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A feroz resistência ucraniana no enclave de Popasna sob bombardeio

Por Isto É Dinheiro

15/04/2022 às 00:51:19 - Atualizado há
Isto É Dinheiro

Três soldados com os rostos marcados pela tensão saem de um prédio parcialmente destruído: em Popasna, o exército ucraniano resiste, apesar dos bombardeios russos incessantes contra esta cidade do leste da Ucrânia.

Os tiros da artilharia ressoam. Seu eco pode ser ouvido nas torres de apartamentos em um bairro do oeste desta cidade, que tinha cerca de 20.000 habitantes antes da guerra.

Na entrada da cidade, a paisagem é desoladora.

Não resta nada do posto de gasolina, exceto por seu telhado queimado e retorcido. Os prédios estão semidestruídos. Nenhum está intacto. Vidros, pedaços de madeira, portas e ferro retorcido, como se tivesse passado um tornado.

Só o barulho das poderosas explosões interrompe e da chuva, que cai continuamente.

Poucas pessoas ainda vivem ali, escondidas nos porões, como os três militares que a AFP encontrou.

"Os rapazes acabam de voltar do combate e estão descansando", diz "Semenovytch", na casa dos 50 anos, que se faz chamar por um pseudônimo.

Um usa calça militar e moletom azul. O rosto está abatido, com olheiras.

Outro, na faixa dos 60, também com uniforme militar aberto, longa barba grisalha, parece esgotado. Ele desaparece no fundo escuro do porão para voltar a se deitar.

Vestindo uniforme militar e camuflado, gorro azul na cabeça e uma pequena lâmpada frontal, "Semenovytch" diz desconhecer as "últimas notícias, aqui não tem internet, nem telefone".

– "Resistiremos" –

"Os russos tentam avançar duas ou três vezes por dia. É bom que chova hoje, o bombardeio é menos intenso. Às vezes é 24 horas por dia, sete dias por semana, às vezes acalma um pouco à noite", diz.

Eles atacam "as infraestruturas, os edifícios e os civis. Não é uma guerra, é um genocídio. Não sei como chamá-lo de outra forma", destaca.

O soldado garante: "Mantemos nossas posições e esperamos a vitória. Resistiremos".

No mesmo imóvel, na parte dos fundos de um supermercado totalmente destruído, quatro coletes à prova de balas, dois capacetes e um lança-foguetes RPG7 estão no chão.

Na terça, o ministério russo da Defesa anunciou que "unidades da artilharia" atacaram uma unidade ucraniana em Popasna, dando um balanço de "mais de 120 membros do pessoal" mortos e "onze veículos blindados" destruídos. Os números são impossíveis de verificar.

Popasna é um enclave estratégico a menos de 4 km do limite do Donbass, parte do qual é controlada desde 2014 por separatistas pró-russos.

Se cair, será uma brecha aberta para os russos avançarem 50 km a noroeste até as cidades gêmeas de Sloviansk e Kramatorsk, capital de fato do Donbass controlado por Kiev.

Outros 50 km ao norte destas duas cidades, os russos tomaram Izium e estão às portas de Severodonetsk, cidades também fortemente bombardeadas.

"Vi com meus próprios olhos em Izium. Os russos usam a tática da terra arrasada. Não entendo porque atingiram tão duramente esta cidade", explica à AFP um militar ucraniano, que se faz chamar de "Benya".

"Quando nos aproximamos, eles (os russos) não entravam em combate conosco, se escondiam atrás da artilharia", diz.

Estes bombardeios causam "medo real" em Olena Charpaï, que completa 60 anos no fim do mês. Ela gostaria de aproveitar a aposentadoria como enfermeira, mas desde 6 de março mora com quatro outras pessoas em um porão de 15 m2.

"Preciso que haja silêncio para sair, mas nunca tem silêncio", diz, acariciando seu gato cinzento de 14 anos.

Ela não vai mais ao seu apartamento. No porão, dispõe de quatro sofás-cama, lâmpadas ligadas a baterias de carro e ainda alguma coisa para comer. "Às vezes os soldados trazem pão", afirma a mulher. Para ter água, coletam a da chuva.

Ela gostaria de ser retirada dali, mas "os ônibus não passam mais", lamenta a mulher, enquanto do lado de fora salvas de artilharia continuam destruindo a cidade.

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