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Não temo Lula ou Bolsonaro, combater a corrupção está no meu sangue, diz Moro

Por Da Redação

01/12/2021 às 12:33:55 - Atualizado há
Foto: Reprodução/Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na manhã desta quarta-feira, 1º, o pré-candidato à Presidência da República em 2022 Sérgio Moro concedeu uma entrevista à CBN Maringá. Entre os temas, ele falou sobre seu o lançamento de seu novo livro “Contra o Sistema de Corrupção” com relatos na época da Operação da Lava Jato e como ministro ministro da Justiça e Segurança Pública do atual governo.

Moro afirma que fez o que devia, tanto no Poder Judiciário como no Poder Executivo. O pré-candidato falou sobre o momento que o país atravessa e criticou a conduta do governo em relação ao momento atual da pandemia.

Assista à entrevista completa com Sérgio Moro:

Leia um trecho da entrevista com Sérgio Moro:

Gilson Aguiar: Por que da escrita do livro “Contra o sistema da corrupção”?

Sérgio Moro: Estou lançando o livro em Curitiba, no dia 2, no Teatro Positivo. Quero aproveitar para convidar todos os paranaenses para estar no evento. Nós vamos fazer no formato de entrevista e depois assinar livros e apresentar livros autografados para as pessoas que comparecerem. Desde que eu saí do governo, fui cobrado por muitas pessoas: “você tem que contar a sua experiência, tanto na Operação Lava Jato, como no Ministério da Justiça”. Esse livro não é uma autobiografia […]. Eu entendi que era necessário escrever, contar a história, porque tem havido muita distorção a respeito dos fatos que aconteceram e era importante colocar, eu não vou dizer minha versão, no fundo é a verdades, são os fatos. E os fatos são incontestáveis, a respeito do que aconteceu no passado. A Operação Lava Jato foi a maior investigação sobre corrupção na história do Brasil, revelou que a Petrobras estava sendo roubada dia após dia, tanto por gente da Petrobras, como também por políticos e por partidos políticos. Nós conseguimos […], institucionalmente, o Brasil e a população brasileira que deu um grande suporte, nós conseguimos quebrar as impunidades da grande corrupção. Diziam que era impossível, mas conseguimos. Depois, o meu período no Ministério da Justiça. Eu fui lá com o presidente eleito em 2018, grandes esperanças do País. Tinha ceticismo com relação a ele, é uma pessoa um pouco controversa, mas tinha uma chance de dar certo. Eu recebi o convite do presidente e, bem, como é que eu não vou acolher o convite que dá a possibilidade de melhorar a vida das pessoas dentro do governo? Fui para o governo com boa fé, fiz aquilo que eu me propunha a fazer, nós conseguimos combater o crime organizado, reduzi a criminalidade significativamente, mas o meu plano principal que era consolidar os avanços contra a corrupção, eu não tive apoio do presidente da República, não tive apoio do Planalto. Chegou um momento que teve uma interferência no Ministério da Justiça, com a qual eu não podia concordar, que era contra o compromisso que eu tinha assumido com o povo brasileiro, e eu resolvi sair. Precisei sair. Não estava lá por cargo, por prestígio, eu estava lá por um projeto. E eu acho que essa história precisa ser contada. Que as pessoas saibam exatamente o que aconteceu durante esse período.

Gilson Aguiar: Da história que o senhor conta e das coisas que aconteceram, e da maneira como elas repercutiram para sua candidatura, tem uma série de poréns e controvérsias que levou o senhor, inclusive, a ser candidato a presidência da República. Durante a operação Lava Jato, a oposição dizia que o senhor fundou um “República” em Curitiba. E que, de certa forma, o senhor estava fazendo uma Justiça à parte. Agora o presidente Lula conseguiu Habeas Corpus pelo próprio Judiciário por essa situação de ter sido parcial com relação ao ex-presidente. Você vai enfrentar ele na campanha. Preparado para isso?

