Educação aulas

Volta às aulas presenciais: adaptações e perspectivas pelo olhar de uma estudante da UFPR

Por Da Redação

29/04/2022 às 11:48:03 - Atualizado há

Um ano e 11 meses depois da suspensão de 15 dias das aulas, as atividades presenciais foram retomadas na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A declaração da pandemia de Covid-19, anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, fez-nos acreditar que teríamos duas semanas para ficar em casa.

Mas aquelas duas semanas de folga se transformaram m quase dois anos de ensino remoto. A adaptação para esse modelo de aula não foi difícil, apenas cansativa. De dois a três trabalhos que tínhamos por período em cada disciplina, passamos a ter trabalhos em todas as aulas. Uma forma de evitar a defasagem do ensino, e que funcionou.

Com o avanço da vacinação, a obrigatoriedade do imunizante e do uso de máscaras para frequentar os espaços da Universidade, cria-se um ambiente relativamente seguro para a retomada das aulas presenciais. Falar em retomada é até estranho. Segundo o dicionário, o verbo retomar significa recuperar, reaver ou dar continuidade. Como se a vida tivesse parado durante esses quase dois anos. Não é o caso aqui.

Na verdade, é um novo começo para uma nova realidade. Não estamos voltando de onde paramos. Pelo contrário. Quando a pandemia começou, eu estava na metade do curso de Jornalismo. Hoje, estou quase concluindo a graduação.

Felizmente, e eu reconheço o privilégio que é poder dizer isso em um país que tem a triste marca de mais de 660 mil mortes* decorrentes da Covid-19, não tive perdas para a doença. Tampouco fui infectada. Pude ficar trancada em casa e me cuidar de uma forma que eu admito ser um tanto quanto exagerada.

Mas, agora, com o início do período letivo presencial, ficar em casa não é mais uma possibilidade. Então, lá vamos nós para mais uma adaptação. Seria um bom momento para usar a analogia do copo.

Da perspectiva do copo meio vazio, a mudança na rotina é um ponto negativo. Era ótimo poder programar o despertador para apenas dez minutos antes das aulas começarem, ter tempo de tomar café da manhã e não me atrasar. Como alguém que mora longe do campus, agora preciso sair de casa uma hora e meia antes do horário da aula e ainda arrisco chegar atrasada, pois o trajeto não depende de mim. O trajeto: eis aqui outro fator de peso para essa perspectiva. Depender do transporte público significa ignorar o famoso distanciamento social e ter contato com pessoas que você não conhece, não sabe de onde estão vindo nem para onde estão indo. Sabe, menos ainda, se estão transmitindo o vírus. Tudo o que você sabe sobre elas é que nem todas aprenderam a usar a máscara corretamente.

E não acontece só nos ônibus. As poucas aulas que frequento já bastam para notar que quase dois anos de pandemia não foram suficientes para os colegas aprenderem que não se deve usar máscara no queixo. Mas, quem sabe, até a próxima pandemia, dê tempo de aprender que o correto é tirar a máscara por completo, mesmo para beber água.

Outro ponto negativo é a falsa sensação de que a pandemia acabou. Embora muitos digam que não há mais a necessidade de tantos cuidados, cientistas são unânimes em dizer que a pandemia ainda não acabou. No entanto, grandes eventos, festas, baladas e outras situações que promovem aglomerações são permitidos e, na era digital, as redes sociais mostram que compartilho ambientes com pessoas que escolhem se expor ao vírus.

Para quem se acostumou com o isolamento social, em um ambiente sem risco ou exposição, ter que voltar ao mundo exterior é um choque. Mas, como não se pode refutar ciência com opinião, é aqui que o retorno das atividades presenciais ganha pontos positivos.

A decisão de iniciar um calendário letivo presencial foi tomada com base na avaliação da Comissão de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 da UFPR, composta por cientistas de diversas áreas que acompanham a pandemia desde o início. Ou seja, é a ciência dizendo que é o momento de retornar à vida universitária.

O que traz a perspectiva do copo meio cheio, são fatores diretamente ligados à Universidade. Aqui, valem dois destaques. O primeiro, para a Comissão de Retomada do Ensino Presencial, com o guia de orientações para a volta das aulas presenciais. Os protocolos implementados pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Saúde (Nepes) auxiliam para que as atividades sejam realizadas com segurança. Outro material desenvolvido na instituição, o aplicativo Check UFPR, também é uma ideia muito boa – porém, os colegas precisam lembrar de utilizá-lo.

O segundo aspecto que merece ser ressaltado é a atuação dos docentes. Até o momento, todos os professores que vi pela Federal estavam usando a máscara PFF2/N95, fortemente recomendada pelos pesquisadores. Algo que aprendemos com a pandemia foi a ter mais empatia, e isso é outro ponto favorável a eles. Durante o ensino remoto, os professores foram mais compreensivos com os alunos, sempre procurando entender o nosso lado. Algo que não foi perdido com as aulas presenciais. Inclusive, estão sendo flexíveis em relação a nossa percepção de segurança.

Do ponto de vista pessoal, com o decorrer da pandemia – e conforme fui avançando no curso -, fiquei decepcionada com a possibilidade de terminar a graduação sem ter “a última refeição no RU”. Porém, as medidas sanitárias permitiram que os Restaurantes Universitários fossem reabertos, e, ainda, com um diferencial: agora tem marmita! Embora até o momento eu não tenha tido a coragem de almoçar no RU, pois procuro evitar situações em que preciso ficar sem máscara, é reconfortante saber que tenho essa opção.

Outro fator que contribui para a perspectiva do copo meio cheio é poder cursar o meu último período da graduação presencialmente. Apesar da experiência estar longe de ser a mesma do mundo pré-pandêmico, interagir com os professores e com os outros estudantes e vivenciar a UFPR de maneira presencial por mais alguns meses é melhor do que concluir o curso virtualmente. Ainda mais sem ter a extensa maratona de trabalhos semanais exigida pelo ensino remoto.

*Número atualizado, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 28/04/2022

Fotos: Bruna Durigan, estudante de Jornalismo e estagiária da Assessoria de Comunicação da UFPR

Sob orientação de Bruna Bertoldi Gonçalves

Fonte: UFPR
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