PolĂ­tica GenocĂ­dio

Bolsonaro poderá ser denunciado na ONU por crime de extermínio durante a pandemia

Por Brasil de Fato

02/10/2021 às 11:30:54 - Atualizado hĂĄ

Preocupada com a atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia de covid-19, organizações da sociedade civil trabalham na identificação, documentação e sistematização de situações de violação do direito humano à saĂșde no contexto da pandemia no Brasil.

O trabalho, que serĂĄ formatado em um documento-denĂșncia, indica que o presidente Jair Bolsonaro pode ser processado por crime de extermĂ­nio, diante das provas e evidĂȘncias de omissão no enfrentamento da pandemia.

"Temos certeza que o conjunto de provas, testemunhos e evidĂȘncias que coletamos neste dossiĂȘ são uma demonstração que o presidente Bolsonaro e seus associados tĂȘm que ser chamados à responsabilidade pelos crimes cometidos. Estamos considerando incorporar o crime de extermĂ­nio a lista de imputações a ser encaminhada a Corte Penal Internacional, conforme interpretação provida pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia", diz o médico FlĂĄvio Valente, pesquisador encarregado de elaborar o documento.

O levantamento toma como referĂȘncia os normativos internacionais das quais o Brasil é signatĂĄrio e os mecanismos disponĂ­veis no sistema global e regional de direitos humanos.

Uma prévia desse levantamento foi apresentada na Ășltima quinta-feira (30) durante atividade paralela no 48Âș perĂ­odo de sessões do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), realizado em Genebra, na SuĂ­ça.

Após ser concluĂ­da, a denĂșncia deve ser apresentada em organismos internacionais como a própria ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Tribunal Penal Internacional. No Brasil, o trabalho também serĂĄ apresentado às autoridades, incluindo os senadores integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia. Uma reunião sobre o assunto estĂĄ prevista para a próxima terça-feira (5).

"Este documento-denĂșncia faz uma anĂĄlise cuidadosa e exaustiva das ações das autoridades sanitĂĄrias, diretamente responsĂĄveis pela gestão do enfrentamento da covid-19, bem como das autoridades que colaboraram direta ou indiretamente para que a magnitude da tragédia chegasse ao ponto que chegou, identificando as mĂșltiplas violações dos direitos à saĂșde e a vida, e direitos humanos correlatos de milhões de seres humanos, pelo estado brasileiro, claramente sob o comando do Presidente da RepĂșblica", explica Valente.

O trabalho técnico é uma iniciativa da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) em conjunto com a Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH) e como parte de um acordo celebrado com a Organização Pan-Americana da SaĂșde (OPAS).

Os principais interlocutores institucionais do trabalho são o Conselho Nacional de SaĂșde (CNS) e o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), entidades que também participaram o evento paralelo da ONU.


Situações de violação do direito humano à saĂșde no contexto da pandemia no Brasil serão levadas à ONU / Foto: Giorgia Prates

O levantamento apresentado por Valente durante a sessão na ONU mostra que houve violações a dispositivos nacionais e internacionais de direitos humanos, incluindo, por exemplo, o Pacto Internacional de Direitos Civis.

A omissão do Estado na condução do enfrentamento à pandemia resultou em uma mortalidade de 4 a 5 vezes maior do que a média mundial, o que significa que quatro a cada cinco mortes poderiam ter sido evitadas se o paĂ­s estivesse na média mundial em termos de combate à doença.

Este trabalho jĂĄ havia sido feito pelo epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Estima-se que 467.093 mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil.

"Ao contrĂĄrio do esperado, o governo federal, sob a liderança explĂ­cita do Presidente da RepĂșblica, não só ignorou a evidĂȘncia gerada pelo que vinha ocorrendo em outros paĂ­ses, não adotando as medidas necessĂĄrias, bem como passou a questionar, contestar e criticar publicamente as informações produzidas pela comunidade cientĂ­fica nacional e internacional, endossadas pela OMS. Além disto, o presidente deixou de exercer a governança antecipatória e desenvolveu uma verdadeira campanha de desinformação, descaracterizando a pandemia como uma 'gripezinha' e o uso da mĂĄscara como coisa de 'covardes' e, pejorativamente, coisa de 'maricas'. Além de ter promovido uso de medicações não eficazes como principal ação de enfrentamento", aponta um trecho do documento apresentado pelas entidades na ONU.

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