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Cuties | Netflix teria manipulado algoritmo para dissipar polêmica sobre filme

Por Da Redação

28/10/2021 às 14:56:02 - Atualizado há

Documentos e registros internos, vazados e publicados na imprensa internacional nesta semana, mostram como a Netflix teria manipulado seus algoritmos de busca e descoberta de conteúdo para dissipar a polêmica envolvendo o lançamento de Lindinhas (Mignonnes, no original em francês, e Cuties na versão americana). O longa chegou à plataforma em setembro de 2020 e, desde antes do lançamento, foi acusado de sexualização infantil, principalmente em uma peça publicitária liberada antes da estreia.

De acordo com o relatório, o filme vencedor do prêmio de Melhor Direção Dramática no Festival de Sundance de 2020 teve sua aparição suprimida em categorias de buscas populares e futuros lançamentos, sendo menos indicado, também, a assinantes que assistiram conteúdo considerado semelhante. Uma pesquisa pela palavra "cute" (fofo, em inglês) também deixou de exibir resultados relacionados ao filme, apesar da similaridade.

Da mesma forma, o serviço de streaming teria trabalhado para que uma busca direta pelo nome do longa não incluísse resultados relacionados a filmes com caráter sexual ou cenas "picantes" disponíveis na plataforma, bem como produções infantis.

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A conclusão é de que houve um esforço para diminuir a presença de Cuties na plataforma após a polêmica surgida antes mesmo de seu lançamento, quando um dos pôsteres divulgados pela empresa mostrava o elenco infantil do filme em poses consideradas sugestivas. Na ocasião, a Netflix pediu desculpas pelo ocorrido e removeu a imagem, afirmando também que ela não representa o que o próprio filme deseja exibir aos espectadores.

Os documentos, publicados pelo The Verge, afirmma que a ideia das mudanças seria reduzir a impressão de que a empresa teria cancelado o lançamento ou tirado o filme do ar, algo que não aconteceu, ao mesmo tempo em que a cobertura jornalística sobre a polêmica seria reduzida. Além disso, a companhia também teria feito uma revisão de todo o seu conteúdo, em busca de outros materiais que poderiam ser considerados inadequados, para que recebessem tratamento semelhante.

Problema previsto

A problemática relacionada a Lindinhas teria começado antes mesmo do lançamento. Tradutores internacionais teriam encontrado dificuldades para traduzir a palavra twerking, usada na sinopse original, com a versão em língua espanhola usando o termo “dança sensual”. Colaboradores envolvidos também teriam ficado desconfortáveis com o uso do pôster que gerou a polêmica, depois que a imagem original foi considerada pouco atrativa pela plataforma.

Grupos internos relacionados a temas sensíveis, principalmente em relação às diferentes culturas regionais, não tinham uma política relacionada à exibição de menores de idade na época do lançamento. A própria diretora, Maïmouna Doucouré (Mamans), nem mesmo teria sido consultada sobre o pôster que gerou a reação, tendo visto ele junto com a imprensa e os próprios assinantes, por meio da internet.

Durante a polêmica, os serviços de atendimento ao consumidor da Netflix teriam recebido mais de 16 mil mensagens de assinantes ou usuários, uma das maiores recepções negativas a um conteúdo ou informação na história da empresa. Eventualmente, porém, a discussão esfriou — ainda que o caso tenha sido encarado de maneira séria pelo serviço, ele não teria resultado em uma queda significativa nos números da companhia.

Pedido de desculpas da Netflix, no Twitter, publicado depois da polêmica envolvendo um pôster de Lindinhas, considerado inapropriado por promover sexualização infantil (Imagem: Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech)

Escrito e dirigido por Maïmouna Doucouré (Mamans), Lindinhas conta a história de uma menina de família muçulmana em conflito entre sua criação tradicional, a cultura da internet e a sexualização de pré-adolescentes. Apesar de este ser, justamente, um dos temas do filme, em sua distribuição pela Netflix, a produção acabou sendo acusada de usar justamente aquilo que o roteiro deseja expor e criticar como uma forma de chamar a atenção dos espectadores, de maneira considerada inapropriada.

Internamente, o caso teria sido comparado ao escândalo da Cambridge Analytica, que atingiu o Facebook e expôs a forma como a rede social direcionava opiniões e discursos. No caso do serviço de streaming, conversas indicavam como a empresa deveria se entender como um conduíte para o conteúdo, tendo de compartilhar a responsabilidade pelos conteúdos disponíveis na plataforma, uma vez que os usuários a utilizam como vetor de acesso.

Em resposta, a Netflix afirmou que o algoritmo de recomendação ajuda os assinantes a encontrar títulos interessantes para assistir, mas que nem todas as produções recebem o mesmo nível de divulgação. A empresa, porém, não falou diretamente sobre as informações do relatório.

Leia a matéria no Canaltech.

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Fonte: Canal Tech
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