Geral Meio Ambiente

Excesso de burocracia dificulta regularização, alegam pescadores artesanais

Por Da Redação

27/06/2022 às 20:04:14 - Atualizado há
Padre João: uma pessoa excluída do processo é uma família sem comida

A última portaria editada pela pasta determinou a suspensão de 12,7 mil licenças de pescadores profissionais.

O ministério justificou as suspensões por suspeita de fraude no fornecimento de informações ao Sistema Informatizado do Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP), especialmente em relação à data do primeiro registro feito pelo pescador.

“O excesso de burocracia no processo de recadastramento tem excluído e marginalizado pescadores, violando o reconhecimento da identidade desse profissional”, sustentou a representante da Pastoral dos Pescadores, Erina Gomes.

Ela frisou que o sistema de cadastro mantido pelo governo federal “não dá conta” de atender às necessidades de regulamentar a profissão e de combater as fraudes alegadas.

“A gente tem várias denúncias de pescadores informando que as suas carteiras e sua documentação continuam suspensas”, disse. "No nosso entendimento, essas portarias têm servido para desconstrução do direito dos pescadores e não responsabilizam o governo pelos problemas apresentados", concluiu Gomes.

Para a Pastoral, o recadastramento teria de ser suspenso até que sejam revistos os problemas apresentados pelos pescadores artesanais.

Na mesma linha, a pesquisadora Vanessa Gaudereto disse que o sistema de recadastramento “desrespeita” e “criminaliza” os pescadores, além de não refletir a realidade dessas comunidades.

“A maioria dos pescadores são analfabetos, e o ministério requer que eles façam um processo extremamente burocrático”, sustentou. Ela representou o Instituto Guaicuy, que desenvolve projetos de conservação na bacia do Rio das Velhas (MG).

A representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Aline Vosgrau, informou que o governo vai prorrogar o prazo de recadastramento, além de aumentar o número de documentos que podem ser utilizados pelo pescador para regularizar a situação junto ao sistema. A medida, segundo ela, será anunciada nos próximos dias.

O deputado Padre João (PT-MG), que solicitou a audiência, elogiou a decisão da pasta que, em sua opinião, pode evitar que famílias deixem de receber auxílios vinculados à atividade, como o Seguro Defeso. “Uma pessoa que fica excluída do processo é uma família que deixa de ter comida na mesa”, salientou.

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Jornalista Luciana Pombo

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