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Casal de brasileiros que estava em Kiev com filha recém-nascida e dividia abrigo com mais de 30 pessoas chega ao Brasil

Por Da Redação

05/03/2022 às 12:33:38 - Atualizado há
Kelly Lisiane Müller e Fabio Wilkes são de Guaratuba (PR) e viajaram para Ucrânia, em janeiro, para buscar a filha que nasceu em um processo de fertilização e reprodução humana assistida. Família está em segurança. Família desembarcou no Aeroporto Afonso Pena neste sábado (5)

Murilo Souza/RPC

Um casal de brasileiros que estava em Kiev, na Ucrânia, com a filha recém-nascida e dividia um abrigo com mais de 30 pessoas desembarcou no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na manhã deste sábado (5).

Kelly Lisiane Müller e Fabio Wilkes são de Guaratuba, no litoral do Paraná. Eles viajaram para Ucrânia, em janeiro, para buscar a filha que nasceu em um processo de fertilização e reprodução humana assistida.

O conflito entre Rússia e Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro, enquanto o casal ainda estava na capital Kiev, aguardando a documentação da pequena Mikaela. Com isso, eles ficaram em um abrigo de 40 m² cedido pela empresa que fez o processo de fertilização com outros estrangeiros.

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Ao desembarcar no Paraná, Kelly relatou os momentos de dificuldades e de tensão que ela, o marido e a filha passaram na Ucrânia.

"O momento mais difícil para mim foi quando eu escutei um homem que estava conosco com a filha dele que falou que queria um tranquilizante, porque ele estava com medo dos russos invadirem, matarem todo mundo e a menina assistir", contou.

Kelly e outros brasileiros estavam em um abrigo em Kiev.

Arquivo pessoal/Reprodução

Saída da Ucrânia

No dia 28 de fevereiro, Kelly e Fabio receberam os documentos do bebê que faltavam e tiveram a liberação da Embaixada do Brasil para deixar a Ucrânia.

A família e outros brasileiros foram até a Estação de Kiev e precisaram aguardar 24 horas para embarcar em um trem com destino à Polônia. Kelly conta que a viagem durou mais um dia.

"Quando o trem partiu de Kiev, praticamente todos os cruzamentos com trem tinham barricadas", lembrou.

Brasileiros na Polônia criam grupo para buscar pessoas que querem sair da Ucrânia

O casal e a filha ficaram dois dias na Polônia e conseguiram voltar para o Brasil. Agora, Kelly diz que quer se manter atualizada sobre o conflito e ajudar quem ficou na Ucrânia.

"A gente vai para casa, descansar. Eu sempre sonhei em cuidar da Mikaela em casa. Nunca imaginei em cuidar dela no meio de uma guerra", disse.

Kelly e o marido Fabio Wilke estão juntos há mais oito anos. Ela teve três gestações que não foram para a frente. Depois de várias tentativas, o sonho quase foi deixado de lado.

O método de gestação de substituição (barriga de aluguel) deu um novo sentido na vida dos dois, que buscou por clínicas especializadas na Ucrânia, que é muito procurada por casais do mundo todo.

Ainda em solo ucraniano, Mikaela é cuidada pelos pais

Arquivo pessoal/ Reprodução

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?

Andrew Traumann, professor de Relações Internacionais, doutor em História e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas do Oriente Médio (Gepom), explica que as tensões no leste europeu começaram ainda na década de 1990.

Para o professor, o estopim para a invasão foi a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é uma aliança militar entre Estados Unidos e vários países da Europa, e a possibilidade da entrada da Ucrânia no grupo.

"Esse processo se acelerou muito a partir do 11 de setembro, durante o governo do presidente norte-americano George W. Bush, que estimulou essa expansão. A gente percebe como que a Rússia ficou geopoliticamente cercada. A questão da Ucrânia foi como se fosse uma linha vermelha", explicou.

Traumann disse ainda que, na visão russa, Putin resolveu agir preventivamente, pois entende como inadmissível a entrada da Ucrânia na Otan, já que a Rússia passaria a estar cercada militarmente.

O professor também descarta a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, por causa do conflito. Para ele, os países da Otan não devem entrar em combate armado contra a Rússia.

"A Otan e os Estados Unidos não vão se arriscar em uma guerra por causa da Ucrânia. O uso de armas nucleares é um grande fator de dissuasão, porque ninguém quer pagar para ver", disse.

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia

Arte g1

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