Rodrigo Gomes, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM/UFPR), criou e desenvolveu com colegas professores a 1ª Feira de Ciências e Mostra Científica com alunos internos do Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), uma unidade prisional no Espírito Santo, onde o doutorando trabalha. O evento, realizado nesta última semana de outubro, contou com 24 trabalhos elaborados pelos alunos.
O trabalho de pesquisa do Rodrigo é voltado para o ensino de química e de história da ciência no cárcere. Ele procura entender as potencialidades dessas aprendizagens para a ressocialização. “O Brasil tem a 3ª maior população prisional do mundo. ( ) Portanto, oferecer educação para esta população se constitui em grandes desafios, os quais envolvem desde aspectos legais, estruturais, de motivação dos internos, até questões curriculares. Nesse universo de desafios, consideramos que a ciência pode ser uma grande aliada para despertar o interesse dos internos porque, por meio dela, alimentamos o que há de mais primitivo e ao mesmo tempo, talvez de mais bonito e nobre da humanidade: a busca pela compreensão do mundo em que vivemos”, defende a orientadora do trabalho, professora Joanez Aparecida Aires.
Feira de ciências
O evento foi dividido em duas categorias: Mostra Científica (apresentação de experimentos e divulgação de trabalhos já existentes de autoria ou não dos participantes) e Feira de Ciências (projetos inovadores). Os alunos apresentaram trabalhos como produção de hidrogênio a partir da reação com alumínio em hidrólise alcalina, uma máquina de solda de baixo custo, uma bomba de oxigênio, sem uso de energia elétrica e uma chocadeira para aumentar a produtividade em granjas.
“Foi fantástico e com grande potencial formador para todos os envolvidos: alunos internos, professores e pesquisador. ( ) Os depoimentos – tanto dos alunos, das autoridades presentes, bem como do meu orientando – foram contagiantes. Todavia, as mais emocionantes foram dos alunos internos. ( ) Como a fala de um dos alunos internos participantes: "Participar de uma ação como essa é de extrema importância para nós. Vejo como um processo de reeducar e ressocializar. É a ciência que educa, que transforma e liberta o homem da ignorância para o saber. Com projetos assim, sentimos que não estamos esquecidos e existem pessoas que acreditam na nossa mudança"”, finaliza a professora.