Interlocutores do ministro da Justiça do governo Lula (PT), Flavio Dino, e do futuro diretor-geral da PolĂcia Federal, Andrei Rodrigues Passos, classificam integrantes de acampamentos como membros de uma organização criminosa.
Ao todo, jĂĄ foram solicitados 27 inquéritos para responsabilizar suspeitos de atos de vandalismo e terrorismo, mas a avaliação é a de que hĂĄ uma inércia e apatia das autoridades atuais. No dia da diplomação, 12 de dezembro, bolsonaristas tentaram invadir o prédio da PF em BrasĂlia, incendiaram coletivos e depredaram prédios sem serem contidos pela polĂcia.
Segundo interlocutores, o governo de transição não recebe nenhum tipo de informação de inteligĂȘncia do atual ministro da Justiça ou do diretor-geral da PolĂcia Federal sobre os casos recentes.
No sĂĄbado (24) um homem tentou montar um artefato explosivo em um caminhão de combustĂvel, perto do Aeroporto de BrasĂlia. George Washington de Oliveira Sousa foi identificado e preso preso na sequĂȘncia, mas com ele foram encontrados um arsenal em explosivos, além de fuzil, espingardas, revólveres e munições.
O preso tinha licença como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Apesar disso, estava com o registro irregular. Setores que cuidam da segurança pĂșblica do governo Lula querem saber por que o Exército não fiscalizou o registro e a compra do volume de armas. A equipe do presidente eleito afirma que hĂĄ uma falta de controle dos militares a respeito do tipo de arsenal apreendido com o criminoso. Inclusive, o homem estava com a licença irregular, mesmo assim mantinha as armas.
Diante da escalada de ameaças, a avaliação interna é de que o cenĂĄrio é crĂtico e uma ala do novo governo defende reavaliar o esquema de segurança de Lula na posse. Inclusive, sugerindo que ele não desfile em carro aberto.
A informação é de que uma das prioridades do novo governo vai ser enfrentar com rigor o extremismo de direita que se instala no Brasil. A proposta inclui, ainda, a revisão de leis sobre segurança pĂșblica e terrorismo.
Mudanças e cobranças na JustiçaApesar de ainda não estarem no comando, os indicados para a segurança pĂșblica do governo Lula discutem mudanças e responsabilização de autoridades do governo Bolsonaro na ĂĄrea. Para o novo governo, além de cobrar na Justiça as omissões e convivĂȘncias de Anderson Torres, atual Ministro da Justiça, a ideia é incluir o presidente Bolsonaro: hĂĄ uma avaliação de que os envolvidos em atos golpistas só agem por incentivo do presidente em exercĂcio.
George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, após preso, disse à polĂcia que é apoiador de Bolsonaro e que queria com a ação causar estado de sĂtio no paĂs – quando hĂĄ restrição de direitos e à atuação de Legislativo e JudiciĂĄrio. E, com isso, impedir que Lula (PT) assumisse a presidĂȘncia.
Além de Bolsonaro e Torres, o novo governo prevĂȘ a troca no comando de pelo menos 20 das 27 superintendĂȘncias da PolĂcia Federal. A avaliação é de que Bolsonaro conseguiu aparelhar com nomes de sua confiança os principais postos da corporação.
Por fim, estĂĄ no planejamento da segurança de Lula tirar a AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin) do guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional da PresidĂȘncia da RepĂșblica, para tirar a inteligĂȘncia das mãos de militares também considerados bolsonaristas.