Geral dependência

Uso excessivo de redes sociais pode prejudicar saúde mental dos jovens, diz especialista

Por Jornalista Luciana Pombo

23/06/2021 às 15:58:28 - Atualizado há

O ato de ficar horas conectado nas redes sociais ou passar um bom tempo na frente da TV virou quase que rotina para os jovens da atualidade. Em tempos de pandemia, essa conexão com os eletrônicos aumentou ainda mais.

Diversos estudos já indicaram que o uso regular de plataformas como Facebook e Instagram podem ser úteis para conectar pessoas e fazer com que elas recebam apoio social. Além disso, fornecem uma fonte única para quem tem dificuldades com interações face a face.

No entanto, as redes sociais não são tão benéficas assim para alguns indivíduos, principalmente se elas forem utilizadas em excesso. É muito comum que usuários das redes se comparem uns com os outros.

Ademais, há pessoas que afixam pensamentos negativos ou são viciadas em redes sociais. Essas maiores riscos de desenvolver depressão ou ansiedade.

A discussão é antiga mas ganha novos ares em tempos de Covid-19. Pesquisadores das universidades Penn State, nos Estados Unidos, e de Jinan, na China, publicaram um estudo em um jornal acadêmico, em outubro do ano passado.

Segundo a pesquisa, o uso excessivo das redes sociais durante a pandemia pode ter contribuído para que os habitantes da cidade chinesa de Wuhan, primeiro epicentro do coronavírus no mundo, desenvolvessem depressão. No caso, mais da metade dos 320 indivíduos analisados comentaram ter tido sintomas.

O tempo de confinamento imposto pela pandemia também resultou em efeitos catastróficos nos brasileiros. Muitos especialistas alegam que o aumento no número de consultas com profissionais da psicologia e da psiquiatria mostram que o país vive uma nova pandemia: a da saúde mental.

Efeitos negativos da tecnologia na pandemia

Comparação de pessoas umas com as outras não faz bem à saúde mental, diz especialista. Foto: Agência Brasil

De acordo com a psicóloga, advogada e professora da Universidade Positivo, Josy Martins, apesar da pandemia ter imposto uma distância física entre as pessoas, o contato social permanece com o uso das mídias. Por outro lado, o uso maior das redes sociais levantou novas discussões sobre até que ponto essa dependência das plataformas é benéfico para à saúde mental.

“Você acaba fazendo tudo por meio da tecnologia. Computador, celular, tablet… As pessoas que já usavam, começaram a usar mais esse recurso e a gente sabe que isso tem um impacto”, diz

Segundo a professora, o uso das redes sociais passam por dois momentos: o pré-pandêmico e o pós-pandêmico. Antes da Covid-19, muitas pessoas já costumavam fazer comparações umas com as outras e dar retratos – muitas vezes ilusórios – de uma realidade onde todos são felizes.

“A pessoa acaba se colocando em um patamar que não é a realidade. Sabemos que muitas vezes por trás daquela foto de família feliz, tem uma que está brigando”, afirma

A especialista também cita como exemplo a vida dos famosos. Muitas pessoas acompanham o dia a dia das redes sociais de uma personalidade que é admirada. De certa forma, alguns indivíduos costumam retratar no próprio consciente de que aquele retrato na rede social é o ideal. Contudo, a realidade de cada um é diferente e extremamente subjetiva. “A grave do vizinho é sempre mais verde, causando um sofrimento”, explica.

Com a pandemia, comportamentos que antes aconteciam com menos frequência hoje tem sido mais notáveis, principalmente entre os jovens. “Situações de automutilação, ideação suicida, transtornos alimentares por conta desse culto a vida ideal, a imagem ideal”. Josy acrescenta que isso faz com que a preocupação com questões internas e reais do dia a dia diminua consideravelmente.

Além disso, outro efeito da Covid-19 é de que a “a vida inteira se tornou uma rede social”, com isso, a dependência da tecnologia faz com que trabalho e vida privada estejam expostos. Em razão da pandemia, a especialista ponta que outro agravante está no excesso de informação diária.

“Muita coisa acontecendo e muita coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo e isso vai causando angústia”, ressalta

Excesso de informações

Excesso de informações pode causar angústia e ser danoso à saúde mental. Foto: Agência Brasil

De acordo com Josy, o imediatismo e a alta demanda por informações no dia a dia pode resultar em maior superficialidade, já que a atenção das pessoas está cada vez menor. Segundo ela, questões como o déficit de atenção atrapalham o aprendizado de crianças e adolescentes. Afinal, com a tela do computador, é possível abrir a vários sites com diferentes tipos de conteúdo.

Uma dica para chamar à atenção dos jovens é fazer algo curto e que se destaque muito. Essa realidade não vale apenas para crianças e adolescentes, segundo a especialista, o excesso de informações é um problema, mas outro está no fato da superficialidade da maioria delas.

“Não há tempo e muitas pessoas acabam perdendo o interesse com muita facilidade”, diz.

Equilibrar o uso das redes sociais

Mudanças de hábitos com redes sociais podem contribuir para a saúde no dia a dia. Foto: Agência Brasil

Para Josy, o estabelecimento de um rotina pode ajudar crianças e adolescentes a ficarem menos tempo nas redes sociais. Segundo ela, isso pode refletir de maneira direta na vida adulta. Afinal, jovens que foram criados em um contexto mais desorganizado, podem se tornar pessoas com essa mesma característica ao longo do tempo.

Ao elaborar uma rotina para os jovens, os pais devem pensar em algo flexível para que atividades possam ser incluídas no cronograma. Entre as questões que podem ser estabelecidas estão a limitação do tempo de uso das redes sociais.

“Estabelecer momentos para que a criança ou o adolescente não fique muito tempo conectado”, diz

No caso das atividades escolares remotas, os pais devem acompanhar o desempenho dos filhos e bloquear possíveis distrações. No computador, as crianças e adolescentes podem estar acessando a vários sites ao mesmo tempo, o que pode representar uma distração. “Fica muito fácil tirar o foco, tem que minimamente cuidar para que a criança esteja focada”, afirma.

Segundo a especialista, os jovens precisam ter um tempo para brincar, estudar e ter um momento para a família. Para Josy, é importante colocar limites de horário para algumas atividades. No caso das refeições, ela sugere que tudo seja feito sem equipamentos eletrônicos.

“A ideia é ter esses momentos de olhar para o mundo real e estar no mundo real também”, afirma

Adultos precisam dar o exemplo

Adultos também devem organizar rotina e dar exemplo para as crianças. Foto: Pixabay

De acordo com a psicóloga, os pais não devem apenas ficar de olho no que os jovens estão fazendo, mas também devem estabelecer uma rotina para si mesmos. “Não adianta você proibir se você está conectado nas redes sociais”, diz. Josy acrescenta que as crianças podem observar comportamentos dos pais e replicá-los no futuro.

A especialista destaca que o momento de “desligar” das redes sociais é necessário para todo mundo, não apenas para os jovens. Ela aponta que a pandemia impôs uma dependência muito maior da tecnologia, o que faz com que as pessoas verbalizem muito menos. “Olhar para uma pessoa e falar com ela tem uma compreensão bem diferente de quando você escreve, afirma.

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