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Agroflorestas urbanas aliam alimentação saudável e geração de renda no Paraná

Produzir alimentos agroecológicos nas cidades, recuperar espaços abandonados ou degradados em áreas produtivas, oferecer alimentação saudável e gerar renda são alguns dos benefícios listados por aqueles que estão à frente de projetos de agroflorestas urbanas no Paraná.

Por Da Redação

31/10/2023 às 13:42:29 - Atualizado há

Produzir alimentos agroecológicos nas cidades, recuperar espaços abandonados ou degradados em áreas produtivas, oferecer alimentação saudável e gerar renda são alguns dos benefícios listados por aqueles que estão à frente de projetos de agroflorestas urbanas no Paraná.

Exemplos demonstram que o impacto dessas experiências tem sido de extrema importância para as comunidades envolvidas. É o caso da Agrofloresta Papa Francisco, criada pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Vila Sabará, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Segundo a Irmã Anete Giordani, gestora do Centro e idealizadora da Agrofloresta, a história começa a partir de um terreno doado à entidade. A construção do espaço foi fruto de trabalho voluntário coletivo.

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"No dia 1º de maio de 2021, fizemos todo o trabalho de limpeza do terreno, juntando todos os ferros, tijolos, pedras, restos de construção e o MST veio com os tratores para fazer o trabalho de organização daquele pedaço do terreno e lá já foram plantadas as mudas", relembrou Irmã Anete.


Agrofloresta Papa Francisco, criada pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM), em parceria com o MST, na Vila Sabará, no CIC. / Divulgação

Um mutirão de 50 pessoas voluntárias construiu o espaço a partir de 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos, além de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas plantadas em uma área de 3 mil metros.

"Estamos dentro de uma área de preservação ambiental, e lá nós teríamos muitas coisas para trabalhar: a questão do bioma, do planeta, do aquecimento global. É muito além da Agrofloresta. Quando ela foi criada, não foi só para produzir alface, cenoura, beterraba, repolho, brócolis. Foi para ser um disparador de toda uma formação para o cuidado com o meio ambiente e com a nossa terra", conta Irmã Anete.

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Mais de 450 pessoas, entre idosos, crianças e adolescentes são atendidos pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM) que possui quatro unidades na Vila Sabará. Pensando nesta comunidade atendida pela entidade, é que o projeto também foi criado.

 "Estamos dentro de uma APA, de uma área de preservação ambiental, e lá nós teríamos muitas coisas para trabalhar, a questão do bioma, a questão do planeta, do aquecimento global, então é muito além da Agrofloresta. Quando ela foi criada, não foi só para produzir alface, cenoura, beterraba, repolho, brócolis. Foi para ser um disparador de vários temas, de toda uma formação para o cuidado com o meio ambiente e com a nossa terra. Entre os nossos objetivos, destacamos a sensibilização de todos sobre a importância de cultivar relações humanas de partilha e solidariedade e para o respeito e cuidado com o meio ambiente," diz.

Anette cita também que, atualmente, já estão colhendo verduras, frutas e legumes que abastecem a comunidade e também gera renda para o Centro.  

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Agrofloresta Papa Francisco, criada pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM) / Divulgação

Mutirões Marmitas da Terra estreitam relação entre campo e a cidade

Outro exemplo exitoso são os mutirões para criar espaços de agrofloresta nos meios urbanos coordenado pela Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA).

Fernando Rinaldi, integrante da coordenação da ELAA, explica que os mutirões surgiram a partir da experiência das Marmitas da Terra — ação de solidariedade liderada pelo MST durante a pandemia.

"Para além do preparo das marmitas com esse grupo de voluntários, que era um grupo bem diverso, com pessoas, professores aposentados, professores, organizações, comunidades urbanas, periféricas, que vinham contribuir na produção das marmitas, a gente também avaliou a importância de que se estreitasse mais essa relação entre campo e cidade", explica.

A partir desse momento, conta Fernando, se inicia um diálogo entre a Coordenação do MST, a Coordenação da Secretaria Estadual do MST em Curitiba, a Escola Latino-Americana de Agroecologia, Assentamento Contestado para pensar a estratégia de levar estes voluntários que haviam colocado a mão na massa no preparo das marmitas, para fazer o trabalho de pôr a mão na terra e vivenciar todos os processos desde a produção do preparo de solo, a produção de alimentos, o seu desenvolvimento, a limpa, toda maneira que tem que ser feita até o preparo das marmitas.

A primeira experiência do Mutirão Marmitas da Terra foi a implantação de uma Agrofloresta na propriedade certificada orgânica dos agricultores familiares Daniele Santos Brunsfeld e Alexandre Onishi. "O mutirão inicia a partir de um diálogo com a família, com objetivo de construir uma proposta de agrofloresta, com a proposta montada, dá se início no trabalho prático de implantação, pela orientação técnica dos coordenadores responsáveis, explicando todos os processos de desenho do croqui, preparo de solo, escolha das espécies vegetais e plantio," cita Fernando.  

Horta Comunitária beneficia 1200 famílias em Campo Magro

A partir dessa primeira experiência, outras começam a acontecer como, por exemplo implantação de uma grande horta coletiva na comunidade Nova Esperança, Campo Magro, região metropolitana de Curitiba. Cerca de 1.200 famílias vivem na ocupação Nova Esperança desde maio de 2020, em uma área pública do Estado do Paraná, abandonada há mais de 12 anos. Entre as mais de cinco mil pessoas moradoras da comunidade, cerca de 1,6 mil são crianças. 

A comunidade, com a ajuda do Mutirão, criou uma horta comunitária de 15 mil metros quadrados, que já garante alimentação saudável e geração de renda aos moradores.

Voluntariado recebe treinamento

Os voluntários passaram a receber um treinamento no Assentamento Contestado e em outras comunidade e aprenderam a preparar o solo, preparar os canteiros, fazer o processo de adubação, cobertura, plantio, manutenção, limpeza, capina seletiva das hortas. Depois também tem o momento de aprender a fazer a colheita.

Luísa Mainardes era estudante de jornalismo quando se voluntariou a participar dos mutirões e diz que a experiência foi transformadora. "Conheci o projeto por conta da faculdade de Jornalismo. A ideia de participar foi crescendo em mim até que mandei uma mensagem no Instagram do Marmitas perguntando como poderia participar. Até o final de 2022, eu participei da produção das marmitas, praticamente todas as quartas-feiras. Depois que as marmitas pararam, o projeto passou por uma reestruturação e, por um tempo, a única atividade que tínhamos eram os mutirões e, por isso, eu resolvi ir para ver como era. E desde então, eu tento ir sempre que consigo, porque é maravilhoso e transformador. Normalmente, dividimos as funções de acordo com a experiência de cada um, separando os mais experientes daqueles que estão indo pela primeira vez. As demandas sempre são diferentes, mas fazemos principalmente o plantio, a manutenção e a colheita de vários alimentos, como couve, brócolis, escarola, repolho e outras plantações maiores, como feijão," relata.

Esta matéria integra a Edição Especial da 20o. Jornada da Agroecologia que acontece em novembro na cidade de Curitiba.

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