Um estudo conduzido pela agência espacial europeia (ESA) indica que o uso de robô com retorno tátil (haptic feedback) pode abrir caminho para missões de exploração planetárias ou de retorno a satélites como a Lua.
“Retorno tátil”, por vezes referido como “retorno háptico” é, de uma forma bem resumida, você “sentir” remotamente os movimentos e manipulações feitas por um artefato sobre o seu controle. Os controles de videogames como o PlayStation 5 e o Xbox Series X, por exemplo, possuem essa função na forma de vibrações nas suas mãos quando o jogo passa por uma cena mais intensa.
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A ideia da ESA é parecida, embora muitos graus mais avançada: missões planetárias ainda estão bem longe de ocorrerem (não importa o que Elon Musk diga), mas embora nós ainda não tenhamos colocado os pés em Marte, já mandamos muitas coisas para lá – somente a NASA já enviou três rovers e um mini helicóptero, sem contar esforços de outras agências.
A pesquisa sugere a missão “ANALOG-1”, a qual considerou 11 estudos separados sobre a operação remota de um robô de exploração planetária. A missão envolveu o astronauta Luca Parmitano, veterano da ESA que já viajou duas vezes à Estação Espacial Internacional (ISS) e um robô posicionado sobre um solo lunar artificial, criado dentro de um hangar de aviões da agência europeia na Holanda. O robô tinha a função de selecionar, investigar, manipular e guardar amostras de rocha.
O controle remoto exercido por Parmitano permitia ao robô movimentar seu braço em três graus de rotação e três graus de translação, com tecnologia de retorno tátil que “devolvia” as sensações do veículo ao astronauta.
Em termos resumidos, o robô com retorno tátil levantava uma pedra, Parmitano sentia o seu peso como se estivesse em suas mãos.
“A combinação de um robô explorador robusto na superfície da Lua e um astronauta altamente treinado como seu operador, posicionado na relativa segurança da órbita espacial, pode permitir a execução de investigações mais difíceis e complexas do que as atualmente possíveis”, disse Kjetil Wormnes, cientista da ESA que chefiou o estudo.
A premissa tem um peso de verdade considerando que a tecnologia de retorno háptico já é uma realidade consolidada em nossa rotina, além do fato de diversos planetas do nosso sistema solar contarem com algum sistema eletrônico de observação ou exploração.
O aspecto da segurança também se faz notar aqui. Puxando apenas o básico do conhecimento que temos de Marte, por exemplo, podemos pensar em pelo menos cinco formas do planeta vermelho ser mortal para nós: seu sangue pode acabar gaseificado como se você fosse uma lata de refrigerante, as noites podem lhe congelar em questão de dias, a ausência de oxigênio respirável pode lhe causar hipóxia, a atmosfera fina e ausência de campo magnético lhe deixa exposto aos raios cósmicos mesmo devidamente protegido, humanos ainda estariam em risco.
Robôs, com ou sem retorno tátil, por outro lado, são mais resistentes: o rover Curiosity está em Marte há quase 10 anos e ainda vem desempenhando seu papel, controlado pelos seus operadores da NASA aqui na Terra.
Em outras palavras: a tecnologia de retorno tátil já existe. A operação remota de robôs também. Falta é juntar os dois pilares.
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