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Sistemas agrícolas afetam e estão sendo afetados pelo clima

Por Da Redação

10/01/2022 às 11:45:32 - Atualizado há

Uma via de mão dupla, termo que define bem a relação entre mudança do clima e produção de alimentos. Enquanto a crise climática impacta a produção de alimentos, o agronegócio é responsável por 30% das emissões mundiais de gases de efeito estufa e 70% do consumo de água, de acordo com relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Climáticas - IPCC. 

A população mundial cresce e a produção de alimentos também, em que pese os problemas de distribuição não democrática. Para tanto, 40% das terras usadas no mundo são destinadas ao agro, segundo o IPCC. 

As perspectivas principais sobre as mudanças no clima atualmente giram em torno da transição das fontes fósseis para as renováveis. Esperávamos que a transição energética fosse rápida e nos acudisse do carma pelas décadas de negligência climática, mas a história nos mostra que as transições do passado duraram décadas. 

Esperávamos, também, que as mudanças climáticas seriam sentidas pelas futuras gerações, mas ela já bate na porta, já chega de forma cada vez mais extrema e nos impõe não só a mitigação como a adaptação urgente.

Levantamentos do Mapbiomas demonstram que o Cerrado é o bioma de maior crescimento da agricultura, mas também um dos mais vulneráveis ao desmatamento da Amazônia, que tem provocado alteração no regime de chuvas na região do Cerrado. 

Se confirmada a previsão do IPCC, que enxerga uma redução de 20% nas chuvas e elevação na temperatura em 4 a 5°C, a região sofrerá ainda mais, incluído sua produção agrícola. 

A Bahia se insere nesse cenário, por ter boa parte de seu território agraciado com esse bioma. Além disso, o estado tem um ingrato protagonismo, junto aos seus vizinhos que compõem o Matopiba - área que compreende territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia: é a área onde o maior percentual (76%) do avanço da agricultura ocorreu sobre vegetação nativa, entre 2000 e 2020.  

Os sistemas agrícolas afetam e estão sendo afetados pelo clima. O que se tem visto nestas áreas são períodos prolongados de seca, que enfraquecem e reduzem a fertilidade dos solos, elevados volumes de chuvas em curtos períodos, favorecendo o escoamento superficial e não a infiltração, além dos impactos nas infraestruturas e populações. 

Os fenômenos naturais eventuais estão se tornando frequentes, como o El Niño e o La Niña. Os regimes de chuva alterados também têm comprometido o uso da água para irrigação e aumentado a concorrência com a produção hidroelétrica. Áreas semiáridas se tornando áridas e áreas áridas tendendo à desertificação. 

Diante da via de mão dupla, a opção de caminho sustentável é o equilíbrio entre produzir alimentos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Além desse desafio o setor agrícola ainda deverá se adaptar às mudanças em curso para se tornar cada vez mais resiliente.

*Victor Menezes Vieira, Engenheiro Ambiental, Doutor em Geologia, Professor Pesquisador – UNIFACS, Coordenador no Painel Salvador de Mudança do Clima

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