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Elas fazem o próprio padrão: mulheres empoderadas que batem de frente com a gordofobia

Liberdade e amor próprio

Por Revista Cenarium

30/08/2021 às 21:34:31 - Atualizado há


Para Karina, o grande segredo para se impor em uma sociedade "mergulhada nos padrões" impostos pela mídia é não tomar para si as palavras e gestos ofensivos do outro. Na avaliação da modelo plus size, as ofensas têm muito mais a dizer sobre quem ofende do que sobre o ofendido.

"Eu acredito que o caminho para não se abater pela prática da gordofobia é o autocuidado e não tomar pra si o que falam, pois a partir do momento que você entende que não importa o corpo que você tenha, sempre vão falar porque a sociedade é envolta de velhos conceitos, tudo vai mudar na sua vida", explica.

Empresária do ramo da moda, Karina administra uma loja voltada ao público plus size e vê no empreendimento uma forma de usar a moda para lutar contra a gordofobia. "Há oito ano trabalho atendendo essa público e afirmo, não é apenas venda de roupas, é autoestima, prazer, empoderamento e quebra da tabus. A mesma roupa da moda que tem para uma mulher magra pode ter para uma gorda sim e fica belo também", enfatiza a empreendedora.

Na leitura de Karina, o comportamento das mulheres com índice de massa corpórea acima da média têm mudado ao longo dos anos. Aos poucos, elas têm entendido que não é preciso estar dentro de um padrão para se sentir bem e bonita, seja no cotidiano, usando uma roupa de festa ou em um biquíni mais ousado. "A sociedade precisa entender que ser gordo não necessariamente indica doença e ser magro não é sinônimo de saúde", declarou.

Mulheres estão mais sujeitas a gordofobia do que os homens (Reprodução/ Ludmilla Moreira)


"Ela me escondia por eu ser gorda"

Assim como Karina, a advogada Thais Mércure, de 28 anos, compartilha conosco parte da realidade já vivida por conta da gordofobia. A advogada além de enfrentar a homofobia por ser lésbica, passou por um caso de gordofobia dentro do próprio relacionamento que marcou sua memória.

"Basicamente eu estava saindo com uma moça, em 2018. Até aí tudo bem, porém, ela só queria sair comigo escondida. Não publicava fotos nem stories e (pasme) não queria que eu publicasse também. Ela não queria ser vista comigo. De tempos em tempos ela sumia e aparecia. E quando queria me ver, tinha que ser escondido dos amigos. Eu sofri, mas logo entendi que alguém com esse tipo de mentalidade só poderia ser alguém digno de indiferença", relembra Thais.

Atualmente, quando o assunto é beleza, Thais conta que enxerga o tema com mais leveza e aceitação. "Me aceito bem mais do que antes, claro que ainda tenho muitas inseguranças. É difícil se gostar quando todos fazem você se sentir feia. Todos os dias vemos na televisão, na internet, imagens de mulheres padrão exibindo seus corpos magros e a gente se pergunta como podemos nos achar bonitas se não existem gordas nas capas de revista?" questiona Thais.

Para a advogada, o apoio e incentivo é fundamental nesse processo de desconstrução e reconstrução de conceitos. "Eu ainda passo por esse conflito, mas lido com muito mais carinho hoje com meu corpo do que antes. Minha namorada me passa muito amor e confiança. É isso que importa, sigamos sendo nos mesmas e sendo felizes", conclui.

Referências

A rede social, por vezes, tóxicas para esta parcela da população, também foi instrumento para deixar em evidência figuras que falam, encorajam e empoderam outras mulheres gordas ou insatisfeitas por não se encaixarem no padrão quase inalcançável proposto pela indústria da beleza, mídia e mercado.

Nomes como o da dançarina Thais Carla, da escritora, jornalista e youtuber Alexandra Gurgel e a influenciadora digital Polly Oliveira já viraram referência e inspiração para mulheres que buscam conteúdos de valor e dicas sobre autoestima e quebra de tabus.

Com talento para a dança e com postagens que fazem sucesso no Instagram, Thais Carla levanta a bandeira da mulher ocupar todos os espaços da sociedade. "Quem disse que mulher gorda não pode estar no topo? Alguma vez já te disseram que mulheres gordas não poderiam ser bem-sucedidas? Por aqui, seguimos ocupando todos os espaços – inclusive, muito espaço – como mulher gorda empoderada, empresária, bailarina, dona de si, que gerencia a própria vida, uma empresa de lingerie e produtos sexy e o próprio destino" postou Thais.

"Pare de Se Odiar" é o livro escrito por Alexandra Gurgel. Na obra, Alexandra a aborda a pauta da gordofobia e relata a insatisfação com o próprio corpo. Em entrevista ao site Dona Gente, a jornalista afirma que todos de alguma forma têm insatisfações com o próprio corpo e dispara: " O livro é para todo mundo que tiver um corpo. Porque provavelmente você tem alguma insatisfação com o seu corpo", diz a escritora que completa "Amar o próprio corpo é um ato revolucionário".

Influenciadora digital Polly Oliveira (Reprodução/ Instagram)


A influenciadora Polly Oliveira alimenta a rede social promovendo constantes reflexões sobre o assunto. Ela considera que gordofobia não é uma luta de pessoas gordas, mas uma luta maior e social.

"Neguei a história do meu corpo e a forma como ele sobreviveu pra contá-la. Esse é o "meu" processo de aceitação da "minha" história, esse é o meu processo de enfrentamento a está sociedade que me adoeceu tanto, mostrando quem sou, inclusive, mostrando quando tento por um segundo apenas ser quem eu não sou. Por que fizeram isso com a gente? É apenas um corpo existindo, com seus sinais, pelos, pele, marcas, manchas e tudo mais que o fez chegar até aqui", postou Polly, em seu Instagram, em reflexão à gordofobia.

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