Sérgio Moro: Gilson, eu nunca tive nenhum problema pessoal com o presidente. Eu tinha um problema pessoal com a corrupção, que estava instalada na Petrobras e também em outros ramos do governo. As pessoas sabem a verdade do que aconteceu. A verdade não é uma verdade que precisa vir através de tribunais, uma verdade que precisa vir através de órgãos oficiais. A verdade é que a Petrobras estava sendo saqueada. Roubada. E isso é inegável. A Petrobras reconheceu em 2015 que ela teria perdido, diretamente com suborno, […] R$ 6 bilhões. Criminosos pela primeira vez na história desse País confessaram os seus crimes e devolveram dinheiro. Teve um gerente da Petrobras que devolveu US$ 100 milhões que ele tinha na Suíça. Depois nós fomos vendo vários políticos que tinham recebido dinheiro na Suíça, ou tinham recebido pagamentos ou favores de empreiteiras. Ou seja, os fatos são inegáveis. As pessoas sabem da corrupção que aconteceu na Petrobras. E mesmo antes. Vamos lembrar aqui o STF que julgou o caso do Mensalão. O que o STF falou? Esquema de corrupção, de deputados que visavam dar apoio político ao Partido dos Trabalhadores. Os modelos de corrupção que existiram durante o governo do PT são inegáveis, estão provados. Não é só as palavras de pessoas, testemunhas, são também documentos. Então, as pessoas sabem o que aconteceu e as pessoas sabem quem lutou contra a corrupção. Quem se encontra em cada lado dessa linha divisória, quem defende a corrupção e quem lutou contra a corrupção. E, vejam, com tudo isso que aconteceu, Muitas vezes se diz lá “ah, mas você precisa ter corrupção se não você não consegue governar”. Qual foi o final do governo do PT? Recessão. De 2014 a 2016. As pessoas perdendo emprego. As pessoas tendo dificuldades. Foi a maior recessão da história do País. Ou seja, tudo isso para nada. O que eu acredito, e o livro vou deixar claro também […], o livro pretende ser um relato da história, dos fatos que aconteceram. Nós precisamos recuperar a verdade e as pessoas sabem da verdade, a verdade está dento das pessoas. Elas precisam ser lembradas. Não tenho nenhum problema em ano que vem ter que discutir com o ex-presidente Lula. Posso discutir minha passagem do governo com o atual presidente, porque eu sei o que fiz e eu não nego que eu fiz, mas o que eu fiz foi sempre, e isso eu coloco muito claramente no livro, sempre tentei fazer a coisa certa. Na maior parte das vezes, talvez todas, eu consegui acertar. Só não consegui ir mais adiante porque não tive apoio, no caso durante o Ministério, do presidente da República. 

Gilson Aguiar: Na segunda parte do livro, você fala da sua experiência no Ministério da Justiça, e que a relação do senhor com o Jair Bolsonaro durou pouco tempo. A expectativa era de depois personagens que tinham como principal discurso o combate à corrupção, não fazer a velha política. E aí teve as questões que envolviam a Polícia Federal, a direção da PF e o presidente Jari Bolsonaro, quando o senhor saiu do governo, o senhor foi uma decepção. O que o presidente lhe decepcionou? E quanto ele acusa que o senhor teria barganhado a permanência, aceitar a mudança na PF em troca de uma indicação ao STF. Até onde isso tem de verdade e qual a maior corrupção teve em relação ao presidente?

Sérgio Moro: Como todos os brasileiros em 2018, eu acreditei numa promessa. Mais de 50 milhões de brasileiros votaram no presidente. Escolheram. Para muitos não era a principal escolha, fizeram um segundo turno. Você tinha o PT que não reconhecia os casos de corrupção que ocorreram durante o governo deles e as pessoas não tinham como acreditar naquela proposta. Então, apostaram no presidente. Um pouco controvertido, mas tinha esperança. Da mesma forma, quando eu aceitei, eu entendi que tinha uma chance de dar certo e eu seria responsável se eu recusasse aquele convite e não tentasse contribuir para o País. E fui, progressivamente, me decepcionando. Percebendo, “olha o presidente não apoia a pauta anticorrupção”. E, assim, é muito fácil de perceber.. Tenho um grande respeito pela Polícia Federal, tenho vários amigos na PF, agentes, delegados, peritos, servidores, tenho um grande respeito pela instituição. Mas, […] dá perguntar para os ouvintes: a Polícia Federal, hoje, é a mesma PF da época da Lava Jato? Onde estão as investigações? Onde estão as prisões por casos de corrupção? Onde está este trabalho que nós vimos e tivemos orgulho durante a Operação Lava Jato? Durante meu governo, eu apresentei projeto de lei rigoroso para a gente conseguir melhor a nossa justiça criminal para a gente proteger as pessoas. O que eu podia fazer na parte executiva, eu fiz. Nós, por exemplo, combatemos o crime organizado como nunca se combateu nesse país. Vamos aqui citar o caso das transferências da liderança do PCC para os presídios federais e o isolamento delas, além de várias outras ações. Investimos em mecanismo de investigação modernos […]. Mas, na parte de avanço no combate à corrupção, eu não tive apoio do Planalto. Isso está muito descrito em detalhes no livro. Quando o Planalto resolveu interferir na Polícia Federal, e para mim esse é um valor fundamental, autonomia da PF, polícia é polícia, política é política, as coisas ficam afastadas. Então eu não usava politicamente a PF e não poderia deixar que alguém quisesse fazer isso […]. Quando há essa interferência, era o último motivo que me prendia no governo, proteger a PF […]. Quando o presidente passa por cima de mim, eu saio. Por que eu vou ficar lá? Pelo cargo, para dizer que sou ministro? Não. Eu tenho compromisso com meus princípios, com meus valores e com a população brasileira, que compartilha esses mesmos princípios.

Ouça na CBN Maringá.

Fonte: GMC Online
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