Cresce dentro do PSDB gaĂșcho e entre os partidos mais próximos do governo -Podemos, União Brasil e PSD- a pressão para que Eduardo Leite se recoloque como candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, posto ao qual ele renunciou em 31 de março para "ficar disponĂvel para outras eventuais missões".
Desde então, a pretexto de debater um projeto nacional de terceira via, Leite ensaiou uma candidatura à PresidĂȘncia da RepĂșblica paralela à de João Doria (PSDB), que também renunciou ao cargo de governador em São Paulo para concorrer ao Planalto amparado pela vitória nas prévias do partido.
Porém, após desgaste e sob a ameaça de judicialização dentro do PSDB, Leite conversou com Doria e divulgou uma carta explicitando que não ficaria no caminho do paulista.
Leite intensificou agendas no interior do estado nas Ășltimas semanas. Mas, questionado sobre nova disputa ao governo local, ele aponta seu vice e sucessor, o atual governador Ranolfo Vieira JĂșnior (PSDB), como o candidato da sua preferĂȘncia:
"O Ranolfo é o nome preferencial. É o nome que eu vou buscar viabilizar", diz. Leite procura ressaltar, no entanto, que essa é uma decisão somente sua. "Um caminho polĂtico é coletivo. Tem um grupo polĂtico, tem o partido e isso envolve aqui o próprio governador Ranolfo nessa decisão. Temos que analisar o caminho em que eu melhor possa colaborar."
Pesa nessa equação Ranolfo ter assumido o posto de governador, o que impossibilita que ele concorra a outros cargos pĂșblicos caso o ex-governador volte à disputa.
Leite afirma ainda não descartar não concorrer a nada em 2022 e cita sua própria trajetória como exemplo, quando deixou a Prefeitura de Pelotas sem concorrer à reeleição e, dois anos depois, se candidatou a governador. Entre interlocutores próximos a ele, todavia, a hipótese soa como despiste.
Embora desejem que Leite tome a frente da candidatura, tucanos gaĂșchos dizem acreditar que o ex-governador ainda sonhe com a PresidĂȘncia. Portanto, não esperam que ele tome qualquer decisão antes que pesquisas do PSDB nacional avaliem o resultado das primeiras inserções de Doria nas propagandas de TV. Leite abdicou de participar das propagandas nacionais da legenda.
Embora rejeite o termo "recuo estratégico", Leite ainda não descarta a PresidĂȘncia, mas diz que não farĂĄ novos movimentos nessa direção mesmo observando "fragilidades polĂticas" na candidatura Doria.
"Doria tem a vontade [de ser candidato]. Tem as prévias que lhe dão legitimidade. Então serĂĄ o candidato, se assim ele desejar. Eu não vou ficar fazendo enfrentamento polĂtico dentro do partido.
Se o partido quiser ter outro entendimento, o Conforme o presidente do PSDB gaĂșcho, deputado federal JĂșlio Redecker, ao rejeitar uma migração ao PSD para concorrer à PresidĂȘncia, Leite deu a legitimidade para que os tucanos reivindiquem a cabeça de chapa em uma coligação ao estado. Embora avalie que Ranolfo tem bons predicados para concorrer, Redecker declara que o ex-governador tem a preferĂȘncia.
"O melhor nome para representar a continuidade do governo Eduardo Leite é naturalmente o Eduardo Leite", afirma.
JĂĄ no MDB do Rio Grande do Sul, potencial parceiro em uma coligação de centro, a expectativa é a de que Leite não concorra e auxilie em negociações em torno do deputado estadual Gabriel Souza, jĂĄ lançado como pré-candidato.
"Boa parte das conquistas desse governo se deram por dar continuidade ao que o governo anterior, do MDB [de José Ivo Sartori], começou. Espero que Leite mantenha a sua promessa de não concorrer à reeleição e de ajudar na manutenção desse trabalho", declara o deputado estadual Carlos BĂșrigo, lĂder do partido na Assembleia gaĂșcha.
O ex-governador não rejeita a hipótese, mas espera que a recĂproca do MDB em apoiar um nome do PSDB seja verdadeira. Seria uma forma de ambos partidos se fortalecerem diante de uma polarização entre candidaturas de direita e de esquerda no estado, às quais Leite classifica como "ameaças populistas".
Leite prevĂȘ decisões sobre seu futuro até o final de junho. A União Brasil desembarcou da proposta de candidatura Ășnica da terceira via à PresidĂȘncia, mas PSDB e MDB tinham previsão de anunciar um nome de consenso até 18 de maio. A falta de entendimento pode tornar esse prazo improvĂĄvel de ser cumprido. A convenção do PSDB, reta final para a candidatura, ocorre entre o fim de julho e inĂcio de agosto.