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Técnica cirúrgica de transposição uterina desenvolvida em Curitiba dá esperança para mulheres que desejam engravidar após tratamento de câncer

Por Da Redação

21/03/2022 às 16:12:17 - Atualizado há
Técnica vem sendo usada em outros estados e países. Primeiro bebê gerado por uma mãe que passou pelo procedimento nasceu em janeiro deste ano. Tratamento dá esperança à mulheres que querem engravidar depois do câncer

Uma técnica cirúrgica de transposição uterina, desenvolvida em Curitiba, trouxe esperança para mulheres que desejam engravidar depois do tratamento de um câncer. O primeiro bebê gerado por uma mãe que passou pelo procedimento nasceu em janeiro deste ano.

O método foi desenvolvido pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro e consiste em transferir os órgãos reprodutivos da mulher para a parte de cima do abdômen.

Quando o útero sobe, a vagina é temporariamente fechada e a região do colo passa a ser conectada ao umbigo, que é aberto para liberar o fluxo menstrual.

O procedimento é desfeito quando o tratamento de radioterapia termina.

"O útero continua funcionando normalmente, a função ovariana é normal durante todo o tratamento, e quando encerra o tratamento a gente coloca de volta e se encerra essa etapa da vida delas", explicou Ribeiro.

Quando o útero sobe, a vagina é temporariamente fechada e a região do colo passa a ser conectada ao umbigo, que é aberto para liberar o fluxo menstrual

Reprodução/RPC

Médicos de Curitiba criam cirurgia que tenta garantir a fertilidade de mulheres com câncer na região uterina

Até o momento, 40 mulheres fizeram a transposição do útero no Brasil e em outros países. Segundo o Reitan Ribeiro, o procedimento ainda é feito por meio de protocolo de pesquisa.

Em hospitais autorizados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, o tratamento é gratuito. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica considera esse procedimento um marco.

"O desenvolvimento de um procedimento como esse mostra que a cirurgia do câncer tem várias faces, ela é importante para tratar a doença, sem dúvida, mas ela também pode ter essa face preocupada com a qualidade de vida, a preservação da qualidade de vida, no caso a chance de reprodução, a chance de ser mãe", afirmou Heber Salvador, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

Até o momento, 40 mulheres fizeram a transposição do útero no Brasil e em outros países

Reprodução/RPC

Emoção

A maquiadora Carem Rosa foi a primeira paciente submetida à transposição a ter filho. Ela fez o procedimento em 2018, no Hospital Erasto Gaertner, antes de se submeter ao tratamento de câncer no quadril - o lipossarcoma.

Ao final, foi submetida à segunda cirurgia prevista no procedimento de transposição uterina para recolocar o útero na região pélvica.

No ano passado, já recuperada, veio a surpresa: ela engravidou de forma natural - sem a necessidade de qualquer tratamento. O filho dela, Nicolas, nasceu em janeiro deste ano, em Porto Alegre (RS).

"Eu sempre pensei em ser mãe e construir uma família e quando eu soube que eu não poderia ter essa chance, foi o momento mais difícil para mim. Praticamente abriu um buraco no chão e eu pensei: e agora? Você descobre que o tratamento é a tua cura e, ao mesmo tempo, que daqui a pouquinho vai estragar um órgão teu. Fazer a transposição era uma possibilidade, né? Porque o não eu já tinha. Eu estava na minha recuperação, quando eu vi que a minha menstruação atrasou. Foi uma emoção muito grande. Eu sabia que o meu filho ia vir com saúde, com vida. Quando eu vi ele vindo perfeitinho, eu fiquei muito feliz. Valeu muito a pena", disse Carem.

Filho de Carem, Nicolas, nasceu em janeiro deste ano, em Porto Alegre (RS)

Reprodução/RPC

A fisioterapeuta Franciele Boarão foi a primeira mulher a fazer a transposição uterina e passou pelo tratamento de câncer no reto, parte do intestino grosso, e se recuperou. Ela afirma que quer ser mãe em breve.

Franciele lembra com emoção do dia em que, em 2015, aceitou ser pioneira do método que permitiu Carem engravidar.

"Eu não vou conseguir falar. É gratificante, bem gratificante. Saber que eu dei a chance pra essas mulheres. Começou a fazer sentido tudo, sabe? Então, por isso que hoje eu só tenho gratidão. Muita gratidão por poder ajudar".

A fisioterapeuta Franciele Boarão foi a primeira mulher a fazer a transposição uterina

Reprodução/RPC

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