Chacina de Vigário Geral, que deixou 21 mortos, completa 30 anos

Há 30 anos, moradores da favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, viviam uma madrugada de horror. 21 pessoas foram executadas à queima roupa por policiais militares, em vários pontos da comunidade. A chacina de Vigário Geral foi mais uma que chocou o Brasil naquele ano de 1993, apenas 39 dias depois do massacre da Candelária.

De acordo com o Tribunal de Justiça, das 52 pessoas denunciadas por envolvimento no crime, apenas 4 foram condenadas. Dois condenados receberam liberdade condicional após cumprir parte da pena, um foi morto enquanto cumpria o regime semiaberto e outro foi assassinado enquanto aguardava em liberdade o julgamento de recurso. Outros réus chegaram a ser condenados no primeiro júri, mas foram absolvidos em julgamentos seguintes.

As investigações apontaram que os agentes envolvidos faziam parte de um grupo de extermínio. Os policiais buscavam vingança pela morte de quatro companheiros mortos um dia antes do massacre pela facção criminosa que controlava o tráfico na favela. Mas escolheram as vítimas da retaliação de forma aleatória. Nenhuma delas tinha relação com a quadrilha que matou os policiais.

Para Iracilda Toledo, viúva de Adalberto Souza, uma das 21 vítimas, passadas três décadas do massacre, a dor da perda do marido ainda é a mesma.

Adalberto foi executado junto com seis pessoas quando estavam em um bar da comunidade. Em uma casa, próxima dal, oito pessoas de uma mesma família também foram executadas. Outras seis pessoas foram mortas na rua.

Iracilda Toledo afirma que nada mudou de lá pra cá e que a violência continua fazendo vítimas inocentes no estado.

No ano passado, as 13 famílias das vítimas voltaram a receber pensão vitalícia do Estado, por meio de um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa.

Para marcar a data, estão previstas várias ações nesta terça-feira. Um monumento com os nomes dos 21 mortos será inaugurado na Praça Catolé do Rocha, na comunidade. À noite, uma missa será celebrada pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, e o monumento do Cristo Redentor será iluminado de verde.