Mãe de aluno envia carta à direção da escola pedindo ajuda contra violência doméstica: 'Ele disse que se eu falasse para alguém, ele ia me matar'

Um adolescente de Goioxim, na região central do Paraná, entregou à direção da escola em que estuda uma carta escrita à mão pela mãe na qual ela pede ajuda contra violência doméstica. O g1 teve acesso com exclusividade a trechos do pedido.

Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o caso aconteceu após o adolescente participar de uma palestra sobre o Agosto Lilás, mês dedicado a campanhas de conscientização pelo fim da violência contra a mulher.

"Eu e meus filhos precisamos de ajuda. Meu marido é muito agressivo comigo e com o meu filho, que não é filho dele. Precisamos de um lugar para ficar bem longe, pois ele nos ameaça muito, até de nos matar. Ele não nos deixa sair sem ele estar junto, para lugar nenhum. [...] Eu peço socorro", diz trecho da carta.

Em outro trecho, a mulher suplica: "Eu não tenho mais força, eu preciso de ajuda, pois tenho filhos para criar, são a minha vida".

"Eu não sei quem poderá me ajudar, mas se você ler esta carta espero que me ajude. É caso de Polícia e de Conselho. Ele disse que se eu falasse para alguém, ele ia me matar. Ele ameaça até meus familiares, disse que quem me ajudar, ele mata ou manda alguém matar", diz outro trecho.

O homem não teve a identidade divulgada pelas autoridades. O caso está sob sigilo. O g1 tenta localizar a defesa do suspeito.

Entenda o caso

De acordo com o MP, a mulher relatou que ela e os filhos viviam sob constante controle e ameaças - inclusive de morte - por parte do marido dela.

Conforme o relato escrito pela vítima, eles eram vigiados e nunca podiam sair de casa sem o agressor.

A direção da escola encaminhou a carta à Rede de Proteção do Município, que levou a situação ao Ministério Público.

A Promotoria de Justiça pediu a adoção imediata de medida protetiva para a mulher e os filhos dela.

O homem de 55 anos foi proibido de se aproximar da mulher e dos filhos. Ele também foi obrigado a frequentar o Projeto Renascer, que conscientiza agressores, com possibilidade de prisão em caso de descumprimento.

A mulher, o filho adolescente dela, fruto de outro relacionamento, e os dois filhos do casal, de 2 e 7 anos, foram encaminhados a um abrigo mantido pela Prefeitura de Goioxim.

O Ministério Público também informou que pediu a abertura de um inquérito para que o caso seja investigado.

Segundo os promotores, como a investigação está no começo, ainda não há definição sobre a quais crimes o homem deve responder.

"Mas, em uma análise preliminar, cárcere privado agravado pelo grave sofrimento moral", informa o MP.

Como denunciar casos de violência doméstica

A Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias de violência, orienta mulheres sobre seus direitos e faz o encaminhamento para outros serviços quando necessário. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. É possível ter acesso ao atendimento por meio de uma ligação gratuita para o número 180, por meio de um e-mail para [email protected], pelo aplicativo Proteja Brasil ou no site da ouvidoria.

O Disque Direitos Humanos atende situações graves de violações dos direitos humanos que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso. O serviço aciona os órgãos competentes a cada situação e busca possibilitar o flagrante. Para entrar em contato basta ligar para o número 100. O serviço funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

Caso o crime esteja ocorrendo, a denúncia deve ser feita diretamente à Polícia Militar pelo 190.