Uma lista com 14 nomes foi apresentada nesta sexta-feira (18) pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL). Inicialmente tratadas como testemunhas, agora, elas passam a ser investigadas. Na relação estão o ministro da SaĂșde, Marcelo Queiroga, os ex-ministros Eduardo Pazuello (SaĂșde) e Ernesto AraĂșjo (das Relações Exteriores) e o ex-secretĂĄrio de Comunicação Social da PresidĂȘncia da RepĂșblica Fabio Wajngarten.
Em entrevista coletiva hoje, Calheiros avaliou que a CPI tem feito sua parte. Segundo ele, os critérios para tornar essas pessoas investigadas é o fato "de elas jĂĄ terem prestado depoimento à CPI". No entendimento do relator, a mudança é positiva para a segurança jurĂdica do próprio investigado. "A partir da declaração dessa condição, ele passa a ter acesso a informações e acesso às provas e indĂcios que estão sendo juntados na investigação", afirmou.
Na prĂĄtica, a mudança permite que os citados constem na lista de indiciados pela comissão, ao fim dos depoimentos, quando uma denĂșncia deverĂĄ ser feita ao Ministério PĂșblico. Na condição de investigados, a CPI poderĂĄ também aprovar quebra de sigilos e operações de busca e apreensão em endereços ligados a eles.
Veja a lista completa dos investigados:
Marcelo Queiroga (ministro da SaĂșde);
Eduardo Pazuello (ex-ministro da SaĂșde);
Ernesto AraĂșjo (ex-ministro de Relações Exteriores);
FĂĄbio Wajngarten (ex-secretĂĄrio de Comunicação Social);
Mayra Pinheiro (secretĂĄria de Gestão do Trabalho do Ministério da SaĂșde);
Nise Yamaguchi (médica);
Paolo Zanotto (médico);
Carlos Wizard (empresĂĄrio);
Arthur Weintraub (ex-assessor especial da PresidĂȘncia da RepĂșblica);
Francieli Fantinato (coordenadora do Programa Nacional de Imunização);
Marcellus CampĂȘlo (ex-secretĂĄrio de SaĂșde do Amazonas);
Elcio Franco (ex-secretĂĄrio executivo do Ministério da SaĂșde);
Elio Angotti Neto (secretĂĄrio do Ministério da SaĂșde);
Luciano Dias Azevedo (médico)
Dos nomes que compõem a lista seis ainda não prestaram depoimento à comissão Francieli, Weintraub, Wizard, Zanotto, Angotti Neto e Luciano Dias Azevedo. Com exceção desse Ășltimo nome, todos os outros jĂĄ tiveram pedidos de convocação aprovados.
Nesta sexta-feira, em uma sessão bastante esvaziada por senadores de oposição, os médicos Francisco Cardoso Alves e Ricardo Ariel Zimerman prestam depoimento. Convidados a depor por senadores governistas, eles iniciaram suas falas defendendo a autonomia dos médicos para aplicar medicamentos, sem comprovação cientĂfica, em pacientes de covid-19.
Por causa da posição dos médicos, de defesa ao tratamento precoce, o relator da CPI se recusou a fazer perguntas aos infectologistas e deixou a reunião. "Com todo respeito, mas eu me recuso a fazer qualquer pergunta aos depoentes. Não dĂĄ para continuar nesta situação", disse.
"Dois pesos, duas medidas. Aqui tem médicos. A doutora NatĂĄlia [Pasternak] não tratou nenhum paciente", disse o senador sobre a pesquisadora que prestou depoimento na semana passada à CPI. "Não tem o que perguntar porque não te interessa. O tratamento [precoce] que Vossa ExcelĂȘncia e muitos outros negam", disse o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) ao relator.
O vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues ( Rede-AP), também não estĂĄ presente na reunião de hoje.