PolĂ­tica Protestos

Público mais amplo e plural no ato contra Bolsonaro no Recife

Por Marco Zero

03/07/2021 às 14:11:13 - Atualizado hĂĄ

Boa parte dos manifestantes do ato Fora Bolsonaro deste sĂĄbado, 3 de julho, em Recife, jĂĄ tinha passado em tranquilidade pela ponte Duarte Coelho quando, pouco antes do meio-dia, uma sequĂȘncia de estrondos assustou os manifestantes. Houve quem imaginasse a repetição do ataque da PolĂ­cia Militar durante o protesto de 29 de maio.

Nada disso, tudo continuava em paz. O barulho assustador vinha da apresentação de um grupo de bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho na esquina da rua da Aurora com a Conde da Boa Vista, em frente ao cinema São Luiz. O local não foi escolhido por acaso, afinal a ponte Duarte Coelho se tornou o sĂ­mbolo da violĂȘncia policial por ter sido o local em que o adesivador Daniel Campelo da Silva foi atingido por uma bala de borracha e perdeu um dos olhos.

João Artur, de 46 anos, coordenador do grupo Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, entidade fundada em 1966, explicou que o barulho dos bacamartes representava "a cultura popular em favor da vida e contra esse governo corrupto e genocida".

Ato #3J no Recife - Fora Bolsonaro
Bacamarteiros começaram assustando, mas acabaram divertindo os manifestantes. (Crédito: Laércio Portela/MZ ConteĂșdo)


Não foram só eles. Desta vez, a presença de grupos de artistas populares foi bem mais visĂ­vel, dividindo o espaço com as tradicionais bandeiras e faixas dos partidos polĂ­ticos e organizações do movimento social.

Ainda na concentração, antes das 9h, o som das alfaias do maracatu faziam uma mistura surreal com bandeiras da Palestina, esquentando os militantes num dia que começou frio e debaixo de muita chuva. Durante a caminhada pela avenida Conde da Boa Vista, quem roubou a cena foi a percussão dos indĂ­genas da Associação IndĂ­gena em Contexto Urbano Karaxuwanassu (Assicuka).

Representantes do grupo populacional que talvez tenha sido o mais negligenciado pelos governos durante a pandemia, os indĂ­genas marcaram presença para em protesto contra a falta barreiras sanitĂĄrias no acesso às suas terras, apoio na segurança alimentar e até vacinação. Ziel Mendes, um dos fundadores da entidade, lembrou que, nesse momento seu povo ainda luta contra a aprovação do Projeto de Lei 490, que estabelece o marco temporal para a demarcação das terras indĂ­genas.

Sindicalistas e estudantes

A Conde da Boa Vista foi aberta para o trĂĄfego às 12h20min, mas a manifestação prolongou-se por mais tempo, pois ainda havia bastante gente na praça da IndependĂȘncia, ponto final do trajeto, local onde também deveria ter sido encerrada o protesto de 29 de maio, se não tivesse sido interrompido pelas balas de borracha do Batalhão de Choque.

Na praça, mais conhecida como pracinha do DiĂĄrio, o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e ParaĂ­ba, Diego Liberalino, lembrou que a luta contra o governo Bolsonaro se confunde também com a defesa da Petrobras: "Estamos nas ruas para reverter uma polĂ­tica que vinculou o preço do gĂĄs de cozinha e dos combustĂ­veis ao dólar, que faz trabalhadores que ganham salĂĄrio em reais pagarem em dólar pelo botijão de gĂĄs".

Stephannye Vilela, presidenta da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), registrou a participação cada vez maior de estudantes "não organizados que vieram ao ato, ou seja, gente que não é ligada às organizações, mas que estĂĄ se mobilizando para protestar contra a polĂ­tica de um governo estĂĄ atingindo as universidades pĂșblicas. A CPI da pandemia estĂĄ ampliando a participação dos atos"

Fonte: Marco Zero
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