Denunciado, Bolsonaro não adere à ação contra Rússia no Tribunal em Haia

Investigado na Corte, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não abraçou a denúncia alegando que um inquérito não ajudaria na guerra na Ucrânia.

O Brasil não aderiu a uma ação contra a Rússia no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, apresentada por um grupo de 39 países na quarta-feira (2). Eles denunciam o governo de Vladimir Putin por crimes de guerra na Ucrânia.

A solicitação foi realizada por governos do Canadá, Reino Unido, Austrália, Colômbia, Costa Rica e países da Europa, como Hungria e Polônia — nações aliadas ao presidente brasileiro.

Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, no Uol, o governo Bolsonaro não acredita que a abertura de um inquérito ajude na guerra na Ucrânia e poderia ampliar a tensão internacional.

Diplomatas da Europa, porém, consideram que existe outro motivo, ainda segundo a coluna. Isso porque Bolsonaro coleciona cinco denúncias no tribunal em Haia: é acusado de crimes contra humanidade e genocídio.

O procurador do tribunal internacional, Karim Khan, afirmou que os trabalhos já foram iniciados após acolher a denúncia da qual o Brasil ficou de fora, e que o processo de investigação será realizado de "forma objetiva e independente, com pleno respeito ao princípio da complementaridade".

"Estes encaminhamentos permitem ao meu escritório proceder à abertura de uma investigação sobre a situação na Ucrânia a partir de 21 de novembro de 2013, abrangendo assim dentro de seu escopo quaisquer alegações passadas e presentes de crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio cometidos em qualquer parte do território da Ucrânia por qualquer pessoa."

Brasil na ONU

A Assembleia-Geral da ONU aprovou na quarta-feira (2) uma resolução que condena a Rússia pela invasão contra à Ucrânia. Foram 141 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções. Neste caso o Brasil foi favorável a resolução.

A reunião foi convocada por 95 dos 193 países que compõe o colegiado do Conselho de Segurança da organização e realizada de forma emergencial devido à guerra. Para aprovação da medida eram necessários dois terços dos votos.