PolĂ­cia Justiça

País tem 7 mil assassinatos e 45 mil estupros de crianças e adolescentes por ano

Por Notícias Ao Minuto

22/10/2021 às 18:10:29 - Atualizado hĂĄ
Notícias Ao Minuto

O estudo diz que a violĂȘncia ocorre de formas variadas, conforme a faixa etĂĄria da vĂ­tima. Crianças morrem na maior parte das vezes em decorrĂȘncia de violĂȘncia doméstica, cujo autor é conhecido, como um pai ou um padrasto. Um caso de grande repercussão neste ano foi a morte de Henry Borel, de quatro anos. O namorado da mãe do garoto, o ex-vereador do Rio conhecido como Dr. Jairinho, foi preso acusado do crime - ele nega.

No ano passado, 300 menores de até nove anos de idade foram mortos de forma violenta no PaĂ­s. Foi praticamente um caso por dia, boa parte deles dentro da própria casa. O mesmo vale para a violĂȘncia sexual, em geral também cometida dentro de casa por pessoas próximas. JĂĄ os adolescentes, que representam a maioria das vĂ­timas, são mortos majoritariamente na rua. São vĂ­timas, apontam os pesquisadores, da violĂȘncia armada e do racismo. O estudo também destaca a alta proporção de jovens mortos durante intervenções policiais.

"A violĂȘncia doméstica é um crime contra a infância. A violĂȘncia urbana é um crime contra a adolescĂȘncia, que atinge principalmente meninos negros", diferencia Florence Bauer, representante no Brasil da Unicef. "Embora sejam fenômenos complementares e simultâneos, é crucial entendĂȘ-los também em suas diferenças para desenhar polĂ­ticas pĂșblicas efetivas de prevenção e resposta às violĂȘncias", acrescenta ela.

A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança PĂșblica, Samira Bueno, afirma que a violĂȘncia contra crianças e adolescentes é um problema grave, que precisa ser cada vez mais discutido por nossa sociedade. "São vĂ­timas dentro de suas próprias casas enquanto são pequenas e sofrem com a violĂȘncia nas ruas quando chegam à pré-adolescĂȘncia", diz ela. "O poder pĂșblico precisa encarar a questão com seriedade e evitar que mais vidas sejam perdidas a cada ano."

O trabalho é uma anĂĄlise inédita dos boletins de ocorrĂȘncia das 27 unidades da Federação registrados nos Ășltimos cinco anos. Abrange mortes violentas intencionais (homicĂ­dio doloso, feminicĂ­dio, latrocĂ­nio, lesão corporal seguida de morte, mortes decorrentes de intervenção policial) e a violĂȘncia sexual contra crianças e adolescentes.

Entre 2016 e o ano passado foram identificadas 35.626 mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade no Brasil. Isso corresponde a uma média de 7,1 mil mortes violentas por ano. São cerca de 20 por dia.

A maioria das vĂ­timas de mortes violentas neste perĂ­odo era de adolescentes; 31 mil casos estavam na faixa etĂĄria de 15 a 19 anos. Entretanto, no mesmo perĂ­odo, foram identificadas pelo menos 1.449 mortes violentas de crianças de até nove anos de idade. O nĂșmero dessas mortes vem aumentando desde 2016, chegando a 300 crianças em 2020.

Olhando apenas para a primeira infância (até quatro anos), os dados são ainda mais preocupantes. Nos dezoito Estados que dispunham dos dados completos para o perĂ­odo, as mortes violentas de crianças de até quatro anos aumentaram 89% de 2016 a 2020. Passaram de 121 casos para 229.

O aumento foi puxado pelo crescimento do nĂșmero de mortes por arma de fogo nessa faixa etĂĄria, que triplicaram nesse perĂ­odo. Foram de 28 para 85. Nos Ășltimos anos, o governo Jair Bolsonaro tem flexibilizado o acesso a armas de fogo para civis, sob o argumento de ampliar as oportunidades de legĂ­tima defesa aos cidadãos. Especialistas criticam a polĂ­tica e apontam riscos de aumento da mortalidade com mais armas em circulação.

Entre as crianças de até nove anos mortas de forma violenta, 44% eram brancas; 33% eram meninas. Do total, 40% morreram dentro de casa; quase metade (46%) perdeu a vida por causa do uso de arma de fogo; e 28% pelo uso de armas brancas ou agressão fĂ­sica.

Meninos negros lideram nĂșmeros de vĂ­timas jovens de homicĂ­dio

Em todas as idades, as principais vĂ­timas de mortes violentas são os meninos negros. O perfil, no entanto, se intensifica ainda mais na adolescĂȘncia. Para os meninos, a faixa etĂĄria dos 10 aos 14 anos marca a transição da violĂȘncia doméstica para a prevalĂȘncia da violĂȘncia urbana. Nesta idade, começam a predominar mortes fora de casa, por arma de fogo e por autores desconhecidos.

Quando os adolescentes chegam à faixa etĂĄria de 15 a 19 anos, essa transição no perfil da violĂȘncia letal estĂĄ consolidada. As mortes violentas tĂȘm alvo especĂ­fico: mais de 90% das vĂ­timas são meninos, e 80% são negros. Esses meninos, pretos e pardos, morrem fora de casa, por armas de fogo. Em uma proporção significativa, são vĂ­timas de intervenção policial.

Em 2020, nos 24 Estados em que hĂĄ dados (exceções são Bahia, Distrito Federal e GoiĂĄs), um total de 787 óbitos de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos foram identificadas como "Mortes Decorrentes de Intervenção Policial". Esse nĂșmero representa 15% do total das mortes violentas intencionais nessa faixa etĂĄria, e indica uma média de mais de duas mortes por dia no PaĂ­s.

ViolĂȘncia sexual

A violĂȘncia sexual é um crime que acontece prioritariamente na infância e no inĂ­cio da adolescĂȘncia. Por causa de problemas com os dados de 2016, a anĂĄlise desses registros refere-se ao perĂ­odo entre 2017 e 2020. Nesses quatro anos, foram registrados 179.277 casos de estupro ou estupro de vulnerĂĄvel com vĂ­timas de até 19 anos. É uma média de quase 45 mil casos por ano. Crianças de até 10 anos representam 62 mil das vĂ­timas nesses quatro anos - ou seja, um terço do total.

A maioria das vĂ­timas de violĂȘncia sexual é menina - quase 80%. Para elas, um nĂșmero muito alto de casos envolve vĂ­timas entre 10 e 14 anos de idade, sendo 13 anos a idade mais frequente. Para os meninos, o crime se concentra na infância, especialmente entre 3 e 9 anos de idade. A maioria dos casos de violĂȘncia sexual contra meninas e meninos ocorre na residĂȘncia da vĂ­tima. Para os casos em que hĂĄ informações sobre a autoria dos crimes, 86% dos autores eram conhecidos.

De acordo com especialistas, a pandemia representou um risco ainda maior para esse tipo de crime. Com as crianças longe da escola e em um convĂ­vio social mais restrito, diminuem as chances de que sejam notados os sinais de abuso e o crime, denunciado.


Fonte: NotĂ­cias Ao Minuto
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