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Nove pessoas são mortas pelas forças de Mianmar perto de mina financiada pela China

Por Da Redação

01/07/2022 às 00:23:23 - Atualizado há

Pelo menos nove pessoas foram mortas e dezenas estão desaparecidas após mais de um mês de ataques militares a vilarejos em Mianmar. As ofensivas ocorrem perto de uma mina de cobre financiada pela China na região de Sagaing, local que rebeldes pró-democracia ameaçam destruir porque seria uma fonte de renda para a junta militar que comanda o país desde o golpe de Estado do ano passado. As informações são da rede Radio Free Asia.

De acordo com fontes na cidade de Salingyi, ao menos sete moradores das aldeias Done Taw, Moe Gyoe Pyin (Norte), Ton e Hpaung Ka Tar foram mortos e três outros estão desaparecidos após operações das tropas no período de 15 a 25 de junho. Dois homens da aldeia Ywar Thar foram feitos reféns pelos militares em 25 de maio e depois mortos.

Segundo um morador de Moe Gyoe Pyin (Norte), no dia 21 de junho, militares bombardearam sua aldeia e incendiaram as casas. “Eles chegaram tão rápido que algumas pessoas não conseguiram escapar e algumas ficaram presas”, disse o homem, que falou sob condição de anonimato.

Filhos de mineiros autônomos olham para a mina de cobre Letpadaung, em Mianmar (Foto: Natural Resource Governance Institute/Reprodução Twitter)

Os ataques estariam sendo coordenados por unidades militares baseadas em um complexo administrado pela chinesa Wanbao Mining Ltd., que opera a mina de cobre Letpadaung. O local é fruto de um acordo comercial entre o governo chinês e a junta militar.

A resistência coordenada pela Força de Defesa do Povo (PDF, da sigla em inglês), que estabeleceu grupos armados regionais, diz que está relutantes em interceptar os ataques temendo pela vida de civis mantidos como reféns pelos militares. Apesar disso, os combatentes realizaram ataques contra unidades militares estacionadas dentro do complexo de mineração e recentemente destruíram uma linha de energia que abastecia o local.

Um dos porta-vozes da junta militar, general Zaw Min Tun, declarou em entrevista no dia 29 de maio que “todos os governos têm a responsabilidade de proteger o investimento estrangeiro, tanto por motivos legais quanto por razões de segurança”. Ele justificou o uso do exército como uma forma de limpar o território, visando à proteção do projeto chinês.

As ações militares já teriam obrigado pelo menos 20 mil moradores de 25 aldeias próximas ao local do projeto a fugirem de suas casas, buscando abrigo na selva.

Por que isso importa?

Mianmar enfrenta “uma campanha de terror com força brutal”, segundo palavras da ONU (Organização das Nações Unidas). A repressão imposta pelo governo já causou a morte de ao menos 1,5 mil desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021, que sucedeu as eleições presidenciais de novembro de 2020.

Na ocasião, o NLD venceu as eleições com 82% dos votos, ainda mais do que havia obtido no pleito de 2015. Em fevereiro, então, a junta militar, que já havia impedido o partido de assumir o poder antes, derrubou e prendeu a presidente eleita Aung San Suu Kyi.

O golpe deu início a protestos no país, respondidos com violência pelas forças de segurança nacionais. Cerca de 12 mil pessoas já foram presas, invariavelmente sem indiciamento ou julgamento prévio, e muitas famílias continuam à procura de parentes desaparecidos. Jornalistas e ativistas são atacados deliberadamente, e serviços de internet têm sido interrompidos.

No início de dezembro, tropas da junta militar foram acusadas de assassinar 11 pessoas em uma aldeia no noroeste do país. De acordo com uma testemunha, as vítimas, algumas delas adolescentes, teriam sido amarradas e queimadas na rua. Fotos e um vídeo chocantes que viralizaram nas redes sociais à época mostravam corpos carbonizados deitados em círculo no vilarejo de Done Taw, região de Sagaing.

A ação dos soldados seria uma retaliação a um ataque de rebeldes contra um comboio militar. Uma liderança local da oposição afirmou que os civis foram queimados vivos, evidenciando a brutalidade da repressão à população que tenta resistir ao golpe de Estado orquestrado em fevereiro deste ano.

Em meio à violenta repressão por parte do exército, alguns manifestantes fugiram para o exterior ou se juntaram a grupos armados em partes remotas do país. Conhecidos como Forças de Defesa do Povo, esses grupos estão amplamente alinhados com o governo civil deposto.

Fonte: A Referência
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