Geral Brasil de Fato

Com mais de 200 observadores internacionais, Venezuela finaliza preparativos para eleições

Por Da Redação

12/11/2021 às 18:13:56 - Atualizado há

O CNE assinou um acordo com a missão europeia, que prevê, entre outras coisas, a não intromissão no resultado do processo eleitoral. Já os parlamentares europeus foram enviados principalmente após pressão de partidos da direita europeia, com destaque para o espanhol Partido Popular, representado por Leopoldo López Gil, pai de Leopoldo López, braço direito de Guaidó.

O vice-presidente do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), Diosdado Cabello denunciou que a missão europeia já teria um informe preparado, "inclusive será base para o discurso de Juan Guaidó daqui pra frente".

Além dos diversos acordos de observação eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela pactou o acompanhamento das eleições com o Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela). Um grupo formado por 50 ex-magistrados eleitorais de toda a região, que está há mais de um mês no país.

Em 15 anos de existência, o Ceela acompanhou 120 processos eleitorais na América Latina e Caribe. Na Venezuela, as missões de observação do Ceela começaram a se formar em 2004.


O parque tecnológico eleitoral venezuelano foi totalmente atualizado em 2020 e em cada eleição, o sistema passa por 16 auditorias / CNE Venezuela

"O sistema eleitoral venezuelano sempre foi excelente, mas as circunstâncias políticas que o país viveu desde a eleição do presidente Chávez fizeram com que muitos atores internacionais e venezuelanos de direita questionassem a transparência do sistema eleitora, isso obrigou o CNE a extremar suas medidas de segurança. Tiveram que incluir uma série de auditorias, assim como aceitar sugestões internacionais", destaca Nicanor Moscoso, presidente do Conselho de Especialistas Eleitorais.

:: O que está acontecendo na Venezuela? Veja cobertura completa ::

Entre as recomendações acatadas pelo CNE está a criação de um protocolo de verificação estatístico das atas manuais dos locais e votação. As atas manuais são utilizadas apenas quando as urnas eletrônicas apresentam falhas, para que possa ser comparada a votação. Casos as atas não passem pelo controle estatístico prévio, serão revisadas pelos diretores nacionais do poder eleitoral. No entanto, Picón destaca "não houve falha nas eleições e simulacros dos últimos anos".

Outra crítica permanente da oposição é a presença de pontos de encontro de campanha do chavismo muito próximos aos locais de votação, algo que o poder eleitoral assegura que irá proibir.

"Possivelmente logo depois de estar 20 anos no poder o governo vai cooptando alguns extratos e tem todas as funções do Estado nas suas mãos e isso lhe dá alguma vantagem no aspecto logístico, mas a logística não manda na mente das pessoas. O fato de estar no governo também significa ser qualificado como bom ou mau", comenta Nicanor Moscoso, ex-presidente do poder eleitoral do Equador.


Com a atualização do registro eleitoral, neste ano 350 mil eleitores irão votar pela primeira vez; em total 21 milhões de venezuelanos estão aptos a votar / CNE Venezuela

Segurança

Para o diretor do CNE, há um consenso na sociedade venezuelana sobre a importância de que as próximas eleições aconteçam sem imprevistos.

O Plano República contará com 350 mil militares em todo o país, ajudando na logística e na segurança dos centros de votação e sedes de empresas estratégicas do país, como a Petróleos de Venezuela (PDVSA) e a estatal de eletricidade Corpoelec.

"Haverá pelo menos 10 efetivos por centro de votação, além das Brigadas Bolivarianas que irão ajudar com as medidas de biossegurança", destaca Picón.

Saiba mais: Venezuela elege novo poder eleitoral e se prepara para eleições regionais

As eleições de novembro são vistas como um termômetro tanto para o governo como para a oposição, já que serão o último processo eleitoral antes das presidenciais de 2024.

Para o chavismo será momento de medir sua popularidade e para os maiores partidos de oposição, o processo representa sua volta contundente às urnas.

"É fundamental que esse processo eleitoral seja exitoso para que junto com a Mesa de Diálogo, que agora está suspensa, mas deve ser retomada logo, possamos relançar a democracia venezuelana, reinstitucionalizar todos os espaços do Estado. Começamos pelo CNE: um acordo político deu lugar a essa nova diretoria", destaca Picón.

:: Entenda os fatores que levaram Guaidó a propor um acordo nacional na Venezuela ::

O engenheiro de sistemas Roberto Picón foi coordenador técnico da Mesa de Unidade Democrática (MUD), antiga aliança opositora que reuniu 33 organizações nas eleições de 2015. Também foi um dos diretores da ONG "Ojo Electoral" (Olho Eleitoral), entre 2005 e 2010, que se converteu no atual Observatório Eleitoral Venezuelano, uma das organizações nacionais acreditadas para acompanhar o processo.

"Acho que a Venezuela está superando muitos obstáculos e isso também podemos notar na imprensa internacional. Todos falam das eleições na Nicarágua, na Argentina, mas ninguém quer falar das mega eleições da Venezuela. Considero que a oposição ganhará muitos cargos e isso lhes dará capacidade logística para disputar os próximos processos eleitorais", comenta Moscoso.

Comunicar erro
Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo
Acompanhantes GoianiaDeusas Do Luxo