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Na Panvel, um "O Boticário" dentro de casa (e um trunfo para aumentar a margem)

As redes de supermercados foram pioneiras na adoção de marcas próprias como forma de atrair consumidores com produtos de preço acessível.

Por Da Redação

19/08/2023 às 06:35:30 - Atualizado há

As redes de supermercados foram pioneiras na adoção de marcas próprias como forma de atrair consumidores com produtos de preço acessível. Essa estratégia logo foi adotada pelas redes de farmácias, que também investiram em suas próprias linhas de produtos.

Atualmente, a rede de farmácias Panvel, que foi uma das precursoras dessa estratégia, está intensificando seus esforços em relação à sua marca própria, focada principalmente na área de higiene e beleza.

Durante o primeiro semestre deste ano, a empresa ampliou sua variedade de produtos, somando agora mil itens em seu portfólio. Foram lançados 150 novos produtos nos primeiros seis meses de 2023, representando um crescimento de 60%. Além disso, a intenção é lançar mais 200 novos produtos sob sua marca nos próximos meses.

Julio Mottin Neto, CEO da Panvel, afirma: “A estratégia de marca própria é fundamental tanto para conquistar a fidelidade do consumidor como para impulsionar a margem da empresa. Somos, de certa forma, uma farmácia com uma abordagem semelhante à da ‘O Boticário’.”

As informações do balanço do segundo trimestre oferecem um panorama claro sobre os motivos por trás dessa estratégia. As vendas dos produtos fabricados internamente cresceram 17,7% em comparação ao mesmo período no ano passado, representando uma fatia de 6,9% do total das vendas varejistas da Panvel. Ao excluir os produtos relacionados à pandemia de COVID-19, esse desempenho salta para 28,7%.

As concorrentes da Panvel também estão robustas nesse segmento. A Pague Menos registrou um aumento de 15,7%, atingindo R$ 167,2 milhões nas vendas de seus produtos de marca própria no segundo trimestre, o que representa 6,8% da receita bruta de R$ 2,46 bilhões da empresa no período (sem considerar a Extrafarma).

A líder do setor, Raia Drogasil, divulgou que suas vendas de marcas próprias, como Natz, Nutrigood e Needs, totalizaram R$ 1 bilhão em 2022. A receita total do grupo no período foi de R$ 30,9 bilhões.

A marca própria da Panvel foi lançada em 1989 e gerou uma receita de R$ 74,52 milhões no último trimestre. A fim de competir com seus rivais, a rede do Rio Grande do Sul abrange diversos segmentos, desde produtos de beleza até alimentos e bebidas.

Os produtos de cuidados com a pele e beleza impulsionam as vendas, com destaque para a linha de maquiagem Panvel Make Up, que cresceu 26,7%, e a venda dos cremes da Panvel Faces, que aumentou 21% no trimestre. A linha Panvel Baby também teve um aumento notável de 37,7%.

Para sustentar essa estratégia, a Panvel conta com sua unidade fabril no Laboratório Industrial Farmacêutico, localizado em Porto Alegre (RS). Cerca de 35% dos produtos da marca Panvel são fabricados internamente, enquanto o restante, incluindo escovas de dentes, fraldas e maquiagens, é produzido por terceiros.

Aproximadamente 70% da produção em Navegantes é dedicada à marca Panvel, enquanto o restante é produzido para empresas como Riachuelo, D1000 e Araújo.

Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, observa: “A Panvel foi pioneira em investir na linha de saúde, bem-estar e beleza, mantendo um forte enfoque em marcas próprias, o que se tornou um ponto forte da empresa. Eles conseguiram estabelecer ao longo do tempo o hábito de compras em datas comemorativas com kits de produtos.”

No entanto, a Panvel enfrenta desafios para expandir a venda de sua marca própria. Seus produtos são vendidos apenas nas 574 lojas localizadas nos três estados da região Sul e na cidade de São Paulo, onde possui nove unidades. Os consumidores fora dessas áreas só podem adquirir os produtos por meio do e-commerce, cuja participação nas vendas aumentou de 15,7% para 19,4% em um ano.

Para superar essa limitação e diversificar seus canais de venda, a Panvel está considerando a possibilidade de disponibilizar seus produtos de marca própria em supermercados, perfumarias e lojas de cosméticos. Isso permitiria à Panvel ampliar sua presença em regiões onde suas lojas físicas não estão presentes. A empresa já recebeu abordagens de varejistas interessados em comercializar seus produtos, mas ainda não há uma decisão definitiva a respeito.

Essa expansão, no entanto, precisa ser cuidadosamente ponderada devido ao impacto na rentabilidade da operação. Produtos vendidos exclusivamente nas lojas da rede tendem a gerar maiores lucros.

Essa expansão por meio de novos canais seria uma solução de curto prazo, visto que a Panvel planeja abrir farmácias em outros estados somente a partir de 2025. Julio Mottin Neto observa: “O mercado valoriza muito a conveniência. Temos mais de 500 lojas na região Sul, mas acreditamos que há espaço para 800.”

No ano de 2023, a Panvel planeja inaugurar 60 novas farmácias, sendo apenas três ou quatro em São Paulo e as demais na região Sul. Essa é a terceira vez consecutiva que a empresa trabalha com esse número de inaugurações. Até o final do segundo trimestre, 32 novas unidades já foram abertas.

Quanto ao futuro, Neto expressa o desejo da empresa de expandir suas marcas próprias para o setor de medicamentos, o que atualmente não é permitido pela legislação brasileira. Ele comenta: “Seria interessante ter os genéricos da Panvel. Um dia isso vai mudar.”

No segundo trimestre, a Panvel apresentou uma receita bruta de R$ 1,17 bilhão, um aumento de 10,4% em relação ao mesmo período de 2022. O lucro líquido foi de R$ 25,2 milhões, uma redução de 6,1%. O Ebitda ajustado da empresa atingiu R$ 57,8 milhões, com uma margem de 5%.

A dívida líquida da Panvel aumentou de R$ 134,2 milhões para R$ 160,5 milhões em um ano, resultando em uma alavancagem de 0,9 vezes.

Os analistas de varejo da XP, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, destacam que os resultados do segundo trimestre estão em linha com suas estimativas. Eles ressaltam que a rentabilidade foi pressionada devido à base de comparação robusta do trimestre anterior, mas a composição das vendas e o desempenho do canal digital mantiveram a margem do varejo estável.

Na Bolsa de Valores (B3), as ações da Panvel acumularam um aumento de quase 40% desde o início do ano e atingiram seu maior valor (R$ 13,57 no pregão de 15 de agosto) desde abril do ano anterior. A empresa é avaliada em R$ 2 bilhões.

Fonte: Neofeed

Fonte: Biznews
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