para o final de março.

Ao longo deste ano, o Spotify demitiu cerca de 2,3 mil funcionários, aproximadamente 25% da equipe. Ek admitiu que a profundidade dos cortes pegaria muitos de surpresa, dado que as operações do Spotify estão indo bem.

Antes das demissões em 4 de dezembro, as ações do Spotify haviam valorizado 130% em 2023. Nos primeiros nove meses do ano, conquistou 85 milhões de usuários, com 21 milhões sendo assinantes pagos, mesmo após aumentar os preços em vários países.

Na disputa do streaming de vídeo, a Netflix lidera, enquanto o Spotify está a caminho de uma vitória no streaming de música.

Apesar da popularidade, o Spotify nunca conseguiu lucros consistentes. Ek justificava o modelo de negócios falho. Agora, Ek encerra uma era de contratações excessivas, que elevou os custos significativamente.

Os investidores inicialmente aplaudiram os investimentos de Ek em podcasts, mas em 2022, Wall Street perdeu a paciência. As ações do Spotify caíram 66% naquele ano. Agora, Ek explicitamente encerra a era de gastos desenfreados, reconhecendo a necessidade de criatividade e eficiência.

Analistas acreditam que o controle de custos pode impulsionar os lucros do Spotify, e o mercado reagiu positivamente, com as ações subindo cerca de 10% desde os cortes em 4 de dezembro.

No entanto, para os milhares de desempregados, essa notícia é um consolo amargo. O Spotify também cancelou dois podcasts prestigiados na semana passada, indicando uma mudança nas ambições da empresa. Os próximos anos podem envolver redução de custos, aumento de preços e, possivelmente, saída de países deficitários. O ardor revolucionário dos primeiros dias do streaming parece ter cedido à realidade da gestão de uma empresa de capital aberto, com Ek finalmente atendendo às demandas para reduzir custos excessivos.