Polícia Paraná

À polícia, guarda municipal relata que estudante baleado em abordagem não tinha faca

Caio Lemes, 17 anos, morreu com tiro na cabeça na Cidade Industrial de Curitiba. Em boletim de ocorrência, guardas citam legítima defesa. Garoto de 17 anos estava no 3º ano do Ensino Médio

Por G1

03/04/2023 às 20:59:21 - Atualizado há
Arquivo da família

O guarda municipal Anderson Bueno, um dos envolvidos na abordagem que acabou com a morte do estudante Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, disse à polícia que o jovem não estava com uma faca.

Ele prestou depoimento nesta segunda-feira (3) e relata versão diferente da registrada inicialmente pelos outros guardas envolvidos na ação.

Caio morreu com um tiro na cabeça no fim de março, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado por parte dos guardas envolvida na abordagem, o adolescente tirou do boné uma faca de 25 centímetros.

Edilson Pereira da Silva, um dos agentes, disse ter se sentido ameaçado e, para resguardar a própria vida, disparou com arma de fogo.

Conforme o delegado, Eric Guedes, responsável pelo caso, Anderson Bueno foi ouvido como testemunha. No dia da abordagem, o guarda era o terceiro membro da equipe e cuidava da segurança do grupo.

"Uma das testemunhas viu o que aconteceu. [...] O Caio não estava portando faca. Essa faca foi colocada ali pelos guardas municipais", afirmou .

De acordo com o delegado, Bueno não prestou depoimento na Central de Flagrantes e nem participou da confecção do Boletim de Ocorrência. Guedes entendeu que o guarda não cometeu o crime de fraude processual e, portanto, não é mais investigado.

O delegado afirmou que aguarda o laudo de necropsia para concluir as investigações.

Investigados prestam depoimento

Os dois guardas investigados pela morte de Caio também prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira (3).

Edilson Pereira da Silva, guarda indicado como autor do disparo que vitimou o adolescente, é investigado por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - e fraude processual. O outro agente, Edmar Junior, é investigado por fraude processual.

Eles não falaram com a imprensa e permaneceram em silêncio durante o depoimento.

A defesa dos dois afirmou que eles irão se pronunciar quando tiverem acesso a todas as peças, laudos e depoimentos do inquérito.

A Prefeitura de Curitiba disse que os guardas envolvidos na situação estão afastados. A Guarda Municipal informou que está colaborando para que o caso seja esclarecido o mais rápido possível.

O que diz o Boletim de Ocorrência

No boletim de ocorrência registrado inicialmente pelos guardas municipais, os agentes afirmam que faziam patrulhamento preventivo quando foram informados por um motorista de que havia pessoas na região suspeitas de tráfico de drogas.

De acordo com o boletim, os guardas foram ao local indicado e viram quatro pessoas com as características citadas pelo denunciante. Segundo os guardas, Caio era um dos integrantes do grupo e teria fugido.

Então, os guardas afirmam ter ido atrás do adolescente – dois a pé e um com a viatura. De acordo com o documento, o agente que estava de carro cercou Caio, que teria feito movimento indicando que iria se deitar.

Porém, nessa hora, o guarda afirma que o adolescente tirou do boné uma faca de 25 centímetros. O agente diz ter se sentido ameaçado e, para resguardar a própria vida, disparou com arma de fogo.

O boletim de ocorrência não diz quantos tiros foram dados. Caio foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Na calça do garoto, segundo o documento, foram encontrados dois tabletes de sete centímetros de substância parecida com maconha, um celular e um cartão transporte.

Imagens anexadas ao inquérito mostram o momento em que guardas municipais correm atrás do jovem.

No vídeo é possível ver os agentes fardados e com armas em punho. Caio está sem camiseta, de bermuda e com um boné vermelho na cabeça.

Em determinado momento, não é possível mais ver os guardas, nem o adolescente, e é possível ouvir um barulho, que parecer ser um tiro.

Câmeras desligadas

Havia câmera de monitoramento acoplada à farda dos guardas, contudo, de acordo com a Prefeitura de Curitiba, o equipamento estava desligado. Ainda conforme a prefeitura, todos os agentes receberam treinamento para uso das câmeras.

A defesa dos guardas envolvidos alegou que eles não tiveram tempo de ligar os equipamentos, mesmo durante o caminho que os agentes fizeram para averiguar a situação que envolvia Caio.

O decreto que regulamenta o uso das câmeras por guardas municipais de Curitiba determina que a gravação deve ocorrer de forma ininterrupta, no mínimo, por 12 horas, com captação de áudio e vídeo.

O texto estipula também que o material deve ser armazenado por um ano, mas não prevê punições caso as gravações não sejam realizadas.

A Guarda Municipal afirmou ter instaurado um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias da morte de Caio, incluindo o fato das câmeras estarem desligadas.
Fonte: G1
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