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Ilhas Salomão estão perto de pacto de segurança com a China, diz primeiro-ministro

Por Da Redação

30/03/2022 às 17:28:36 - Atualizado há

O premiê das Ilhas Salomão confirmou na terça-feira (29) que está prestes a assinar um acordo de segurança com a China. Em tom desafiador, as declarações de Manasseh Sogavare, feitas no Parlamento, irritaram os líderes da oposição local. As informações são do jornal The Indian Express.

O anúncio, que já havia disparado o alarme na vizinha Austrália e em outros aliados ocidentais no Indo-Pacífico na semana passada, quando documentos vazados levantaram a suspeita de que uma base militar chinesa poderia ser montada na ilha, colocou a pequena nação insular no olho do furacão de um debate tenso sobre o futuro da região.

Sogavare, que pela primeira vez falou sobre o vazamento do esboço do acordo com Beijing, definiu como “insultante” as preocupações australianas e neozelandesas de que o pacto poderia causar instabilidade na segurança da região. O Indo-Pacífico tem preocupações vertiginosas com a influência da China de uns tempos para cá.

O primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare (Foto: WikiCommons)

O documento vazado dá a entender que, com a celebração do acordo, a China poderia basear navios de guerra nas Ilhas Salomão. O rascunho ainda sugere que o país estaria apto a solicitar a Beijing suporte policial e militar, o que indica que tropas chinesas poderiam intervir internamente na ilha no caso de uma hipotética atmosfera de crise. E é justamente esse intercâmbio na vizinhança, bem em frente à porta de Austrália e da Nova Zelândia, que incomoda ambos os países.

“As Ilhas Salomão podem, de acordo com suas próprias necessidades, solicitar à China que envie policiais, policiais armados, militares e outras forças policiais e armadas para as Ilhas Salomão para ajudar na manutenção da ordem social, protegendo a vida e a propriedade das pessoas”, diz o documento, que acrescenta: “Nenhuma das partes deve divulgar as informações de cooperação a terceiros”.

Sogavare não poupou críticas aos responsáveis pelo vazamento do acordo preliminar. “Lunáticos” e “agentes de interferência estrangeira”, acusou o primeiro-ministro, que durante o discurso ainda disse que a busca pela “hegemonia liberal” havia falhado. Ele também condenou as potências estrangeiras por “supor que as Ilhas Salomão não poderiam agir em seus próprios interesses”.

A autoridade também se recusou em fornecer detalhes sobre o acordo que, segundo ele, já está finalizado. Porém, disse que não sofreu pressão de Beijing nem “tem intenção de pedir à China que construa uma base militar”.

As Ilhas Salomão, que tem população estimada de 700 mil pessoas, fica localizada em território estratégico que, politicamente falando, é um dos mais voláteis do mundo, bem no centro de um cabo de guerra geopolítico. Para ser mais exato, desde 2019, quando mudou o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China. O “Switch” (troca, em tradução literal), como é conhecida a decisão, sublinhou a crescente influência de Beijing em uma região que era tradicionalmente dominada pelos Estados Unidos e Austrália.

"Amiga de todos"

Sogavare garantiu que estratégia de política externa das Ilhas Salomão é a de “ser amiga de todos e inimiga de ninguém”, o que, segundo ele, manteria a nação afastada de qualquer conflito geopolítico.

Matthew Wale, líder do partido de oposição no Parlamento das Ilhas Salomão, não comprou o discurso do premiê e se disse receoso quanto à utilização do acordo, que poderia “ser usado para qualquer coisa”. O político acrescentou: “Não tem nada a ver com a segurança nacional das Ilhas Salomão”.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, também observa beligerância no pacto: “Vemos esses atos como a potencial militarização da região”.

Por que isso importa?

Na opinião de analistas, a agitação salomonense tem “raízes profundas”. Entre as causas do levante popular estão questões que envolvem tensões étnicas históricas, corrupção e o movimento do governo para estreitar laços com Beijing. Há três anos, as Ilhas Salomão trocaram a aliança diplomática com Taiwan por uma com a China.

Para James Batley, um ex-alto comissário australiano para as Ilhas Salomão e especialista para assuntos sobre Ásia-Pacífico da Universidade Nacional Australiana, o desagrado da população em relação à aproximação com a China serviu como gatilho para o momento de desordem.

“Não é política externa em si, mas acho que essa mudança diplomática alimentou as queixas pré-existentes e, em particular, a sensação de que os chineses interferiram na política nas Ilhas Salomão, que o dinheiro chinês de alguma forma fomentou a corrupção, distorceu a forma como a política funciona nas Ilhas Salomão”, disse Batley.

A relação comercial com a China é considerada particularmente predatória pela população local. Mais da metade de todos os frutos do mar, madeira e minerais extraídos do Pacífico em 2019 foi para a China. A estimativa é de que esse processo tenha movimentado US$ 3,3 bilhões, apontou uma análise de dados comerciais do jornal britânico The Guardian.

Para alimentar e gerenciar a população de quase 1,4 bilhão de habitantes, a China tirou do Pacífico mais recursos do que os dez países da região juntos. Nas Ilhas Salomão e em Papua Nova Guiné, por exemplo, mais de 90% do total de madeira exportada foi para os chineses.

Os dados não levam em consideração as exportações ilícitas. Nas Ilhas Salomão, por exemplo, pelo menos 70% das toras são exportadas de madeira ilegal. A falta de leis na China contra esse tipo de importação absorvem o envio devido à alta demanda e proximidade com a região.

Fonte: A Referência
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