Marcha do Dia Internacional da Mulher acontece nesta terça, com saída às 18h, da Praça Santos Andrade, centro da capital paranaense.
Ao longo desta semana, mobilizações ocorrem em todo o Brasil para denunciar todas as formas de violência contra as mulheres e fortalecer a união entre campo e cidade. Em Curitiba, a marcha do Dia Internacional da Mulher traz como lema "Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome!". A manifestação acontece nesta terça-feira (8), com concentração a partir das 16h30 e saída às 18h, da Praça Santos Andrade, centro da capital paranaense.
A Jornada de Luta das Mulheres em Curitiba irá até o dia 14 e inclui mutirões de plantios agroecológicos, doações de sangue, produção e doação de marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade.
A programação é uma aliança entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede de Mulheres Negras do Paraná, Frente Feminista de Curitiba, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Movimento Popular por Moradia (MPM), o Núcleo Periférico e ocupações urbanas.
A luta contra os despejos é uma das principais pautas da Jornada de 2022, e levará moradoras de ocupações para a marcha do dia 8. A crescente crise humanitária pela qual o Brasil passa pode ser agravada com a suspensão da lei que proíbe despejos e reintegrações de posse contra famílias vulneráveis. Criada no início da pandemia para proteger a população que vive em comunidades, o prazo para a legislação deixar de valer é 31 de março.
O número de ocupações urbanas cresceu em todo o país desde o início da pandemia da Covid-19, reflexo da crise econômica e humanitária pela qual o país atravessa. Neste período, mais de 23 mil famílias foram expulsas de suas casas e outras 123 mil estão sob risco de despejo nos próximos meses, de acordo com balanço divulgado pela Campanha Nacional Despejo Zero, que avaliou dados de março de 2020 a outubro de 2021. Os números significam elevação de 554% no número de famílias ameaçadas de ir parar nas ruas.
Em todo o Paraná, mais de 70 comunidades do MST ainda lutam pela efetivação da reforma agrária. Em âmbito nacional, são cerca de 200 acampamentos com ameaça direta de despejo. Cerca de 20 mil crianças de até 12 anos vivem nestas comunidades.
Plantar para enfrentar a fome
No sábado (5), camponesas(es) da Reforma Agrária e trabalhadoras(es) urbanas somaram forças no mutirão de plantio agroecológico de hortaliças, nas roças coletivas do Assentamento Contestado, na Lapa.
Mais de 60 voluntárias(os) fizeram o plantio agroecológico de 27 mil mudas de repolho, escarola, couve, rúcula, salsinha, cebolinha, beterraba, brócolis e couve flor. A atividade tem acompanhamento técnico de integrante da Escola Latino Americana de Agroecologia, que fica no assentamento.
Além do trabalho na roça, as/os participantes puderam participar de uma formação sobre como a agroecologia pode discutir novas relações humanas, com respeito e dignidade. O momento formativo teve a contribuição de Maria Izabel Grein, da direção estadual do MST, Daraci Rosa, da Marcha Mundial das Mulheres, e também da cantora e militante Aline Castro, da Fuá Assessórios.
A integrante da direção do MST enfatizou que a construção da agroecologia passa pela transformação das relações dentro de casa, desde a divisão de tarefas, passando pela decisão sobre o que plantar: "Não é só uma mudança na relação com a terra e com a vida, é uma mudança nas relações sociais".
Para Isabel, a agroecologia é "perigosa" porque está formando uma nova sociedade. "É nesta sociedade do capital que nós vamos gerar a nova sociedade, e isso interessa muito mais para mulheres do que para os homens, porque eles terão que mudar e abrir mão de privilégio", afirmou.
A atividade vai continuar no sábado seguinte (12), com plantio de árvores pelos 4 anos do assassinato de Marielle Franco, completados em 14 de março. Além do plantio, os dois dias terão apresentações culturais e formação.
A produção nestas lavouras vai compor o cardápio das Marmitas da Terra, distribuídas semanalmente para pessoas em situação de rua e famílias em situação de vulnerabilidade em Curitiba e Região Metropolitana. Desde maio de 2020, foram mais de 100 mil refeições produzidas. Parte dos itens serão doados durante a Jornada de Agroecologia, prevista para junho deste ano, na capital paranaense.
Na quarta-feira (9), as Marmitas da Terra serão preparadas e partilhadas em praças e comunidades de Curitiba. Na tarde de terça-feira (8), a equipe voluntária vai fazer o pré-preparo das refeições.
Confira aqui a programação completa da Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra do Paraná. A campanha também engloba materiais de higiene. No dia 3 de março, em Palmas, sudoeste do estado, além de 80 cestas de alimentos, a comunidade Marielle Franco recebeu sabão produzido pelo Coletivo de Mulheres Ana Primavesi, do MST da região.
Programação completa da Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra, em Curitiba:
05 de Março - Sábado
06 de março - Domingo
07 a 11/3 - Segunda a sexta-feira
08 de março - Terça-feira
09 de março - Quarta-feira
10 de março - Quinta-feira
11 de março - Sexta-feira
12 de março - Sábado / Assentamento Contestado, Lapa